A lealdade que importa é ao povo. Por Nilson Lage

POR  · 04/08/2018


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Acredito que, empolgadas com as porfias partidárias, as pessoas não estão se dando conta da natureza plebiscitária e da gravidade da escolha que se propõe nas eleições de outubro.
Bolsonaro é, de fato, um espantalho – não um Trump ou um Hitler: apenas um vazio de ideias, cujo único apoio leal é de um grupo de saudosos, não exatamente da ditadura militar, mas da face mais sombria dela. Honestamente, seria um tiro no escuro: não creio que se sustente.
Alckmin é diferente: é pior. Sabe o que faz, ou não faz. Prosseguirá com a liquidação do país na maior calma, cuidando de construir uma base política tão estúpida quando aquela de São Paulo, prestes a escolher para governar o Estado um pelego do sindicalismo patronal ou um picareta que fez fortuna tomando dinheiro dos ricos.
“Vós que entrais, deixai toda esperança”, escreveu Dante no portal do Inferno.

Naturalmente, para impedir tal desgraça, vale formar qualquer aliança viável e a única aliança viável é aquela que tenha por ícone a figura de Lula. Não é por preferência: é um dado da realidade que as pesquisas apontam e qualquer um vê. Em termos de imagem, perto dele, os outros que se propõem a ocupar o espaço que o povo atribuiu a ele são anões.
Claro que uma aliança, a essa altura, vai magoar mil gentes. Terá cheiro de traição. Será desleal com velhos companheiros.
A lealdade que importa, no caso, é com o povo.
Os companheiros, afinal, almoçam, jantam, têm lá seus empregos, aposentadorias ou sinecuras. Podem se bandear para o outro lado ou criar um partido de perfil diferente vestido de pureza ideológica, emigrar.
O povo não tem essa escolha.

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