Pós-verdade e Fake News são notícias falsas para colocar jornalistas hipsters "na linha"

por Wilson Roberto Vieira Ferreira - no Cinegnose - 21/07/2018

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Diretores, presidentes e executivos da grande imprensa e associações jornalísticas, historicamente sempre avessos às “teorizações” da área acadêmica, de repente passaram a participar ativamente de congressos e simpósios sobre jornalismo investigativo, ciberjornalismo e jornalismo online. Para repercutirem não só junto a pesquisadores, mas também clientes, profissionais e líderes de opinião a já extensa lista de livros e artigos sobre o fenômeno da “pós-verdade” e das “fake news”. Para provar como a supremacia da verdade deixou de existir no debate público atual. E os vilões: Internet, blogs, redes sociais. Por que esse repentino esforço profissional-acadêmico para dar um ar de novidade a um fenômeno tão velho quanto a própria história do Jornalismo? A necessidade em dar verniz científico para noções retóricas de “pós-verdade” e “fake news” através de um velho macete de engenharia de opinião pública: publicação de artigos científicos e livros. Conferir verossimilhança a uma agenda que traz lucros para a grande mídia: transformar jornalismo investigativo em “checagem”, colocar os jornalistas hipsters “na linha”, sentados, sem ir a campo. E com desdobramentos mercadológicos: monopólio e censura da concorrência no mercado de notícias.

O Jornalismo sempre teve relações pouco amistosas com o mundo acadêmico. Principalmente em relação ao campo do ensino e pesquisa na área da Comunicação. Do ponto de vista das redações, o mundo acadêmico sempre foi tido como “distante da prática”. Professores e pesquisadores eram acusados pelos jornalistas de não vivenciarem a prática profissional – “muita teoria para pouca prática”, era a opinião corrente entre profissionais.

Enquanto isso, nas salas de aula, alunos impacientemente aguardavam as disciplinas “práticas”, ao se defrontarem com matérias como Teoria da Comunicação, Literatura, Comunicação Comparada e assim por diante.

Mas repentinamente, empresas jornalísticas começaram a se aproximar da pesquisa acadêmica da área através de Congressos ou Simpósios em temas como Jornalismo Investigativo, Jornalismo Online, Ciberjornalismo etc. Sem falar na variedade de artigos resultantes desses eventos escritos, surpreendentemente, por jornalistas profissionais (diretores-executivos ou presidentes de Associações, Jornais ou grupos empresariais) que no passado eram avesso a qualquer tipo de produção textual para finalidades acadêmicas em revistas ou anais.

E com outra novidade: publicações científicas voltadas agora não exclusivamente para o leitor acadêmico, mas também para clientes, profissionais, jornalistas e líderes de opinião.

Nesses eventos e suas publicações decorrentes, dois temas monopolizam as discussões: “pós-verdade” e “fake news”. 



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