Estrangeiros de olho na Raspadinha: mais um pedaço do Brasil sendo vendido?
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) realiza o leilão da Loteria Instantânea Exclusiva (pupularmente conhecida como Raspadinha). A Sputnik Brasil conversou com o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (FENAE), pra saber quem lucra com a exploração da Lotex.
O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (FENAE), em entrevista à Sputnik Brasil, comentou que o primeiro o problema que levanta suspeitas é o impedimento da Caixa de participar do leilão.
FOTOS PÚBLICAS / RAFAEL NEDDERMEYER
"A forma com que o governo e os órgãos competentes querem fazer é prejudicial à sociedade brasileira. Primeiro, hoje, nas loterias existentes que a Caixa administra já há vários anos, você tem 35% da arrecadação que é distribuída para os programas sociais — saúde, sistema previdenciário, transporte —, que recevem cerca de 37% do valor arrecadado", explica.
Ele destaca que "na proposta para a nova loteria, você só distribúi 15% do valor arrecadado".
Jair Pedro também questiona por que o governo tirou da Caixa o poder de participar do processo, pois, segundo ele, quando a lei foi criada, a Caixa participaria, "tendo parte ou coordenando o processo, até porque ela tem toda a tecnologia e ela executa todas as outras loterias sem nenhum problema, com toda a transparência possível, toda a segurança possível".
"O segundo problema, que é o pior, é que você começa a privatização. Uma vez que você vende e vem o investidor de fora, você certamente mais na frente vai entregar as outras [loterias], porque esse é o grande objetivo das empresas que trabalham com loteria no mundo", argumentou o presidente da FENAE.
Quatro das maiores empresas de loteria do mundo – a britânica IGT, a americana Scientific Games, Tactics e a grega Intralot – demonstraram ao Governo a intenção de participar da operação de venda da Lotex – Loteria Instantânea Exclusiva. Mas as companhias teriam desistido de participar do leilão pelo alto valor que teriam que pagar ao Estado brasileiro, um total de 542 milhões de reais. No entanto, de acordo com o presidente da FENAE, a desistência das empresas é uma estratégia para renegociar e baixaro o valor de contrapartida ao Estado brasileiro.
Jair Pedro destacou que a Caixa é uma empresa pública 100% do Estado, portanto não precisa trabalhar com margem de lucro dos acionistas, pois o acionista é o próprio Estado, "então qualquer rentabilidade que se tem, você acaba repassando ao Tesouro, e isso pra gente é fundamental".
Ele frisou que com a venda Lotex, o lucro com a transação certamente seria da empresa que vem de fora.
"A nossa defesa de que a Caixa pode explorar ou no mínimo tem que participar, primeiro que dá segurança e transparência e o Estado brasileiro que faça esse controle", completou.
No Brasil esse mercado gira em torno de 3 ou 4 bilhões de dólares ao ano. O período de concessão para a exploração das loterias será de 15 a 25 anos.
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