Brasil é refém de Parente, não dos caminhoneiros. Por Mauro Lopes
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Enquanto o Brasil está virado do avesso com a crise da paralisação dos caminhoneiros por causa do preço do diesel muito acima do preço internacional do produto (56% acima) e a população amarga a segunda gasolina mais cara do mundo, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, passou algumas horas desta quinta (24) acalmando grandes "investidores", acionistas da empresa. Numa conferência privada com representantes destes investidores, basicamente bancos, grandes empresas e fundos de investimentos de multimilionários, Parente garantiu que são eles a prioridade de sua gestão à frente da Petrobras (aqui).
Na reunião, Parente comportou-se como se fosse presidente de uma grande empresa privada prestando contas a seus patrões, os "investidores/acionistas". Assegurou que sua ação é "no melhor interesse da empresa", que se o governo quiser dar qualquer tipo de subsídio no preço do óleo diesel terá que reembolsar a Petrobras e formalizar o procedimento por contrato. Finalmente, procurou tranquilizar o grupo afirmando que a redução no preço do diesel foi uma exceção, que não se repetirá e que ele continuará como presidente da Petrobras.
Na manhã desta sexta, o braço direito de Temer, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse Parente é o nome do governo na empresa. Assegurou (com os olhos voltados para os "investidores" que será mantida a política de preços da Petrobras, que vincula seus reajustes à variação do dólar e da cotação do petróleo no mercado internacional, com objetivo de assegurar gordos lucros aos mesmos "investidores" (aqui).
Da mesma maneira, Temer fez um "pronunciamento à Nação", no início da tarde, garantindo que o Exército será mobilizado para que a Petrobras continue a serviço dos "investidores". Enquanto isso, os aeroportos estão em colapso, as cidades estão em estado de emergência, hospitais, supermercados e farmácias quase sem conseguir funcionar, ônibus e carros recolhidos às garagens por falta de combustível.
Pedro Parente foi conduzido à presidência da Petrobras logo depois da deposição de Dilma, indicado por Fernando Henrique Cardoso e como um nome de consenso dos golpistas. O objetivo era colocar a maior empresa do país de joelhos, a serviço dos ricos -os "investidores"- e entregar o maior patrimônio do país, o pré-sal, a preço de banana para os grandes grupos petroleiros internacionais. A gestão de Pedro Parente à frente da Petrobras tem sido ruinosa para o país e a empresa, que de fato tornou-se servidora dos interesses dos "investidores" e das grandes empresas petroleiras do mundo.
A dimensão da conduta dos golpistas na Petrobras, que pode ser qualificada como criminosa, foi assinalada pelo PT em nota emitida na manhã desta sexta e assinada por sua presidente, Gleisi Hoffmann, e pelos líderes do partido no Senado, Lindbergh Farias, e na Câmara, Paulo Pimenta:
"Além disso, a direção entreguista da Petrobras reduziu em cerca de 30% a produção de combustíveis em nossas refinarias, abrindo o imenso mercado brasileiro para a importação de combustíveis. Nossas importações de derivados norte-americanos subiram de 41% para 82%. Estamos exportando óleo cru, ao invés de refiná-lo aqui mesmo, e comprando combustível mais caro no estrangeiro, que muitas vezes é produzido a partir do nosso petróleo. É uma estratégia suicida, que visa a atrair investidores para a privatização da Petrobras. Um crime contra a economia popular e contra a soberania nacional."
Em vez de reverter a política de liquidação da Petrobras que levou o país ao caos, Temer e Parente garantem aos "investidores": farão o necessário para preservar os interesses deles, inclusive colocar o Exército nas ruas contra os caminhoneiros e contra quem mais ousar levantar a cabeça. Temer e Parente são os inimigos do povo Brasileiro e mantêm o país como refém, não os caminhoneiros.
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