Carlos Hetzel: Boeing-Embraer, o cavalo de troia da aviação que vai entregar aos Estados Unidos toda a tecnologia nacional de defesa

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BOEING E EMBRAER – O CAVALO DE TROIA DA AVIAÇÃO
Em artigo que escrevi recentemente, informei que a venda da Eletrobrás representa um grande jogo e que, por trás, estaria a entrega da maior infraestrutura de telecomunicações ópticas por OPGW da América.
Neste momento trago uma nova informação que acredito ser tanto ou mais agressiva e problemática para a Soberania Nacional: a já anunciada
venda da Embraer para a multinacional estadunidense, Boeing.

Em relação à parceria comercial, acredito que seja vantajoso para as duas empresas, visto que seria aberto “novas portas” em mercados hoje fechados, tanto para a multinacional, como para a Embraer.
O problema é que a multinacional Boeing poderá deter o capital majoritário, permitindo o acesso irrestrito a todas as atividades de desenvolvimento e inovação da Embraer. Terá o domínio de tecnologias críticas, de conteúdos tecnológicos e industriais nacionais.
Além das tecnologias da divisão de aeronaves, setor responsável pela maior fatia do faturamento bruto da empresa, poderá ter o “poder de mando” sobre um setor vital para a Segurança Nacional, a Embraer Defesa & Segurança (EDS).
Explico.
A Embraer-EDS é responsável por vários projetos imprescindíveis e estratégicos para as Força Armadas.
No exército, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras — o  projeto SISFRON.
Ele exerce vigilância e proteção das fronteiras terrestres do país, alcançando atualmente 650 quilômetros (Projeto piloto), mas que, na fase final ,chegará a 16.886 quilômetros, faixa fronteiriça que separa o Brasil de 11 países vizinhos, compreendido em dez estados da Federação.
Ou seja, praticamente 30% de todo território nacional terá segurança de alto nível, através de diversos equipamentos, entre eles, radares (fixos e móveis), câmeras de longo alcance e sensores óticos.
É bom salientar que se trata de área responsável pela entrada da maior quantidade de armas, drogas e contrabando em geral, que hoje têm papel fundamental no “estado de guerra civil” em que se encontram diversos estados brasileiros.
Na área de satélites, temos a Visiona Tecnologia Espacial, empresa brasileira integradora de sistemas espaciais.
Criada por iniciativa do governo brasileiro em 2012, é responsável pela aquisição do satélite brasileiro SGDC -1,   que objetiva atender às diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (PNDAE) e da Estratégia Nacional de Defesa (END).
É uma joint-venture entre a Telebrás, com 49% do capital, e a Embraer, detentora de 51%.
Na Força Aérea Brasileira, a Embraer Defesa e Segurança — EDS é a responsável pelo Programa Gripen E/F, o novo jato de combate multitarefa.
Trata-se de um projeto que envolve conhecimento científico de ponta, com um programa de transferência de expertise tecnológica entre Brasil e Suécia, com uma centena de engenheiros brasileiros recebendo treinamento e conhecimento, que trarão o “estado da arte do setor” para o Brasil.
Fazem parte deste acordo desenvolvimentos industriais para a produção do avião em território brasileiro, envolvendo diversos parceiros domésticos, empresas estratégicas de defesa (EED).
Como exemplo citamos a empresa Aero-Estruturas, AKAER:
“Reconhecida como uma System House brasileira e integrante do Grupo Embraer, especializada no desenvolvimento de soluções para missões críticas e tecnologias para apoio à tomada de decisão, tem como foco de atuação os mercados de Defesa e Segurança Pública, Tráfego Aéreo e mercado Corporativo”.
Participa também do programa P-3BR, no desenvolvimento do Sistema Tático de Missão (TMS) e, em parceria com a FAB e a SAAB, das atividades de transferência de tecnologia, desenvolvimento dos sistemas de suporte à missão, treinamento e simulação da aeronave Gripen E/F no Programa F-X2.
Na Marinha do Brasil, participa do desenvolvimento do Sistema Tático de Missão Naval, dos helicópteros do Programa H-XBR, que tem em seu escopo a interface de comunicação com o sistema de arma de helicópteros, mísseis anti-navio do tipo Exocet e todo o gerenciamento de informações transmitidas pelos diversos sensores instalados na aeronave, auxiliando o operador e piloto na tomada de decisões.
Este “Cavalo de Troia” da aviação poderá se tornar uma triste realidade, caso se concretize a negociação Embraer-Boeing sem salvaguarda e o cuidado de se preservar os valores e interesses nacionais.
Na verdade, poderá deixar o Brasil em situação de vulnerabilidade diante de um quadro de geopolítica mundial agressivo e corporativista e de uma guerra comercial mundial recém-iniciada pelo governo dos EUA.
Acredito ser necessário e imprescindível que as Forças Armadas atuem para impedir este crime de lesa-pátria.
Afinal, não podemos entregar para outro país domínios e conhecimentos tecnológicos em sistemas de satélites, aviação, sensores, linguagens de criptografias, anti-vírus, radares, tecnologias de propulsão, tecnologias de mísseis, armamentos teleguiados, etc etc
Não podemos desprezar uma infraestrutura sensível, ferramenta imprescindível para o desenvolvimento nacional.
Não podemos desconsiderar setores fundamentais para a garantia da Segurança Nacional.
A entrega de conhecimentos estratégicos e sensíveis, resultado de 70 anos de pesquisa e desenvolvimento de brasileiros, fere de morte vários preceitos e garantias constitucionais.
Além disso,  nos deixará ainda mais distantes do centro de poder mundial, pois sem domínio e expertise tecnológica, jamais faremos parte deste seleto grupo.
*Carlos Des Essarts Hetzel é tecnológo com especialidade em engenharia de transmissão e bacharel em direito com especialização em direito constitucional especial. 

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