Boulos lança pré-candidatura celebrando alianças, mas promete MDB “pela primeira vez na oposição” desde o fim da ditadura

Viomundo - 03 de março de 2018 às 23h59


Da Redação, com Mídia Ninja e Facebook do Boulos
O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, tornou-se pré-candidato ao Planalto em Conferência Cidadã realizada na noite de sábado, em São Paulo.
Ele deve se filiar ao Psol na segunda-feira.
A vice será Sônia Bone Guajajara, coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.
Em seu discurso (ver íntegra acima), Boulos afirmou aos presentes que “o que nos uniu foi o avanço do conservadorismo”.
“Nós vivemos um momento difícil, o país vive um momento duro. O momento em que um governo ilegítimo, que foi fruto de um golpe parlamentar, negocia e entrega nossos direitos no balcão falido do presidencialismo de coalizão”, disse Boulos.

Para ele, Michel Temer ficará conhecido na história como um Juscelino Kubistchek ao contrário, que em dois anos provocou um retrocesso de 50 no Brasil.
Boulos denunciou Bolsonaro, o avanço da intolerância e do militarismo. Disse que é preciso resgatar a esperança da população, descrente em um sistema de representação falido.
“É em momentos como esse que a gente precisa de coragem e de ousadia”, afirmou.
Disse que é preciso “resgatar um sistema democrático com a participação efetiva das pessoas”, o que implicaria não só na convocação de um plebiscito para avaliar as “reformas” de Temer, mas em consultas à população sobre outros temas.
Boulos fez várias referências à aliança que deve impulsionar sua candidatura: movimentos sociais, intelectuais, os que enfrentaram a ditadura, jovens da periferia e gente da cultura — Caetano Veloso, de cocar, foi um dos destaques do evento.
Porém, delimitou claramente as alianças.
“É simbólico, é emblemático que nos últimos 30 anos o PMDB, partido de Temer, nunca ganhou eleição presidencial, mas deu as cartas e chantageou todos os governos. Não é admissível isso. E se continua este mesmo pacto de governabilidade, quem quer que ganhe o PMDB continuará dando as cartas. Nós queremos construir uma proposta de democracia em que pela primeira vez na historia da Nova República o PMDB será oposição”.
Sobre o fato de que a aliança que está formando inclui um partido, o Psol, Boulos explicou: “Não podemos cair na onda, no caldo da antipolítica, de que partido não presta, porque sociedades que cairam nesse caldo seguiram caminhos perigosos, sombrios. É um partido que tem uma militância de luta e que tem a bancada parlamentar mais combativa”.
O tom do discurso foi ameno: Boulos falou em esperança e fez até um aceno à classe média, ao dizer que a parte mais pesada da carga tributária recai sobre ela e sobre os pobres, enquanto Joesley Batista, da JBS, paga apenas 1% de imposto sobre os lucros de sua empresa.
Também resgatou causos da militância do MTST, como a de uma mulher que o incentivou depois de um despejo que deixou Boulos desanimado.
“Se você desistir eu não vou ter o que dizer às pessoas que disseram que eu ia perder meu tempo [na militância]”, narrou Boulos.
A militante Cris, segundo ele, hoje está morando no condomínio João Candido, em Taboão da Serra, conquistado pela luta do MTST. O condomínio foi entregue em 2014, com a presença de Lula.
Apesar de marcar posição bem distinta da do ex-presidente quanto a alianças nesta campanha eleitoral, o tom foi cordial também com o petista.
Segundo Boulos, “é grave o que nós estamos vendo de parte do Judiciário do Brasil. O Judiciário que quer tirar no tapetão o candidato mais popular da disputa eleitoral. Uma condenação sem provas, uma condenação injusta não pode ser naturalizada, principalmente quando bandidos comprovados estão no Congresso Nacional e no próprio palácio. Quero registrar minha sincera solidariedade ao Lula, pela injustiça que está sofrendo, porque nós precisamos saber separar, diferenças políticas não podem significar convivência com a injustiça”.
Acrescentou: “Só quem se ilude acredita que vai parar no Lula, não começou com ele e não vai parar aí. Isso pega toda a esquerda, pega a todos nós”.
Durante o evento, em mensagem de vídeo (ver abaixo), o ex-presidente agradeceu a solidariedade de Boulos, disse que nunca pediu a ele que não se tornasse candidato ao Planalto e convidou Boulos e Manuela D’Avila para participarem de seus comícios.
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