Lula sobre a intervenção no RJ: "Temer quer pegar o nicho de eleitores do Bolsonaro"
Ex-presidente concedeu entrevista à Rádio Itatiaia, em Belo Horizonte, na manhã desta quarta-feira
lula.com.br - 21/02/2018
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Foto: Ricardo Stuckert
Durante entrevista à Rádio Itatiaia na manhã desta quarta-feira (21), em Belo Horizonte (MG), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a intervenção militar no Rio de Janeiro, chamou a ação de Michel Temer no estado de espetáculo de pirotecnia e afirmou que a iniciativa é para pegar os eleitores de Bolsonaro.
"Eu acho que o Temer está encontrando um jeito de ser candidato a presidente da República. E ele achou que a segurança pública pode ser uma coisa muito importante para ele pegar o nicho de eleitores do Bolsonaro", acredita Lula. Para o ex-presidente, a intervenção é também um espetáculo criado para disfarçar a derrota da Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados.
"O Temer sabe que o que tirou a Reforma da Previdência da pauta não foi ele e nem a intervenção, foi a pesquisa do Datafolha que mostrou que os deputados não iriam votar a aprovacão da Previdência. Eles pensaram em criar outro espetáculo, e então criaram a intervenção no Rio, passando para a sociedade a ideia de que agora os problemas vão acabar. E não vão", disse Lula, lembrando que o Exército já ficou um ano na favela da Maré e, ao sair, os problemas voltaram.
Para o ex-presidente, resolver o problema da violência significa pensar em políticas públicas que garantam educação, qualidade de vida e emprego para a população. "Se o estado não está presente com políticas públicas nos lugares mais pobres, seja no Rio de Janeiro ou em qualquer lugar, a violência aparece com mais frequência", completou.
Soberania Nacional
"Minha preocupação é que o Exército não é preparado para enfrentar o narcotráfico e para lidar com bandido em favela. Ele é preparado para defender a soberania nacional contra possíveis inimigos externos. Você colocar o exército em uma tarefa dessa sem prepará-lo, o que pode acontecer é que, depois do espetáculo, o resultado seja negativo", afirmou Lula.
Lula acredita que é preciso apresentar à sociedade um plano estratégico de segurança nacional antes de anunciar qualquer medida. "A Marinha sabe que se quiser diminuir o narcotráfico e contrabando de armas tem que ter uma estrutura para poder controlar 8 mil km de fronteira marítima. E o Exército sabe que tem que ter uma estrutura para combater o narcotráfico em 16 mil km de fronteira seca. E onde está a Polícia Federal? Por que ela não está na nossa fronteira?".
O ex-presidente afirmou ainda que mais ou menos violência está ligado à capacidade de desenvolvimento do estado. "E o Rio de Janeiro está muito empobrecido", disse Lula, se referindo aos milhões de desempregados no estado, ao desmonte da indústria naval e aos servidores públicos que estão sem receber seus salários.
Assista a entrevista na íntegra:
Minas Gerais
Após a entrevista em Belo Horizonte, Lula foi para a cidade de Itatiaiuçu, onde visitou um acampamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra). À noite, Lula participa do lançamento de sua pré-candidatura à presidência da República, na capital Belo Horizonte. O evento ocorre no Expominas, às 18h.
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