Inquérito do PSDB inclui repasses de milhões de Paulo Preto no exterior

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por Patricia Faermann - no GGN - 22/02/2018

O ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), Paulo Vieira de Souza, conhecido como o operador de propinas do PSDB e também chamado de Paulo Preto, mantinha R$ 113 milhões em contas ocultas na Suíça. A informação foi publicada pela Justiça Federal de São Paulo em despacho de outubro do último ano e, em sigilo, só foi revelada agora, com base em arquivos enviados pelas autoridades do país europeu.
 
A defesa de Paulo Preto anexou nesta terça-feira (20) a dita decisão da juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Federal de Justiça de São Paulo, em investigação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Até então, o despacho da juíza estava em segredo de Justiça.
 
O caso foi parar no STF porque a defesa do ex-diretor da Dersa solicitou à última instância o rompimento do acordo de cooperação internacional do Ministério Público Federal brasileiro com o suíço. Na petição, os advogados incluíram o documento de Maria Isabel, com as informações que eram sigilosas.
 
O pedido foi anexo ao mesmo processo na Suprema Corte [confira aqui] que apura o senador José Serra (PSDB-SP) e o atual ministro Aloysio Nunes (PSDB-SP), com base nas delações de ex-executivos da Odebrecht que narram esquemas de corrupção e subornos envolvendo obras do Rodoanel, em São Paulo, que tiveram envolvimento da Dersa. Além disso, Paulo Preto quer evitar que suas investigações continuem na primeira instância, quer que sejam remetidas ao Supremo. 
 
A determinação de outubro da juíza incluía arquivos dos recursos de quatro contas na Suíça em 2016, que foram transferidos em fevereiro do último ano a outras contas no paraíso fiscal de Bahamas. Os valores somavam, à época, R$ 113 milhões. 
 
"Constam das informações que em 7 de junho de 2016 as quatro contas bancárias atingiam o saldo conjunto de cerca de 35 milhões de francos suíços, equivalente a 113 milhões de reais, convertidos na cotação atual", informou a magistrada, no documento.
 
Com a constatação, a juíza federal de São Paulo decidiu, em outubro do ano passado, realizar a quebra de sigilo bancário e o bloqueio de bens nas contas suíças de Paulo Preto. Ainda, determinou o repasse pelas autoridades do país europeu de todas as transações já feitas nas contas da Dersa e ligadas ao ex-diretor.
 
Paulo Vieira de Souza foi diretor da estatal paulista durante o governo do PSDB, entre 2007 e 2010, e foi apontado em diversas investigações como o operador de políticos tucanos em esquemas de corrupção e ilícitos. 
 
As contas mencionadas são do banco suíço Cordier e Cie, vinculadas ainda a uma offshore do Panamá, Groupe Nantes. Saindo da Suíça, os montantes foram enviados para contas no Deltec Bank and Trust Limited, com sede em Nassau, nas ilhas Bahamas.
 
As investigações que tramitam em São Paulo dão conta, ainda, da tentativa de Paulo Preto de desaparecer com seus recursos para evitar o possível bloqueio do dinheiro no Brasil e ressarcimento ao erário. Tal conclusão se chegou após a juíza verificar que o patromônio declarado do ex-executivo baixou de R$ 4 milhões, em 2014, para R$ 2,8 milhões em 2017, ou seja, quase a metade.
 
Ainda, em meio às irregularidades de montantes, durante o período em que era diretor da Dersa e em governo tucano, entre 2009 e 2010, Paulo Preto realizou transações acima de R$ 2,5 milhões, incompatíveis com seu patrimônio.

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