Guerra de preços busca limitar acesso aos alimentos para desestabilizar a Venezuela
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Fonte: AVN
[Tradução do Diário Liberdade] Mais que a obtenção de ganhos econômicos, o aumento indiscriminado dos preços dos alimentos e dos produtos de primeira necessidade por parte de empresários inescrupulosos responde à estratégia política de limitar o acesso das famílias venezuelanas a essas mercadorias para criar um clima de descontentamento e desestabilização.
Entre 15 de dezembro de 2017 e 3 de janeiro de 2018 o povo denunciou o incremento desmedido no preço de venda de uma série de produtos.
Diante de tal situação, a Superintendência Nacional para a Defesa dos Direitos Socioeconômicos (Sundde) empreendeu uma investigação que revelou que empresas e comércios incorreram em práticas de remarcação [dos preços], especialmente em produtos de consumo massivo.
O preço de 6.015 alimentos, medicamentos e produtos de higiene pessoal e doméstica subiu em média 157%, sem nenhuma justificativa ou alteração em sua estrutura de custos.
Em alguns casos, o aumento chegou a 10.902%, segundo o relatório da Sundde.
Por exemplo, o preço de uma lata de atum de 140 gramas passou de 11.015 para 94.250 bolívares (Bs), o que representa uma variação de 756%; enquanto que o de um pote de margarina de 500 gramas subiu 223%, de 43.200 para 139.400 Bs.
Um elemento que chama a atenção é a mudança abrupta no preço de alguns subprodutos de matérias-primas nacionais, como é o caso do cereal "creme de arroz" - que utiliza derivados de arroz paddy e é processado por monopólios nacionais - e cujo valor de 900 gramas subiu 320%, passando de Bs 23.500 para 198.000.
"Há diferenças grosseiras, sobretudo em itens de produção nacional a cujos produtores são entregues matérias-primas. Não há custo de produção que justifique que a água mineral tenha subido mais de 100% entre dezembro e janeiro", destacou o superintendente para os direitos socioeconômicos, William Contreras, em declarações recentes.
Revalorização de inventários
Contreras explicou que as empresas não assumiram custos de reposição de inventários que pudesse justificar uma mudança de preços entre meados de dezembro de 2017 e princípios de janeiro de 2018.
No entanto, o incremento aponta à intenção de revalorizar inventários, inclusive naqueles casos em que as matérias-primas ou insumos são parte do subsídio entregue pelo Estado.
Ao subir o valor dos inventários de produtos, as empresas podem vendê-los a um preço mais alto no menor tempo possível e assim obter um maior lucro.
A esta prática soma-se o estocamento massivo, particularmente de bens duráveis ou que podem ser armazenados no congelador por muito tempo, com o fim de limitar o acesso dos venezuelanos aos alimentos e gerar um clima de descontentamento para desestabilizar o país e propiciar a derrocada do governo constitucional do presidente Nicolás Maduro.
A Sundde denunciou que várias empresas não têm marcado o preço de seus produtos, contrariando a Lei de Preços e Custos Justos, o que facilita o aumento desmedido e dificulta a determinação das datas dos inventários para gerar armazenamento.
Ataque à renda das famílias
Diante das ações de proteção do povo aplicadas pelo Executivo, a resposta dos empresários e comerciantes inescrupulosos tem sido inflar os preços.
Tanto o vice-presidente, Tareck El Aissami, como o superintendente William Contreras denunciaram que a subida de preços entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018 foi uma estratégia política para tentar diluir o efeito positivo do aumento salarial de 40% anunciado pelo presidente Nicolás Maduro em 31 de dezembro.
Diante disso, a resposta do governo foi ordenar que os produtos tenham o preço de venda correspondente a dezembro de 2017, para frear a especulação.
"Os preços que vocês colocaram são preços criminosos brutais e sem justificativa. É necessários refletirmos, porque o dano que vocês fazem com essas medidas é um dano que atenta contra a estabilidade e a paz, que afeta o direito que o povo tem de acessar bens e serviços", indicou El Aissami ao informar tal decisão.
Os funcionários da Grande Missão de Abastecimento Soberano (Gmas) e da Sundde têm velado pelo cumprimento desta medida, pelo qual têm realizado inspeções a empresas processadoras de alimentos e de produtos de higiene e de primeira necessidade.
Também tem sido realizado um conjunto de reuniões e mesas de trabalho com produtores e supermercados para otimizar o acesso a insumos, matérias-primas e o funcionamento da rede de inventários.
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