'Nós, latino-americanos, devemos nos afastar totalmente dos EUA'
CC BY 2.0 / Waterlat Globacit / Vistas do Memorial da América Latina, São Paulo, Brasil |
Donald Trump abalou a paciência de seus vizinhos no continente ao se referir a várias nações como "países de m*rda", incluindo algumas da América Latina, de onde chegam aos EUA migrantes cuja "qualidade" não agrada o dono da Casa Branca.
A onda de indignação internacional após as declarações fortes de Trump atingiu até mesmo a ONU, onde o presidente norte-americano foi acusado de racismo. E com razão, de acordo com a analista política hondurenha, Gilda Batista, entrevistada pela Sputnik Mundo.
"As declarações do presidente Trump é uma desfaçatez, um insulto à dignidade dos latino-americanos, que contribuem significativamente para o desenvolvimento econômico e cultural dos EUA" e que "fortaleceram essa nação", afrimou. Contudo, segundo Batista, Trump somente expôs o pensamento de seus antecessores, que consideram a América Latina como seu "quintal". Presidentes dos EUA nunca trataram as nações dessa região como "povos irmãos".
A analista acredita ter chegado a hora de a América Latina se afastar dos EUA "totalmente", um país que "lastima e detesta" seus vizinhos do Sul.
"Deve haver uma desunião completa", assinalou Gilda Batista, ao propor, entre outras medidas, expulsar Washington de organizações regionais, por exemplo, da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Os comentários racistas de Trump não se limitam a palavras, que são acompanhadas de ações concretas ou de sua ausência, apesar de tradições estabelecidas na região.
Por exemplo, vale recordar como os EUA abandonaram os países do Caribe que foram abalados pelo furacão Irma. Washington nem sequer expressou preocupação com situação dramática em Porto Rico, seu território associado mais afetado pelo furacão mais potente na história do oceano Atlântico.
O mandatário norte-americano tampouco moveu um dedo para ajudar Cuba, país que também foi devastado pelo furacão Irma, apesar de ter em sua base de Guantánamo "alimentos, medicamentos e materiais de construção equivalentes a centenas de milhões de dólares", afirmou à Sputnik Mundo o analista cubano, Manuel Yepe.
"Porém, este comportamento de Trump não surpreende, já que a semelhante 'agressão' contra a América Latina é algo típico para Washington, algo que 'não tem nenhum sentido lógico'", explicou Manuel Yepe.Além de serem racistas, as declarações do líder norte-americano também são hipócritas, indicou o analista dominicano, Fernando Martínez. Para ele, muitos imigrantes latino-americanos atravessam a fronteira com os EUA por serem forçados a fugir de seus países devido à desestabilização causada por Washington, como no caso da Venezuela.
O especialista constatou que a administração de Trump aplica "uma guerra econômica" contra o governo de Nicolás Maduro, provocando, assim, uma fuga de venezuelanos a outros países, incluindo aos EUA.
O México é outra nação latino-americana que está sendo desestabilizada pelos EUA, assinalou Everardo González, cineasta mexicano. Em particular, ele recordou que uma das conquistas da Revolução Mexicana é a propriedade coletiva sobre a terra. Ele assinalou que ninguém pode extrair recursos minerais sem permissão de moradores locais, mas é isso que empresas estadunidenses fazem em seu país.
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