Marchezan e o MBL são acusados de estar por trás da morte de coordenador de campanha do PMDB gaúcho. Por Donato
Por Mauro Donato - no DCM - 4 de janeiro de 2018
Aécio e Marchezan |
Este artigo foi publicado originalmente em julho de 2017.
O que pode resultar de alguém que decida dar ouvidos ao MBL? Sim o MBL, Movimento Brasil Livre, um ‘movimento social’ que apoia quem agride estudantes e professores, que aplaude Jair Bolsonaro (aquele que só não estupra quem ele considera feia), que incentiva que o ‘cidadão de bem’ ande com uma pistola na cintura.
Certamente ao seguir essas ‘filosofias’ só destilará ódio em estado puro.
É assim que o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB) tem se destacado nas redes sociais ultimamente. Seguindo os conselhos de Renan Santos, coordenador nacional do MBL, Marchezan esteve postando pérolas como “Se você pertence a certos partidos vermelhos, está proibido formar quadrilha”, em uma publicação sobre festas juninas.
Passou a radicalizar no discurso contra movimentos sociais de esquerda, contra sindicatos, contra as ‘ameaças comunistas’. Como desde que passou a seguir os conselhos recheados de fúria do MBL sua página angariou mais seguidores, os ataques devem continuar.
Marchezan Júnior foi apoiado durante toda sua campanha pelo MBL. Eleito, agora mantém as portas abertas para Renan Santos e demais Power Rangers.
“Dei dicas de como Marchezan poderia aparecer mais (…) O Marchezan é meu amigo (…) o cara é foda. O padrão ético, as reformas que pretende fazer… Boto a mão no fogo por ele”, declarou Renan ao Jornal Zero Hora que questionou seu livre – e intenso – trânsito no gabinete do prefeito nas últimas semanas.
Embora tenha sido deputado federal por 2 vezes, Marchezan Júnior foi vendido como ‘renovação’, com aquelas papagaiadas de ‘eficiência’ e ‘gestão’, e teve a campanha financiada por empresas citadas na Lava Jato. Portanto se Renan Santos diz que coloca a mão no fogo por ele, deve saber o que está dizendo.
Aliás, a campanha teve um episódio sinistro. Os métodos de ódio do MBL, típicos das redes sociais, podem ter feito uma vítima fatal. Plinio Zalewski, coordenador da campanha do adversário de Marchezan Júnior, morreu afirmando estar sendo pressionado por membros do MBL, que teriam vídeos contra ele.
Aliados solicitaram que o caso fosse investigado como crime eleitoral, mas está sendo conduzido como suicídio.
“Conversamos por quase duas horas. Ele estava muito preocupado com a postura dessa turma do MBL”, disse o advogado Ricardo Giuliani, amigo de Zalewski por vinte anos.
“Ele me referiu que os computadores, os telefones, as redes teriam sido hackeadas e que ele estava tomando providências no sentido de proteger”.
O MBL que se dizia apartidário, espontâneo, desinteresseiro, pariu 46 candidatos nas últimas eleições. Quarenta e cinco candidatos a vereador e um a prefeito (que foi eleito em Monte Sião – MG). Marchezan Júnior não era portanto um membro ativista do grupo, mas é o principal trunfo do MBL. O apoiado que conquistou o posto mais alto. E demonstrou sua gratidão.
Seu secretário de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário, é um dos vereadores ‘orgânicos’ do MBL. Fez questão também de divulgar um vídeo defendendo Arthur do Val, o Mamãefalei, integrante do MBL que havia sido detido pela Guarda Municipal após briga com servidores públicos em frente à prefeitura.
No vídeo, Marchezan Júnior ridicularizou os “babacas de sindicatos e partidos vermelhos que quebraram o Brasil e outros lugares do mundo”.
O novo político é isso? Essa é a ‘nova alternativa à classe política’? Então, se Marchezan Júnior algum dia desses postar um vídeo socando um avatar deste DCM – como fez Trump com a CNN – não poderemos dizer-nos supresos. Ele terá apenas concluído o cursinho do MBL.
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