Especialista: 'Brasil não precisa legislar sobre notícias falsas em eleições'
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Após as alegações de manipulação dos resultados nos EUA, o debate sobre como combater as fake news (notícias falsas) durante a campanha eleitoral chegou ao Brasil. Para especialista, porém, o ordenamento jurídico brasileiro já prevê punições para o tema.
Especialista em Direito Eleitoral, o advogado Fernando Gaspar Neisser considera que a questão deve ser debatida menos do ponto de vista legal mas sim, preponderantemente, do ponto de vista da prevenção e da educação.
JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
“Os artigos 323 e seguintes do Código Eleitoral no capítulo que trata dos crimes eleitorais [tratam do tema]. Diz o artigo 323: 'Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado, com pena de dois meses a um ano e pagamento de 120 a 150 dias-multa".
Precaução
Em dezembro de 2017, o Tribunal Superior Eleitoral confirmou a criação de um grupo especial de trabalho para elaborar ações e até mesmo um projeto de lei a ser submetido ao Congresso de modo a barrar a veiculação de notícias falsas. A força-tarefa é composta por ministros do TSE, por representantes do Ministério da Justiça e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, e ainda da Fundação Getúlio Vargas (FGV), da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e também da associação civil SaferNet. Os membros se reúnem no próximo dia 15 para debater o tema.
Sobre esta possibilidade, o advogado Fernando Neisser comentou que a herança da ditadura em torno da lei traz péssimas memórias para o povo brasileiro.
“É possível trabalhar com a Lei de Segurança Nacional apesar de ela prever punições muito mais rigorosas do que a legislação comum […]. Punir uma pessoa por atos ilegais que tenha cometido é importante, porém muito mais importante é conscientizar e agir no sentido da prevenção, convencendo as pessoas de que não devem criar nem disseminar falsas notícias”.
Já no Brasil, o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes negou que haja tentativa de censura na iniciativa. "O que nós precisamos é de provimentos céleres, porque essas notícias se alastram hoje com muita força. Nada diferente do que já fazemos hoje, só que fazemos isso quase que manualmente. Ao recebermos as notícias, tomamos providências e apontamos eventuais equívocos".
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