Perdão a ex-ditador do Peru que esterilizou mulheres é 'tapa na cara das vítimas', diz ONU
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Dois peritos da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmaram que o perdão ao ex-ditador peruano Alberto Fujimori é um "tapa na cara" das vítimas de seu cruel Governo.
Acuado por denúncias de corrupção envolvendo a empreiteira brasileiro Odebrecht, a oposição acusa o atual presidente, Pedro Pablo Kuczynski, de conceder indulto a Fujimori para barrar o processo de impeachment que tramitava no Congresso.
"O perdão presidencial concedido a Alberto Fujimori por motivos políticos prejudica o trabalho do judiciário peruano e da comunidade internacional para alcançar a justiça", disseram os relatores especiais da ONU, Agnes Callamard e Pablo de Greiff, em comunicado obtido pela AFP nesta quinta-feira (28).
Kuczynski disse que o seu perdão foi dado por motivos humanitários, com base na saúde do ex-presidente. Na campanha eleitoral, ele prometeu não libertar Fujimori.
O ex-ditador de 79 anos foi condenado por crimes contra a humanidade e corrupção. Foi julgado responsável pela ação de um grupo de extermínio responsável por matar e esconder os corpos de dezenas de pessoas. Durante seu Governo, mais de 200 mil mulheres foram vítimas de uma campanha de esterilização forçada — a maior parte delas de origem indígena.
Após o perdão, Fujimori publicou um vídeo nas redes sociais em que pede perdão aos "compatriotas" que desapontou, mas diz que os "resultados" de seu governo "foram bem recebidos por uma parte [da população]".
"Estamos consternados por esta decisão. É um tapa na cara para as vítimas e testemunhas cujo incansável compromisso o levou à justiça", disseram os especialistas da ONU.
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