Wahhabis-sionistas tramam nova guerra

26/11/2017, Aram Mirzaei, The Vineyard of the Saker

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
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As guerras no Iraque e Síria estão entrando em fase conclusiva, com o ISIL nos estertores finais, já no lugar que lhe compete na lata do lixo da história. O ISIL como força de combate está a um passo de ser destruído; e na Síria terroristas Takfiri do grupo terrorista Hay’at Tahrir Al-Sham ligados à Al-Qaeda são os próximos a ser destruídos, embora a paz ainda esteja inimaginavelmente distante para essa região desgraçada pela guerra. A razão é simples: enquanto wahhabistas e sionistas, agentes produtores de dor e sofrimento para o Oriente Médio, continuarem ativos, a região não saberá o que seja paz.

Os doidos wahhabis em Riad já batem outra vez os tambores da guerra, apesar de derrotados na Síria e no Iraque, além da debacle que sofrem no vizinho Iêmen. Junto com os patrões sionistas em Israel, os wahhabis estão hoje a um passo de atacarem o Líbano, mais especificamente o Hezbollah, num esforço para "cortar as mãos do Irã no Líbano", como o primeiro-ministro do Líbano Saad Hariri disse em Riad, quando estava sequestrado e foi forçado pelos sauditas a ler uma declaração de renúncia. Na verdade não parecia renúncia de um primeiro-ministro: parecia que os sauditas estavam demitindo um fantoche.

Pressionar Saad Hariri a renunciar e confrontar o Hezbollah marca uma mudança na política saudita. Riad teve longa tradição de mediar entre facções rivais no Líbano, sempre de apoio ao governo central e atuando como sombra dos EUA. Com a ascensão do excêntrico príncipe Mohammad bin Salman, Riad substituiu aquela política por pressão política agressiva e oposição violenta. O reino já não está agindo à sombra dos EUA. Riad já não se limita a apoiar clandestinamente grupos anti-Hezbollah: agora avança diretamente contra o Hezbollah – indiferente até à opinião contrária de aliados regionais. Essa mudança na política está diretamente relacionada a medos que crescem no reino, de que o Líbano está escapando do controle dos sauditas, enquanto o Hezbollah se fortalece cada vez mais.

Tudo isso tem potencial para lançar a região em total caos, a partir do impulso de Mohammed bin Salman, que lançou uma suposta campanha "anticorrupção" no próprio país contra outros nobres sauditas e empresários. O príncipe é diretamente responsável pela desastrosa miséria do Iêmen, que matou milhares e levou o país à catástrofe humanitária. A decisão do príncipe, de punir o Qatar, só fez empurrar o país para mais perto do Irã; e a demissão de Hariri é sinal de que a frustração cresce entre os nobres sauditas.

Em reunião do gabinete, dia 15 de novembro, o presidente do Irã Hassan Rouhani disse que essa interferência direta nos assuntos internos de país soberano, e forçar uma autoridade estrangeira a renunciar (caso da renúncia de Hariri) é absolutamente sem precedentes.

Na reunião, Rouhani dirigiu-se ao reino wahhabi, sem dar nomes: "Quem são vocês, em que poder se apoiam para fazer tais coisas? Até que ponto vocês creem que o dinheiro possa conseguir qualquer coisa?"

E acrescentou "É vergonhoso e embaraçoso que um país muçulmano na região convoque o regime sionista e lhe suplique que bombardeie o povo libanês. Em toda a história, nunca vimos país islâmico fazer tal coisa. É sinal de que há gente sem experiência [para o poder] nesses países."

Ao mesmo tempo, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã Bahram Qassemi reagiu, dizendo que o Irã contava com que Hariri retornasse e ajudasse a restaurar a calma no Líbano; e dia 6 de novembro o ministro de Relações Exteriores do Irã Mohammad Javad Zarif descreveu a renúncia de Hariri como bizarra, conectada à viagem do presidente Trump dos EUA ao Oriente Médio no início do ano, e à visita do genro de Trump Jared Kushner à Arábia Saudita.

Desde então, uma guerra de palavras ruge entre o reino wahhabi e a República Islâmica, e o príncipe saudita aventureirista já escalou na retórica confrontacional com frases patéticas e uma analogia bizarra entre a crescente influência regional do Irã e as políticas alemãs do tempo de Hitler. O príncipe saudita foi citado dizendo que "o supremo líder é o novo Hitler do Oriente Médio. Mas aprendemos da Europa que reduzir e apaziguar os conflitos não funciona".

Já há dois anos o príncipe saudita dedica-se a incendiar o Oriente Médio. Foi derrotado em todos os fronts, mas o delírio só aumente a cada dia.

A Arábia Saudita continua a ameaçar o Irã. Adel al-Jubeir, dia 16 de novembro, alertou que a paciência de Riad com o Irã está acabando e que a Arábia Saudita responderá à animosidade iraniana.

No mesmo dia da ameaça de Al-Jubeir, o chefe militar israelense tenente-general Eizenkot concedeu entrevista a um jornal saudita sobre os modos como Arábia Saudita e Israel poderiam unir-se para resistir contra a influência do Irã na região. Eizenkot disse que Telavive não tem intenção de atacar o Hezbollah, mas tampouco tolerará alguma ameaça estratégica junto às próprias fronteiras. Faz eco às ameaças recentes de Netanyahu, sobre "não tolerar presença iraniana na Síria".

O relacionamento clandestino que Israel mantém com a Arábia Saudita e estados do Golfo já não é segredo. É clara a unidade saudita-israelense contra inimigo comum, Irã e Hezbollah, que se tornará mais forte de agora em diante, quando a relação vai aparecendo já sem subterfúgios. Essa aliança tentará alterar o equilíbrio regional de poder contra o Irã. 

Não se compreende que esses dois estados bandidos ainda não tenham aprendido as lições de fracassos anteriores no Iêmen e no Líbano. Como é possível que esses fracassos nada lhes tenham ensinado? 

O total apoio de Trump às ambições do príncipe wahhabi só serviu para inflar ainda mais as suas fantasias alucinadas, e pode empurrar Riad a iniciar no Líbano outra guerra desastrosa para os sauditas.

O líder do Hezbollah Hassan Nasrallah disse dia 10 de novembro que o reino wahhabi já pedira ajuda a Israel para atacar o Líbano. No mesmo dia, a Arábia Saudita ordenou que seus cidadãos deixassem o Líbano, possivelmente como se estivessem preparando algum ataque. Para Nasrallah, permanece a ameaça de guerra contra o Hezbollah, mesmo com a guerra na Síria já chegando ao fim, com Assad firme no poder, e com o Irã mais poderoso hoje do que jamais antes.

Apesar das ameaças de Israel e Arábia Saudita, ainda acredito que qualquer guerra que haja no Líbano será combatida por exércitos 'de aluguel', de outras potências, como se viu na Síria, pela suficiente razão de que Israel não porá em solo coturnos israelenses para ajudar a Arábia Saudita, e não importa o quanto interesse aos dois estados bandidos conter a influência do Irã. Israel sabe que sempre encontrará muitos árabes interessados em fazer por ela o serviço mais sujo. 

Os wahhabi-sionistas já usaram soldados alugados outras vezes e, apesar dos muitos fracassos que sofreram como força de combate, os doidos Takfirifornecem quantidades aparentemente ilimitada de carne para canhão e, satisfatoriamente pagos, são, sim, grave ameaça contra o Líbano. 

O Irã não tomará decisões precipitadas, que os EUA possam usar como oportunidade perfeita para intervir – o Irã não intervirá diretamente, no caso de o Líbano vir a ser invadido por mercenários Takfiri. Por tudo isso, qualquer intervenção dos EUA terá de ser precedida por ataque sob falsa bandeira, semelhante aos "ataques químicos" na Síria.

É onde a Rússia pode ajudar, com poder político, para impedir que os EUA ataquem o Líbano.

O Irã, por sua vez, tem vários modos indiretos para conter qualquer agressão dos wahhabi-sionistas contra o Líbano. Um deles, por exemplo, seria mobilizar sua pletora de milícias populares leais e enviá-las ao Líbano, estratégia muito bem usada na Síria e no Iraque. É altamente possível, especialmente agora, com a importante libertação de Albukamal próxima da fronteira do Iraque, que dá às forças da resistência controle sobre toda a rodovia Teerã-Beirute. 

No Irã, autoridades parecem convencidas de que qualquer ataque contra o Eixo da Resistência visará o Líbano, não o Irã, porque o inimigo teme a capacidade dos mísseis iranianos. Não fosse isso, não estariam tão ansiosos para "negociar um acordo" para o programa iraniano de mísseis, sobre o qual até Macron da França recentemente manifestou "preocupações".

É claro que o Irã fará tudo que puder para deter essa agressão, como a mídia iraniana já repetiu várias vezes e autoridades iranianas confirmam, inclusive os mais altos comandantes do Corpo de Guardas Revolucionários do Irã. O governo iraniano já se declarou confiante da vitória e várias vezes disse que, sendo o caso, combaterá até o último homem. Por que tanta confiança? 

Pesquisas recentes mostram que os esforços militares do governo a favor de Síria e Iraque contam com impressionante apoio entre os iranianos. O povo iraniano sabe que o país enfrenta um reino wahhabi Takfiri que não disfarça o projeto de erradicar os xiitas – uma das razões das guerras em que se envolveram na Síria e no Iraque. Os iranianos sabem o destino que os aguarda, se não lutarem.

A questão de mais uma guerra dos wahhabi-sionistas no Oriente Médio não gira em torno de "se" haverá guerra, mas de "quando" acontecerá.*****

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