Homem agora acusado de pagar propina por direitos do futebol tinha procuração dos irmãos Marinho para negociar e fechar contratos em nome da Globo
Viomundo - 15 de novembro de 2017 às 22h19
. |
Ex-executivo tinha procuração da Globo para negociar com CBF e Fifa
Marcelo Campos Pinto era um homem de confiança da família Marinho
Marcelo Campos Pinto, responsável pela aquisição dos eventos esportivos da Rede Globo nas últimas décadas, tinha procuração para negociar os contratos no Brasil e no exterior em nome da família Marinho, dona da emissora.
O documento, obtido pelo Jornal da Record, é datado de 12 de março de 2013. No mesmo mês da procuração, a Rede Globo, a Televisa e a Torneos concordaram em pagar US$ 15 milhões de propina para garantir os direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2026 e 2030, segundo o ex-presidente da empresa Torneos Y Competencias, Alejandro Burzaco.
A revelação foi feita nesta quarta-feira (15) na audiência de julgamento do ex-presidente da CBF José Maria Marin, em Nova York.
A operação do FBI para investigar a FIFA, deflagrada em maio de 2015, tirou o executivo das sombras e colocou os negócios dele no foco do FBI. A procuração, para tratar exclusivamente da negociação dos direitos de transmissão dos torneios da entidade máxima do futebol, demonstra o poder e a autonomia de que gozava Campos Pinto, então diretor de esportes da Globo.
Nos bastidores, Marcelo Campos Pinto era o poderoso chefe de esportes da Rede Globo com acesso direto aos dirigentes da CBF e da FIFA. Com a eclosão do escândalo, foi exposta a relação próxima do executivo com cartolas investigados e presos. O ex-diretor da Globo deixou a emissora dias depois da extradição de Marin para os Estados Unidos.
Durante duas décadas, Marcelo Campos Pinto teve uma relação íntima com o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira. Quando o cartola se afastou, em meio a denúncias de corrupção, o executivo tratou de se aproximar dos sucessores.
Em outro depoimento prestado em Nova York, o delator Alejandro Burzaco disse que o ex-diretor da Globo teria garantido que as propinas antes pagas a Teixeira passariam a ser divididas entre Marin e o atual presidente da CBF Marco Polo Del Nero.
Uma mensagem de e-mail apreendida pela Polícia Federal em uma operação não relacionada ao futebol mostra a relação entre o executivo da Globo e os cartolas. Treze dias depois de Ricardo Teixeira se afastar da CBF, em 2012, Marcelo Campos Pinto escreveu mensagem a Del Nero em termos muito amigáveis. A mensagem foi anexada ao relatório alternativo da CPI do Futebol no Senado encerrada em 2016.
A Rede Globo divulgou nota em que nega as alegações do delator de que teria pago propina para conseguir a exclusividade no direito de transmissão da Copa do Mundo e outros campeonatos organizados pela Fifa. Os outros acusados em diversas ocasiões disseram que eram inocentes e negam as acusações. Marcelo Campos Pinto não foi localizado para comentar as acusações.
Leia também:
Comentários