Analistas da Empiricus são suspensos pela Apimec

.
Jornal GGN  Três analistas da Empiricus, a famosa empresa que faz análises e relatórios sobre o mercado financeiro e investimentos, e que faz previsões um tanto quanto discutíveis sobre os caminhos da política e economia, tiveram seus registros suspensos por 30 dias pela Apimec. A Apimec (Associação de Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) considerou propaganda enganosa os e-mails que esses analistas enviaram a potenciais clientes.
A propaganda enganosa, segundo a Apimec, baseia-se no fato de que a Empiricus induz o investidor a acreditar que o retorno dos investimentos é garantido e não alerta de forma clara sobre os riscos de perda envolvidos em negócios oferecidos. No processo, o alerta de que esses e-mails levam a interpretações equivocadas quanto aos resultados dos futuros investimentos. O processo é de infração ético-disciplinar.

Os analistas punidos foram Felipe Miranda, sócio da empresa, e também Gabriel Casonato e Bruce Barbosa. Os três estão proibidos de assinar relatórios de análise, e-mails marketing ou qualquer outra comunicação relativa ao mercado financeiro entre 16 de novembro de 15 de dezembro. A Empiricus disse que não concorda com a decisão e que vai recorrer.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que também recebeu esta denúncia por regular o mercado financeiro, informou que faz acompanhamento e análise de operações, divulgações e movimentações envolvendo o mercado de valores mobiliários e, quando necessário, toma as medidas cabíveis. No entanto, no caso específico da Empiricus, não se pronunciou, “para não afetar trabalhos de análise ou apuração que entenda pertinentes”.
A CVM está reformulando a instrução que rege a atividade de análise no Brasil para cercar este tipo de comportamento. A intenção da CVM é coibir práticas consideradas excessivas e estender a punição para as empresas também, não focando somente nos analistas.
Na apuração da Apimec, os três analistas foram denunciados devido ao conteúdo de e-mails enviados a potenciais clientes da Empiricus. Os títulos desses e-mails são: “Double X: uma maneira totalmente inovadora de ter um lucro potencial de 995,1% em 12 meses”; “A estratégia capaz de transformar R$ 1.500 em mais de R$ 227 mil em apenas um mês”; e “A nova oportunidade da sua vida”.
No entendimento da Apimec, o alerta contido nos e-mails não era suficiente para prevenir os potenciais investidores dos riscos reais contidos nas estratégias descritas. A Empiricus tem 1,7 milhão de leitores gratuitos e mais de 180 mil assinantes únicos em seu site.
A Empiricus tem outro processo em andamento. Em agosto, a PGE (Procuradoria-Geral Eleitoral) entrou com ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedindo punição da empresa por ‘supostamente’ fazer propaganda antecipada da candidatura de João Doria, hoje gestor de São Paulo, às eleições presidenciais de 2018.
“A candidatura de Doria pode te deixar rico” era o mote da propaganda denunciada e, assim como fez com Aécio Neves na última eleição, dizia que de acordo com seus relatórios de investimento a melhor opção seria Doria presidente. “Doria presidente? Tivemos acesso ao plano que pode multiplicar o seu patrimônio”, dizia o texto do e-mail da campanha Empiricus.
O GGN já vem alertando sobre a Empiricus há alguns anos, principalmente por ocasião da disputa eleitoral entre Dilma Rousseff e Aécio Neves. A empresa foi longe neste período, leia as matérias selecionadas.

Comentários