Oficina não-entrevista um “qualquer coisa do Lula”

Sergio Saraiva - outubro 21, 2017 - Não-entrevista

Lula não dá sorte mesmo. Logo agora que desmontou o “caso dos recibos”, uma “entrevista bomba” liga seu filho a repasses indevidos de recursos oriundos da Oi.
Vitale
Dando continuidade à sua série de não-entrevistas, esta Oficina simula a participação na entrevista de 21 de outubro de 2017 que a Folha fez com o ”ex-diretor da empresa do sócio do filho do Lula”Na entrevistase insinua que “firmas foram usadas como fachada para receber recursos da Oi direcionados a Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, e seus sócios”.
Marco Aurélio Vitale – o entrevistado – foi diretor comercial de uma das empresas de Jonas Suassuna – Grupo GOL – não é a empresa área – atua na área editorial e teve contrato com a Oi – a empresa de telefonia. Suassuna é dono de metade do “sítio de Atibaia” e também sócio de Lulinha na Gamecorp. Vitale é ex-funcionário da Folha.
Esta Oficina faz aqui, na não-entrevista, as perguntas que a Folha não fez na entrevista real e, por óbvio, não obtém as respostas.

A não-entrevista
Folha: quando o senhor começou a trabalhar com Suassuna, a sociedade com Lulinha já existia?
Vitale: ela sempre foi colocada como uma sociedade lícita que não traria benefícios diretos para o Jonas. Exceto o fato de ser sócio do filho do presidente, o que te dá uma visibilidade natural.
Folha: era mais do que isso?
Vitale: a empresa não tinha negócios para suportar o custo dela. Era possível pensar que fosse algum investimento futuro. Mas isso se perpetua.
Oficina: há algum dado contábil ou financeiro que possa comprovar a falta de relação entre os custos e a operação dos negócios?
Vitale: …
Folha: o Grupo Gol é conhecido pela “Nuvem de Livros” e como fornecedora de material didático. Eles não eram suficientes?
Vitale: a “Nuvem” teve faturamento significativo, mas foi criada em passado recente [2011]. Como a empresa sobrevive de 2008 a 2011? A receita que existia era da Oi. Diretores sabiam que existiam contratos e receitas milionárias, mas nunca ficou claro quanto e pelo quê a Oi pagava.
Oficina: havia um contrato entre a empresa e a Oi. Esse contrato até poderia ser milionário, mas baseado em que o senhor alega que não era claro? Não era realmente, ou o senhor é que não conhecia o conteúdo do contrato, talvez porque não pertencesse à sua diretoria?
Vitale: …
Folha: o que Suassuna falava sobre esses contratos?
Vitale: ele não falava. O modelo de gestão sempre foi muito centralizado. Qualquer assunto era tratado de forma fechada com Fábio, Kalil e Fernando. Esporadicamente se encontravam com Lula em São Paulo.
Oficina: se o dono da empresa não tratava com o senhor sobre o contrato com a Oi, de onde vieram as informações que o senhor tem sobre ele?
Vitale: …
Oficina: em relação aos encontros com o ex-presidente, o senhor tem alguma informação, data ou ocasião que possa ser verificada?
Vitale: …
Folha: Lula frequentava a empresa?
Vitale: não. Só vi uma vez quando já ele tinha saído da Presidência. Jonas queria mostrar as instalações.
Folha: mas em nenhum momento os diretores questionaram [a relação com a Oi]?
Vitale: um deles um dia me viu muito agitado, trabalhando muito ainda no início, e disse: “O que você está fazendo? Aqui é para ganhar dinheiro e não fazer nada”.
Oficina: muito interessante, o senhor poderia dizer o nome desse diretor?
Vitale: …
Folha: e como era a relação com os executivos da Oi?
Vitale: a Gol conseguiu um tratamento que não existe dentro da operadora. Os projetos não passavam pela área de compras, não existia proposta, e eram valores muito elevados tratados e aprovados diretamente pela presidência da Oi.
Oficina: desculpe a insistência, mas se os assuntos do contrato não eram tratados com o senhor, de onde vêm suas informações sobre ele? Em que o senhor se baseia para afirmar que o tratamento dado pela Oi era indevido ou suspeito? O senhor conhece o modelo de gestão de contratos da Oi?
Vitale: …
Folha: qual era o motivo desses contratos?
Vitale: muitos dizem que seria uma contrapartida pela mudança da lei da telecomunicação para permitir a compra da Brasil Telecom. Nunca ouvi falarem disso. Esse assunto não era tratado dessa maneira.
Oficina: se o senhor mesmo diz que nunca ouviu os donos falarem sobre uma suposta contrapartida, baseado em que afirma que era assim? Trata-se de uma insinuação ou existe alguma informação mais palpável?
Vitale: … Jonas e suas empresas foram utilizadas, na minha opinião, como uma fachada necessária para que o Fábio e Kalil realizassem seus negócios através da ligação familiar. Nesse movimento, os negócios não eram o mais importante. O importante era a entrada de dinheiro.
Oficina: opinião todos podem ter sobre qualquer coisa. Além de opinião, há algo que sirva como evidência comprovável das suas declarações?
Vitale: …
O outro lado
A Gol detinha os direitos da obra “A Bíblia narrada por Cid Moreira” e tinha um contrato com a Oi para disponibiliza-la com exclusividade aos seus assinantes.
Detalhe importante: Vitale decidiu se abrir com a Folha logo após ser intimado pela Receita Federal. Já vimos esse filme antes com Delcídio, Leo Pinheiro e Palocci: “na hora do aperto, a culpa é do Lula”.

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