O que Soros tem a ver com movimento independentista na Catalunha?

O magnata George Soros chega para discursar no Clube Rússia Aberta em Londres, em 20 de junho de 2016 (foto de arquivo)
GEORGE SOROS
Sputinik News Brasil - 11/10/2017

O presidente da Catalunha desiludiu os apoiantes mais radicais da independência catalã ao assinar uma declaração que só entrará em vigor quando forem cessadas as negociações com o governo espanhol e a União Europeia, afirma o blogueiro Ivan Danilov em seu artigo para a Sputnik.
"Do ponto de vista dos catalães emotivos, o presidente Puigdemont 'descartou' a independência sob pressão das forças de segurança espanholas, embora alguém afirme que na verdade ele tomou uma decisão sábia que permitirá, gradualmente, 'forçar' Madri e fazê-lo reconhecer a autodeterminação catalã", escreve o jornalista, porém adiantando que, em sua opinião, este passo tinha sido planejado desde o início e faz parte de uma típica 'revolução laranja' local."
De acordo com Danilov, na Catalunha nós evidenciamos uma das etapas da transformação europeia na chamada "União Europeia das Regiões", no âmbito da qual os Estados nacionais serão completamente fragmentados e "haverá apenas um centro de poder" — em Bruxelas.

É precisamente ao colo de Bruxelas, afirma o jornalista, que os independentistas catalães aspiram se lançar, pois "insistem em sua identidade 'europeia' e não nacional ou mesmo catalã".
"Se descartarmos a atmosfera de romantismo revolucionário das manifestações catalãs, veremos lá o mecanismo de uma típica 'revolução colorida' à Soros, tanto mais que Soros já foi várias vezes flagrado financiando os nacionalistas catalães", assinala Danilov.
Além disso, prossegue o jornalista, os apoiantes da independência catalã são absolutamente diferentes dos apoiantes do euroceticismo franceses, britânicos e alemães.
"O separatismo catalão não é uma luta pela independência nacional, mas precisamente uma luta pela oportunidade de submeter a Catalunha diretamente aos burocratas de Bruxelas, sem intermediários de Madri. Eles querem 'mais Europa e menos Madri', ou seja, não é, de fato, um combate pela independência, mas sim uma secessão em vantagem da Comissão Europeia", ressalta o jornalista.
Para Danilov, "não é mera coincidência" que o "maior apoiante de maior influência por parte da Comissão Europeia e de desmontagem dos Estados nacionais" esteja financiando duas organizações que têm um papel-chave no movimento independentista catalão.
Assim, em 2016, a edição espanhola La Vanguardia comunicou que Soros estaria financiando o Conselho pela Diplomacia Pública da Catalunha que, de fato, "realiza as funções de chancelaria catalã" e "faz lobby" de seus interesses na UE. Também Soros foi apanhado financiando a organização CIDOB-НКО, isto é, o maior "think tank", ou centro analítico, dos políticos catalães apoiantes da separação.
"O financiamento de Soros não se pode chamar de significativo, mas é preciso tomar em conta que é apenas aquela parte que a mídia espanhola [e europeia em geral] conseguiu detectar e provar", realça o colunista.
Entretanto, o jornalista fez questão de destacar a "elevada tolerância" dos políticos catalães.
"Não se pode deixar de assinalar que as mídias britânicas e estadunidenses simplesmente morrem de êxtase quando mais um político catalão expressa noções, copiadas do manualzinho de Soros, sobre tolerância e que os migrantes da África e do Oriente Médio são uma felicidade para a Europa e não um motivo de preocupação ou de fechamento das fronteiras", manifesta Danilov.
E o que devemos esperar? Para o autor, a partir deste momento, a Catalunha se esforçará por "criar em detalhe uma imagem de vítima e condições para que qualquer tipo de violência ou punição em relação aos ativistas provoquem sérios danos de imagem para o governo [espanhol]".
"Caso o presidente Puigdemont tivesse anunciado uma independência imediata ‘aqui e agora', ele teria sido detido imediatamente, e tanto para a opinião pública quanto para a comunidade internacional isso teria parecido uma reação adequada. Agora, resulta que há uma espécie de independência, o que é a maior afronta contra Madri, mas ao mesmo tempo não há, e qualquer tipo de violência ou operação punitiva por parte das autoridades espanholas pareceriam um ato de agressão não justificada", resume o jornalista.

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