Empresa alemã é acusada de explorar mão de obra escrava no Brasil
DOCE AMARGO
A Haribo, conhecida mundialmente pela produção de balas de goma, é alvo de denúncias da TV pública alemã. De acordo com a ARD, a empresa explora mão de obra análoga a escravidão, além de expor animais a condições criminosas
por Redação RBA publicado 21/10/2017
A Haribo, conhecida mundialmente pela produção de balas de goma, é alvo de denúncias da TV pública alemã. De acordo com a ARD, a empresa explora mão de obra análoga a escravidão, além de expor animais a condições criminosas
por Redação RBA publicado 21/10/2017
Acusada de maus tratos aos animais, ironicamente, a Haribo comercializa produtos em formato de ursos |
Uma das maiores empresas de doces da Alemanha é acusada de explorar mão de obra em condição análoga à escravidão no Brasil. A marca Haribo vende produtos em todo o mundo. E, segundo o documentário Markencheck, proporciona péssimas condições de trabalho às pessoas e pratica maus tratos aos animais na produção de gelatina para seus produtos.
A matéria-prima explorada em terras brasileiras é a cera de carnaúba, produzida nos estados do Piauí, Ceará, Maranhão, Bahia e Rio Grande do Norte, extraída de palmeiras. O documentário foi produzido pela empresa pública de comunicação alemã ARD. O escândalo tomou as páginas dos maiores periódicos do país europeu, incluindo o Deutsch Welle (DW), que destaca a exploração de “uma das regiões mais pobres do Brasil”.
Entre os principais mercados consumidores, além da Alemanha, estão Estados Unidos e Japão. O documentário classifica a condição dos trabalhadores como escravos contemporâneos. As condições relatadas incluem menores de 18 anos, sem acesso a banheiros, forçados a dormir ao relento, ou em caminhões, próximos às plantações, hidratação com água imprópria e ferramentas de trabalho em más condições.
“As condições nas monoculturas são tão pobres que a polícia brasileira, ocasionalmente, apela para ataques a fim de libertar os trabalhadores. O Ministério do Trabalho afirma que é crescente a preocupação com a indústria da cera de carnaúba, e que as autoridades já encontraram pessoas trabalhando em condições que podem ser descritas como escravidão. Os trabalhadores são tratados como objetos, pior do que animais”, relata texto na edição em inglês do DW.
Na contramão do enfrentamento do problema, o governo de Michel Temer (PMDB) vem adotando medidas para afrouxar o conceito de trabalho escravo no Brasil. Seria uma forma de agradar grandes proprietários de terras e monoculturas e suas bancadas no Congresso Nacional, em troca de apoio para permanecer no cargo.
O site ouviu a economista Lena Rohrbach, da Anistia Internacional, que afirma ser de responsabilidade, tanto da empresa quanto do governo alemão a reparação dos danos causados no Brasil. “Se existem abusos de direitos humanos, eles precisam providenciar uma solução e compensação Infelizmente, o governo alemão vem falhando ao blindar companhias em relação ao cumprimento de direitos”, afirma.
Outro ponto central do documentário de 45 minutos é a exploração cruel de porcos em fazendas no norte da Alemanha. As peles dos animais são utilizadas na produção da gelatina das balas de goma da marca Haribo. Entre os problemas encontrados por ambientalistas estão porcos feridos, confinados em meio aos excrementes, moscas, vermes e até mesmo, outros porcos mortos. De acordo com veterinários as leis de proteção aso animais alemãs são violadas fortemente nas criações.
“Chega a ser cínico que um produto que é, em parte, fabricado sob condições tão cruéis para os animais receba a forma de um animal simpático”, afirma a organização Tierretter, responsável por capturar as imagens de forma clandestina, sobre o tradicional formato de urso dos doces da marca Haribo.
A empresa alega não saber dessas violações, e que vai abordar o tema com seus fornecedores de forma “proativa”. Entre os fornecedores estão a Gelita e a Westfleisch, que se defenderam exclusivamente sobre a questão dos porcos. “Somos uma empresa que quer levar alegria para crianças e adultos. Não podemos aceitar o desrespeito a normas sociais e éticas”, afirma a Haribo.
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