Quem governa os EUA? 'Elites' em tempos de Trump, por James Petras
James Petras, The James Petras Website (in Global Research) 5/9/2017
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Pode-se identificar alguns dos diretorados chaves que competem entre si e se interconectam na 'elite' do poder dos EUA:
1. Adeptos do 'livre mercado', entre os quais se vê, por todos os lados, a multidão ubíqua dos 'Israel-em-Primeiro- Lugaristas'.
2. Capitalistas norte-americanos nacionalistas, ligados a ideólogos de direita.
3. Generais, ligados ao aparato de segurança nacional e Pentágono, e à indústria da defesa.
4. Grupos do business, ligados ao capitalismo global.
Esse ensaio visa a definir esses vetores do poder e a avaliar o alcance e o impacto do poder de cada grupo.
Os 'Israel-em-Primeiro- Lugaristas' dominam as posições econômicas e políticas top no regime Trump e, interessante, também estão entre os seus mais furiosos e barulhentos oponentes. Dentre esses, citam-se a presidenta do Federal Reserve,Janet Yellen, e também seu vice-presidente Stanley Fischer, cidadão israelense e ex(sic)-presidente do Banco de Israel [o presidente do Banco Central do Brasil do golpe, Ilan Goldfajn, também é cidadão israelense e teve como mentor nos estudos de economia o mesmo Stanley Fischer acima listado. Acaso. (NTs)]
Jared Kushner, genro do presidente Trump e judeu ortodoxo, opera como principal conselheiro do governo para Assuntos do Oriente Médio. Kushner, magnata do ramo imobiliário de New Jersey, posicionou-se como o arqui-inimigo dos defensores do nacionalismo econômico no círculo mais íntimo de Trump. Apoia todo e qualquer movimento de Israel para roubar terra e poder no Oriente Médio e trabalha em íntima associação com David Friedman, embaixador dos EUA em Israel (e defensor fanático das colônias israelenses ilegais) e com Jason Greenblatt, Representante Especial para negociações internacionais. Com três 'Israel-em-Primeiro- Lugaristas' a determinarem a política dos EUA para o Oriente Médio, não se vê nem alguma folha de parreira para fingir qualquer equilíbrio.
O secretário do Tesouro é Steven Mnuchin, ex-executivo do Banco Goldman Sachs, que lidera a ala de livre-mercadistas neoliberais do setor Wall Street dentro do regime Trump. Gary Cohn, influente há muito tempo em Wall Street, preside o Conselho Econômico Nacional. Juntos formam o núcleo duro dos conselheiros para questões de business e lideram a coalizão neoliberal antinacionalista de Trump com a missão de minar até destruir todas as políticas econômicas de caráter nacionalista.
Voz também influente no gabinete do Advogado Geral é Rod Rosenstein, que indicou Robert Mueller procurador-chefe, que levou à remoção dos nacionalistas do governo Trump.
A fada-madrinha da equipe de antinacionalistas de Mnuchin-Cohn é Lloyd Blankfein, presidente do Banco Goldman Sach. Os 'Três Banqueiros Israel-em-primeiro-lugaristas' são a vanguarda do combate para desregular completamente o setor bancário, que já devastou a economia norte-americana, levou ao colapso de 2008 e ao despejo de milhões de norte-americanos proprietários de moradias e lojas.
A 'elite' dos livre-mercadistas & Israel-em-primeiro-lugaristas está disseminada por todo o espectro político governante, incluindo os Democratas no Congresso, comandados pelo líder da Minoria no Senado Charles Schumer e o presidente Democrata da Comissão de Inteligência da Câmara de Representantes Adam Schiff. Os 'Israel-em-primeiro- lugaristas' do Partido Democrata aliaram-se ao ramo dos livre-mercadistas para pressionar por investigações e campanhas 'midiáticas' contra os apoiadores nacionalistas de Trump e o eventual expurgo do governo.
A 'elite' no poder militar: os generais
A 'elite' no poder militar conseguiu capturar todo o poder do presidente eleito no processo de tomar as grandes decisões. Onde antes os poderes de declarar guerra eram do Presidente e do Congresso, hoje uma legião de militaristas fanatizados concebem e executam a política militar, decidem sobre zonas de guerra e promovem a militarização sempre crescente das forças policiais domésticas. Trump entregou decisões cruciais aos que ele chama carinhosamente de 'meus generais', enquanto se esquiva de acusações de corrupção e racismo.
Trump nomeou o General de quatro estrelas James 'Cachorro Louco' Mattis (militar aposentado) – general que comandou a guerra no Afeganistão e no Iraque – para o posto de secretário da Defesa. Mattis (cujos feitos militares incluíram bombardear uma grande festa de casamento no Iraque) lidera a campanha para escalar a intervenção militar dos EUA no Afeganistão – guerra de ocupação que Trump condenou abertamente durante a campanha eleitoral. Como secretário da Defesa, o general 'Cachorro Louco' forçou um nada entusiasmado Trump a anunciar aumento no número de soldados e ataques aéreos no Afeganistão. Fiel ao muito divulgado nome-de-guerra, o general é defensor furioso de ataque nuclear contra a Coreia do Norte.
General-tenente H. R. McMaster (general de três estrelas da ativa, que há muito tempo propõe expandir as guerras no Oriente Médio e Afeganistão) tornou-se Conselheiro de Segurança Nacional depois do expurgo do General-Tenente Michael Flynn, amigo de Trump, que se opunha à campanha de confronto e sanções contra Rússia e China. McMaster foi útil para remover os 'nacionalistas' do governo de Trump e une-se ao general 'Cachorro Louco' Mattis a favor de maior número de soldados dos EUA no Afeganistão.
General-tenente John Kelly (aposentado), outro veterano da guerra do Iraque e entusiasta das 'mudanças de regime' no Oriente Médio, indicado para Chefe de Gabinete da Casa Branca, depois da demissão de Reince Priebus.
A Troika do governo, os 'três generais', partilham com os 'Israel-em-primeiro-lugaristas e neoliberais altos conselheiros de Trump, Stephen Miller e Jared Kushner, uma profunda hostilidade contra o Irã, e aprovam completamente a demanda, feita pelo Primeiro-ministro de Israel Netanyahu, de que o Acordo Nuclear de 2015 com Teerã seja cancelado.
O diretorado militar de Trump garante que os fundos necessários para sustentar guerras distantes não serão afetados por cortes nos orçamentos, nem por recessões nem, sequer, por desastres nacionais.
Os 'Generais', os livre-mercadistas Israel-em-primeiro-lugaristas e a 'elite' do Partido Democrata comandam a guerra contra os nacionalistas econômicos e conseguiram que o processo de construir um império militar e econômico da Era Obama permaneça ativado e, até, que seja expandido.
A 'elite' do nacionalismo econômico
O principal ideólogo e estrategista dos aliados de Trump que defendem o nacionalismo econômico na Casa Branca foi Steve Bannon. Foi o principal arquiteto político e conselheiro de Trump durante a campanha eleitoral. Bannon concebeu uma campanha eleitoral que favoreceria as indústrias e os trabalhadores norte-americanos contra os livre-mercadistas de Wall Street e das empresas multinacionais. Foi quem desenvolveu o ataque de Trump aos acordos comerciais globais, que levaram à exportação de capital e à devastação do trabalho fabril nos EUA.
Igualmente significativo, Bannon concebeu a oposição que Trump fez, desde o início, publicamente, à intervenção, pelos generais, que custou um trilhão e dura 15 anos no Afeganistão e à ainda mais dispendiosa série de guerras no Oriente Médio defendidas pelos Israel-em-primeiro-lugaristas, inclusive a guerra em curso, por mercenários pagos pelos EUA para derrubar o governo secular nacionalista da Síria.
Nos oito meses do governo de Trump, as forças combinadas da elite econômica pró livre mercado e da elite militar, líderes do Partido Democrata, militaristas declarados no Partido Republicano e seus aliados nos veículos da mídia-empresa de comunicação de massas conseguiram o expurgo de Bannon – e marginalizaram o apoio das massas à sua agenda de nacionalismo econômico, com "EUA em primeiro lugar" e contra as 'mudanças de regime'.
Agora, a aliança anti-Trump passará a atacar os poucos defensores do nacionalismo econômico que restam no governo. Dentre eles: o Diretor da CIA Mike Pompeo, que favorece o protecionismo, com enfraquecimento dos acordos de comércio asiáticos e o NAFTA e Peter Navarro, Presidente do Concelho de Comércio da Casa Branca. Pompeo e Navarro enfrentam forte oposição da troika sionista neoliberal em ascensão que dominam agora o governo Trump.
Dentre outros, há o secretário de Comércio, Wilbur Ross, bilionário ex-diretor de Rothschild Inc., que se aliou a Bannon contra as quotas de importação para enfrentar o massivo déficit comercial dos EUA com a China e a União Europeia.
Outro aliado de Bannon é Robert Lighthizer ex-militar e analista da inteligência ligado ao boletim Breitbart. Faz forte oposição aos liberais globalizantes dentro e fora do governo Trump.
'Conselheiro Sênior' e autor dos discursos de Trump, Stephen Miller promove ativamente a proibição de os muçulmanos viajarem e restrições sempre mais rígidas à imigração. Miller representa a ala 'Bannon' da zelosa corte pró-Israel de Trump.
Sebastian Gorka, vice-assistente de Trump para assuntos militares e de inteligência, foi mais ideólogo que analista, escreveu para Breitbart chegou ao governo na trilha de Bannon. Logo depois de degolarem Bannon, os Generais'expurgaram Gorka no início de agosto, atacado por acusações de 'antissemitismo'.
Os que restam, dos defensores do nacionalismo econômico na trupe de Trump estão consideravelmente enfraquecidos depois de perderem Steve Bannon, que lhes dava liderança e rumo. Mesmo assim, muitos deles têm laços sociais e econômicos que os conectam também à 'elite' do poder militar em algumas questões e com os livre-mercadistas pró-Israel, em outras. De qualquer modo as crenças basilares deles todos eram modeladas e definidas por Bannon.
A 'elite' de poder do business
O presidente executivo da Exxon Mobile Rex Tillerson, secretário de Estado de Trump, e o ex-governador do Texas Rick Perry, secretário de Energia, lideram a 'elite' do business no governo Trump. Mas a 'elite' do business associada à manufatura e à indústria norte-americanas têm pouco influência na política doméstica e na política exterior. Se por um lado acompanham os livre-mercadistas de Wall Street na política doméstica, por outro lado subordinam-se à 'elite' militar na política exterior, e não se aliaram ao núcleo ideológico liderado por Steve Bannon.
A 'elite' do business de Trump, que não tem qualquer laço com os defensores do nacionalismo econômico no governo Trump, mostram uma face mais amigável aos aliados e aos adversários no mundo externo.
Análise e Conclusão
A 'elite' do poder atravessa divisões partidárias, ramos do governo e estratégias econômicas. Não se limita nem ao Partido Republicano, nem ao Democrata. Inclui livre-mercadistas, alguns nacionalistas econômicos, corretores de poder em Wall Street e militaristas. Todos competem e lutam por poder, riqueza e domínio dentro do atual governo. A correlação de forças é volátil, mudando rapidamente em curtos períodos de tempo – refletindo a falta de coesão e coerência no regime Trump.
Nunca antes a 'elite' do poder nos EUA passou por mudanças tão monumentais na composição e no comando, durante o primeiro ano de qualquer novo governo.
Durante o governo Obama, Wall Street e o Pentágono partilharam confortavelmente o poder com os bilionários do Vale do Silício e a 'elite' da mídia-empresa da comunicação de massas. Todos unidos promovendo uma estratégia imperial 'globalista', enfatizando vários teatros de guerra e tratados multilaterais de livre comércio, pela qual fizeram avançar o processo de reduzir milhões de trabalhadores norte-americanos à servidão perpétua.
Com a posse do presidente Trump, essa 'elite' do poder enfrentou desafios e viu emergir uma nova configuração estratégica, que visava a fazer mudanças drásticas na política econômica e militar dos EUA.
O arquiteto da campanha e da estratégia de Trump, Steve Bannon, tentou deslocar a 'elite' econômica e militar global, com a aliança que construiu com os defensores do nacionalismo econômico, com os trabalhadores e 'elites' protecionistas do business. Bannon trabalhou a favor de profundo rompimento com a política de Obama de incontáveis guerras permanentes para expandir o mercado doméstico. Propôs a imediata retirada dos soldados e o fim das operações militares dos EUA no Afeganistão, Síria e Iraque, ao mesmo tempo em que aumentava a pressão combinada econômica, política e militar sobre a China. Tentou pôr fim às sanções e confrontos contra Moscou e modelar laços econômicos entre as empresas gigantes da produção de energia nos EUA e na Rússia.
Enquanto permaneceu inicialmente como estrategista chefe na Casa Branca, Bannon rapidamente se viu diante de rivais poderosos dentro do governo e com opositores ardentes entre os globalistas Democratas e Republicanos, especialmente a oposição dos sionistas – neoliberais que sistematicamente manobram para conseguir posições econômicas e políticas estratégicas dentro do governo. Em vez de uma plataforma coerente a partir da qual formular uma estratégia econômica radicalmente nova, o governo Trump foi transformado e 'terreno de luta' caótica e viciosa. A estratégia econômica de Bannon foi simplesmente jogada para fora do ring.
Os veículos da mídia-empresa de comunicação de massas e operadores dentro do aparelho do estado ligados à estratégia de guerra permanente de Obama, atacaram primeiro a proposta de Trump, de reconciliação econômica com a Rússia. Para impedir qualquer 'desescalada', inventaram o espião russo e a conspiração para intervir nas eleições. Seus primeiros tiros bem-sucedidos foram disparados contra o tenente-general Michael Flynn, aliado de Bannon e propositor chave da ideia de reverter a política de Obama/Clinton de confronto militar com a Rússia. Flynn foi rapidamente destruído e abertamente ameaçado de ser 'agente russo', num processo de histeria que se generalizou e fez lembrar os piores dias do senador Joseph McCarthy.
Postos econômicos chaves no governo Trump foram distribuídos entre os neoliberais Israel-em-primeiro-lugaristas e defensores do nacionalismo econômico. O presidente Trump 'negociador' [ o 'Deal Maker'] tentou 'domar' os sionistas neoliberais de Wall Street, conectando-os aos nacionalistas econômicos ligados à base eleitoral de Trump na classe trabalhadora, formulando novas relações de comércio com a União Europeia e a China, que favoreceriam as indústrias manufatureiras dos EUA. Mas dadas as diferenças irreconciliáveis entre essas forças, o ingênuo 'negócio' de Trump acabou por enfraquecer Bannon, minou a liderança que tinha e fez naufragar sua estratégia pró nacionalismo econômico.
Enquanto Bannon conseguia garantir vários importantes nomes que indicara para postos econômicos, os neoliberais sionistas trabalhavam para minar a autoridade deles todos. O grupo Fischer-Mnuchin-Cohn conseguiu implantar com sucesso uma agenda diferente e concorrente.
Toda a 'elite' no Congresso, nos dois partidos, uniu-se para paralisar a agenda TrumpBannon. As gigantes da mídia-empresa de comunicação de massas serviram como megafone histérico, movido a boatos e calúnias, para que 'investigadores' do Congresso e do FBI amplificassem cada mínimo movimento das relações EUA-Rússia do governo Trump, sempre à caça de conspirações. A combinação Congresso-Estado e aparelho de propaganda da mídia-empresa de massas desconstruiu a mal organizada e mal preparada base da coalizão eleitoral de Bannon, que elegera Trump.
Completamente derrotado, um presidente Trump sem dentes e sem garras recolheu-se, numa busca desesperada por uma nova configuração de poder, entregando a operação do dia a dia aos 'seus generais'. O presidente civil eleito nos EUA entregou-se à caça – que interessava aos 'seus generais' – de qualquer nova aliança militar globalista e à escalada das ameaças militares sobretudo contra a Coreia do Norte, mas também contra Rússia e China. O Afeganistão imediatamente voltou às manchetes como alvo de intervenção expandida.
Afinal, Trump efetivamente trocou a estratégia de nacionalismo econômico de Bannon, por uma reestreia da abordagem militar multi-guerra de Obama.
O governo Trump relançou ataques dos EUA no Afeganistão e na Síria – superando o uso que Obama fizera de drones para matar quem quer que lhe pareça militante muçulmano. Intensificou as sanções contra Rússia e Irã, abraçou a guerra dos sauditas contra o povo do Iêmen e desmontou todo o projeto político de Bannon para o Oriente Médio, para favorecer projetos de seu Conselheiro Político, o ultrassionista (além de magnata do mercado de imóveis e genro do presidente) Jared Kushner, e do embaixador dos EUA em Israel, David Friedman.
O recuo de Trump converteu-se numa pirueta grotesca. Os generais abraçaram os sionistas neoliberais no Tesouro e os militaristas globais no Congresso. O diretor de Comunicações Anthony Scaramucci foi demitido. O Comandante do Exército de Trump, general Joe Kelly expurgou Steve Bannon. Sebastian Gorka foi mandado passear.
Os oito meses de luta interna entre defensores do nacionalismo econômico e neoliberais afinal chegaram ao fim: hoje, a aliança sionista-globalista com 'os generais de Trump' dominam a 'Elite' do Poder nos EUA.
Trump está desesperado para adaptar-se à nova configuração, aliado a seus próprios adversários no Congresso e à doentia mídia-empresa de massas anti-Trump.
Tendo praticamente dizimado os nacionalistas econômicos de Trump e respectiva plataforma, a 'elite' do Poder passou a montar uma série de eventos, amplificados pela mídia e centrados num evento local em Charlottesville, Virginia, entre 'suprematistas brancos' e 'antifascistas'. Depois da confrontação ter levado a mortos e feridos, a mídia-empresa usou a tentativa inepta de Trump de 'culpar os dois lados', 'armados com bastões de beisebol', como se fosse 'prova' dos laços do presidente com os neonazistas e a KKK.
Neoliberais e sionistas, dentro do governo Trump e seus conselhos comerciais, todos se uniram no ataque ao presidente, denunciando seu fracasso, porque Trump não culpou imediatamente e unilateralmente, pela violência, os extremistas de direita.
Trump está-se voltando para setores das 'elites' do business e do Congresso, numa tentativa desesperada para salvar o apoio que se está diluindo rapidamente, e promete amplos cortes de impostos e desregulação total de todo o setor privado.
A questão decisiva já nada tinha a ver com uma ou outra política ou, mesmo, com uma ou outra estratégia.
Trump já perdeu em todos os fronts. A 'solução final' ao problema da eleição de Donald Trump está andando adiante, passo a passo – rumo ao impeachment do presidente e, possivelmente, com o presidente preso por todos os meios e seja como for.
O que a ascensão e a destruição do nacionalismo econômico na 'pessoa' de Donald Trump nos diz é que o sistema político norte-americano, ele todo, não tolera nenhuma reforma que possa ameaçar a 'elite' imperial globalista que está no poder.
Escritores e ativistas sempre pensam que só regimes socialistas democraticamente eleitos seriam alvo de golpes de estado sistemáticos. Hoje os limites políticos são muito mais restritos. Clamar por 'nacionalismo econômico' completamente dentro do sistema capitalista e buscar acordos comerciais recíprocos é clamar por ataques políticos cada vez mais selvagens, conspirações inventadas e golpes militares internos, que levarão a 'mudanças de regime'.
O expurgo dos defensores do nacionalismo econômico e dos antimilitaristas, pela 'elite' global-militarista, contou com o apoio de toda a esquerda dos EUA, com raras notáveis exceções. Pela primeira vez na história, a esquerda tornou-se ferramenta organizacional para a direita pró-guerra, pró-Wall Street, pró-direita sionista, na campanha para derrubar o presidente Trump.
Movimentos locais e líderes, funcionários das associações comerciais, militantes pró-direitos sociais e pró-imigrantes, liberais e social-democratas, todos se uniram na luta para restaurar o pior dos mundos: a política Clinton-Bush-Obama/Clinton de várias guerras permanentes, com confrontos em escalada com Rússia, China, Irã e Venezuela; e com Trump desregulando toda a economia dos EUA e introduzindo cortes massivos de impostos a favor do big business.
Os EUA andamos muito rapidamente para trás: de eleições a expurgos; de acordos de paz para investigações pelo estado policial. Hoje, os defensores do nacionalismo econômico são declarados 'fascistas'; e os trabalhadores sem moradia e sem emprego são "os deploráveis"!
Os norte-americanos têm muito a aprender e muito a desaprender. Nossa vantagem estratégica talvez esteja no fato de que a vida política nos EUA não pode ficar pior do que é hoje – chegamos realmente ao fundo do poço e (a menos que nos condenem à morte numa guerra nuclear) só nos resta levantar a cabeça.*****
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