Padilha diz que Temer está tranquilo, mas desconversa sobre as provas

Assim que Michel Temer desembarcou da viagem à China, deu início a sua estratégia de tentar transformar a gravação em que é flagrado endossando a compra do silêncio de Eduardo Cunha e ouvindo os crimes de Joesley Batista em mero assessório diante das novas revelações que comprometem o acordo de delação dos executivos da JBS.

 

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que Temer afirmou durante reunião que as revelações sobre o suposto envolvimento do ex-procurador Marcello Miller no acordo de delação da JBS mostram que ele tinha a razão. Isso porque, assim que foi denunciado pelo procurador Rodrigo Janot, Temer apontou como suspeito envolvimento do ex-procurador com os executivos.

“O presidente apenas disse: ‘Afinal, os fatos acabaram mostrando que eu tinha razão’", disse Padinha.

No entanto, ao ser questionado se Temer saia fortalecido da denúncia, Padilha não quis comentar. Segundo ele, Temer está "totalmente tranquilo em relação ao que ele fez". Quando perguntado sobre a validade das provas, o ministro voltou a desconversar e disse que advogado de Temer está tomando providências.


O silêncio de Padilha escancara a dúvida do Planalto. Apesar da possibilidade de anulação do acordo de delação, as provas ainda estão valendo, o que pode levar a apresentação da segunda denúncia contra Temer, desta vez por obstrução da Justiça e lavagem de dinheiro. Então, o governo atua para desqualificar as provas, ao menos políticamente.

Malas do Geddel

As declarações de Padilha foram dadas durante ato de filiação do senador Fernando Bezerra Coelho e de seu filho, o ministro Fernando Coelho Filho, ao PMDB. Ambos eram do PSB e após muita disputa, ingressaram na sigla. A filiação incomodou bastante algumas siglas aliadas ao Palácio do Planalto - como o DEM do presidente da Câmara Rodrigo Maia - que também negociavam a filiação.

Sobre Geddel Vieira Lima, também do PMDB, que é apontado como o dono dos R$ 51 milhões encontrados pela Polícia Federal, em Salvador (BA), guardados em malas e caixas de papelão, Padilha também desconversou. Disse que é uma questão pessoal e tem que ser respondida pelo próprio Geddel.

“Nós temos questões que são pessoais, e que não cabe ao partido responder. Penso que cada um responde pelos seus atos e aqui estamos tratando das questões coletivas, do ingresso do senador Fernando Bezerra, no restabelecimento das condições para as eleições que se aproximam, em 2018”, afirmou. 

Do Portal Vermelho, com informações de agências