Temer ganhou, faturas e vinganças a caminho. Por Tereza Cruvinel
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As demissões de apadrinhados dos “infiéis” que votaram contra sua impunidade, e o aumento do deficit fiscal, de R$ 139 para R$ 159 bilhões este ano, vale dizer um aumento de gastos de R$R 20 bilhões – são apenas o começo da fatura que Temer começará a apresentar depois de ter escapado da denúncia de corrupção aliciando votos com recursos públicos.
A fatura tem um componente revanchista e um ingrediente fiscal, em busca de recursos para compensar os R$ 14 bilhões torrados no aliciamento. No campo da vingança, além de demitir apadrinhados de infiéis, Temer dará sinal verde ao Centrão para tocar em frente dois projetos que atingem em cheio a Lava Jato: o que normatiza as prisões preventivas e temporárias, bem como a condução coercitiva. Segundo um deputado da tropa de choque, o governo examina também a suspensão do aumento de 16% dos procuradores e o fim do auxílio-moradia para o Judiciário e o Ministério Público.
Em busca de recursos para tapar o rombo alargado com a compra de votos, Temer também já sinalizou com a suspensão de todos os reajustes dos funcionários públicos que teriam parcelas a serem pagas este ano. Em agosto, pelo acordado, seria paga uma parcela dos servidores do chamado carreirão, de 5,5%. A suspensão deve começar por esta. Preparem-se também os funcionários públicos para o corte no valor de benefícios como auxílio-transporte, vale-alimentação e auxílio-creche.
Depois de ter parcelado as dívidas previdenciárias dos ruralistas, com redução de alíquota e perdão de juros e multas, o governo vai tentar acelerar a reforma previdenciária, embora na votação da denúncia não tenha obtido os 308 votos necessários para aprovar emendas constitucionais. Por isso seus próprios aliados já estão avisando que a reforma só passa se for mitigada, reduzida a praticamente um ponto, o aumento da idade mínima de aposentadoria para 65 anos.
E na área política, já está claro, Temer e os tucanos estão flertando com a idéia de impingir um terceiro golpe, o do parlamentarismo, suprimindo na prática a esperança de que a eleição de um presidente pelo voto direto no ano que vem ponha fim ao filme de terror e ao governo da coalizão entre Temer, a banda pobre do Congresso e o mercado financeiro.
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