Temer ganhou, faturas e vinganças a caminho. Por Tereza Cruvinel

.
Por Tereza Cruvinel - 05/08/2017

As demissões de apadrinhados dos “infiéis” que votaram contra sua impunidade, e o aumento do  deficit fiscal,  de R$ 139 para R$ 159 bilhões este ano, vale dizer um aumento de gastos de R$R 20 bilhões –  são apenas o começo da fatura que Temer começará a apresentar depois de ter escapado da denúncia de corrupção aliciando votos com recursos públicos.

                A fatura tem um componente revanchista e um ingrediente fiscal, em busca de recursos para compensar os R$ 14 bilhões  torrados no aliciamento.  No campo da vingança, além de demitir apadrinhados  de infiéis,  Temer dará sinal verde ao Centrão para tocar em frente dois projetos que atingem em cheio a Lava Jato: o que normatiza as prisões preventivas e temporárias, bem como a condução coercitiva.  Segundo um deputado da tropa de choque, o governo examina também a suspensão do aumento de 16% dos procuradores e o  fim do auxílio-moradia para o Judiciário e o Ministério Público. 

                Em busca de recursos para tapar o rombo alargado com a compra de votos, Temer também já sinalizou com a suspensão de todos os reajustes dos funcionários públicos que teriam parcelas a serem pagas este ano.  Em agosto,  pelo acordado, seria paga uma parcela dos servidores do chamado carreirão, de 5,5%.  A suspensão deve começar por esta.  Preparem-se também os funcionários públicos para o corte no valor de benefícios como auxílio-transporte, vale-alimentação e auxílio-creche.

                Depois de ter parcelado as dívidas previdenciárias dos ruralistas, com redução de alíquota e perdão de juros e multas, o governo vai tentar acelerar a reforma previdenciária, embora na votação da denúncia não tenha obtido os 308 votos necessários para aprovar emendas constitucionais.  Por isso seus próprios aliados já estão avisando que a reforma só passa se for mitigada, reduzida a praticamente um ponto, o aumento da idade mínima de aposentadoria para 65 anos.

                E na área política, já está claro, Temer e os tucanos estão flertando com a idéia de impingir um terceiro golpe, o do parlamentarismo, suprimindo na prática a esperança de que a eleição de um presidente pelo voto direto no ano que vem ponha fim ao filme de terror e ao governo da coalizão entre Temer, a banda pobre do Congresso e o mercado financeiro.

Comentários