Suprema tensão: quem vai tirar Gilmar do caso Jacob? Por Helena Chagas

Ministro Gilmar Mendes. Foto Roberto Jayme/Ascom/TSE
por Helena Chagas - no site Os Divergentes - 30/08/2017

A pressão já vinha grande pelo impedimento do ministro Gilmar Mendes no caso de Jacob Barata Filho, a ponto de a ministra Cármen Lúcia deixar sair na imprensa sua disposição de levar o assunto ao plenário – o que, por si só, já seria um constrangimento para o colega e para o STF. Nesta terça-feira à tarde, a toga ficou mais justa ainda com o novo pedido do Ministério Público nesse sentido, acompanhado de mensagem mostrando que o empresário acusado mandara flores em 2015 para Gilmar e sua mulher.

O clima não está nada bom na Suprema Corte brasileira, onde muita gente agora está quebrando a cabeça para articular uma solução negociada, que ao mesmo tempo atenda à opinião pública – que vê claramente uma ligação entre o ministro e o réu – e preserve Gilmar Mendes. Afinal, a última coisa de que o STF precisa agora é expor seu conflito interno, exibindo um vexaminoso pugilato verbal entre seus integrantes em torno do comportamento de um de seus integrantes, não por acaso o mais barulhento deles.

Gilmar tem uma série de desafetos na Casa, mas nessas horas costuma valer o espírito de corpo. Além da máxima do eu sou você amanhã, mostrando que esse tipo de episódio pode ser repetido com qualquer de seus dez colegas, a fragilidade de um ministro do STF diante da PGR pode ser interpretada como fragilidade da instituição.
É por isso que a solução ventilada nos bastidores, a ser conversada com o próprio Gilmar, passa pela tentativa de convencê-lo a tomar a iniciativa de se declarar impedido nesse caso. Evidentemente, sob o discurso de que não tem mesmo ligação com o empresário, e de que estaria sendo injustamente colocado sob suspeita. Mas que, para não criar problemas para o processo e seu andamento, passa o assunto para outro ministro. A iniciativa seria tratada como um gesto de grandeza pelos colegas, que a elogiariam. O novo relator, quem sabe, poderia até manter no primeiro momento os habeas corpus concedidos.
Se o plano der certo, nem o STF e nem Gilmar sairiam desmoralizados. O problema agora é ver quem será capaz de amarrar o guizo no pescoço do gato nesse ambiente envenenado.

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