Exclusivo: Maria do Rosário, que levou Bolsonaro à condenação, vai pedir à PF que identifique grupo de eleitores dele que promoveu linchamento digital; ouça as ofensas

VIOMUNDO - 17 de agosto de 2017 às 00h04









Reprodução da sequência de comentários feitos no whatsapp no grupo Bolsonaro 2018, ao qual o número de Maria do Rosário foi adicionado sem autorização da petista
por Conceição Lemes e Luiz Carlos Azenha
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) quer que a Polícia Federal identifique eleitores de Jair Bolsonaro que promoveram o ‘linchamento virtual’ dela num grupo de whatsapp.
O episódio foi denunciado pela deputada no twitter: “Informo q +uma vez grupos criminosos de apoio ao deputado hj condenado descobrem na Câmara meu nº e usam whats para agressões sem limite”.
Bolsonaro teve a condenação confirmada pelo STJ por 4 a 0 no episódio em que ofendeu Maria do Rosário dizendo que ela era muito feia para ser estuprada. A condenação por danos morais prevê que ele se desculpe nos jornais, no Facebook e no You Tube.
Bolsonaro prometeu recorrer ao STF, onde já responde por injúria e incitação ao estupro, ações movidas respectivamente por Maria do Rosário e pelo Ministério Público.
As ações foram unificadas. O depoimento da deputada será no próximo dia 23. Em 15 de setembro será ouvido o repórter Gustavo Foster, do Zero Hora, para o qual Bolsonaro repetiu a ofensa que havia feito na Câmara.
A advogada da deputada, Camila Gomes, espera que uma eventual condenação de Bolsonaro no STF o torne inelegível para 2018.
Em reação à condenação no STJ, eleitores de Bolsonaro incluiram o numero de Maria do Rosário em um grupo de whatsapp e passaram a promover o linchamento virtual dela.
Viomundo conseguiu contato telefônico com o homem que administra o grupo, de primeiro nome Aldimar.
Ele se disse morador de Manacapuru, no estado do Amazonas. Repetiu ofensas a Maria do Rosário, se disse um cristão fervoroso e afirmou que o grande erro de Hitler foi não ter matado todos os judeus.
A foto de perfil de Aldimar é a mesma utilizada numa rede social por um sargento da Força Aérea Brasileira que serve em Manaus. Ele não respondeu a nossas tentativas de confirmar a identidade.
Ligações para outros números de telefone que aparecem no grupo não foram respondidas.
Viomundo obteve com exclusividade não apenas os prints das mensagens que ficaram registradas no telefone utilizado pela deputada, como os áudios ofensivos (ouça abaixo).
Dois homens e uma mulher se revezam fazendo ameaças. “Te coloquei aqui apenas para zoar contigo”, diz Aldimar, o homem que incluiu Maria do Rosário no grupo e se disse decepcionado com Hitler ao conversar com o Viomundo.
“Tem que primeiro aterrorizar ela”, diz uma voz de mulher, que se identifica como Loca, quando Aldimar fala em tirar a deputada do grupo.
Um outro participante, de nome Jhony, faz uma série de ameaças e diz que contatos de Eduardo Bolsonaro, o filho de Jair Bolsonaro, fazem parte do grupo.
“Vaca” e “vagabunda” são usados a todo momento. Jhony diz que vai grampear o telefone de Maria do Rosário usando o setor de inteligência da polícia civil, sem entrar em detalhes.
O número ligado ao perfil dele tem código de acesso do Espírito Santo.
Ameaças também são feitas à família da deputada. A tentativa é mesmo de aterrorizar com mensagens repugnantes.
Refletem o que vai pela cabeça dos brasileiros que pretendem eleger Jair Bolsonaro presidente da República em 2018.
Estão em sintonia com fenômenos como o da ascensão do neonazismo na Europa e nos Estados Unidos.
Segundo a assessoria da deputada, o pedido será para que a Polícia Federal identifique todos os integrantes do grupo. O passo seguinte será decidido posteriormente.
Ouça abaixo a sequência de áudios dos eleitores de Bolsonaro:

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