Em seminário, Flávio Dino e Haddad defendem regulação da mídia
Portal Vermelho - 26 de agosto de 2017
Construir um projeto contra-hegemônico de comunicação. Esse foi um dos pontos apontados nos discursos durante a abertura do seminário “Desafios da comunicação nas administrações públicas”, iniciado nesta sexta-feira (25), em São Luís do Maranhão, com a presença de jornalistas, autoridades, lideranças políticas e sociais.
Segundo Flávio Dino, a única utilidade que é possível apontar da atual crise política e institucional, e que sempre foi velado em nossa sociedade na narrativa oficial dos meios de comunicação, foi a luta de classes.
“Esta crise serviu para atualizar a compreensão do pensamento progressista e da sociedade, de um modo geral de que, de fato, temos interesses conflitantes, que se organizam, manifestam e lutam de várias formas em várias arenas e por vários instrumentos”, enfatizou o governador.
Ele salientou que os governos progressistas sofrem as consequências práticas e cotidianas da articulação que há dos blocos de interesses.
Manchetômetro
O governador apresentou como exemplo desse embate de interesses um levantamento de mídia, o chamado manchetômetro, com um cálculo que comprova a manipulação midiática usada como um instrumento de oposição ao governo.
De acordo com os dados, o jornal ligado à família Sarney – proprietária dos principais veículos de comunicação no estado -, veiculou em 2014, último ano de governo de Roseane Sarney, 66% de manchetes positivas em referência à gestão; 5% negativa; e 29% neutra.
No ano seguinte, em 2015 - primeiro ano de governo de Flávio -, apenas 8% das manchetes positiva, se contrapondo aos 66% do período anterior. Já as negativas, saltaram de 5% para 53%. As manchetes neutras também subiram: 39%.
Em 2017, ano pré-eleitoral, o número de manchete positiva caiu para 3%. “Estou igual ao Temer”, brincou Flávio Dino, em referência à popularidade do ilegítimo.
“É uma violência simbólica que a gente sofre com esses oligopólios governando frações do estado”, frisou.
Democracia
Para o ex-prefeito Fernando Haddad, o país precisa passar por um verdadeiro processo de redemocratização. “A democracia não é um processo natural é uma conquista civilizatória”, disse ele, destacando que hoje vivemos um processo de desconstituinte e estado de exceção.
“Eles [golpistas] não têm um projeto de país. É o projeto de desfazer. É uma desconstrução que estão fazendo e a cada dia é uma notícia nova e ruim”, afirmou o ex-prefeito, citando o ataque aos direitos trabalhistas.
“Devemos ampliar a diversidade dos meios de comunicação ou corremos o risco de grande retrocesso”, declarou Haddad, que defendeu a urgência da regulação da mídia.
Ele também falou sobre o papel das redes sociais na construção do discurso de ódio e de desconstituição.
“Há forte interferência do dinheiro nas redes sociais. O modelo de negócio é baseado numa publicidade em que promove o encontro entre os seus iguais. O interesse da internet não é de promover a interação humana. Criam bolhas em que os estereótipos e preconceitos são reforçados”, afirma.
O prefeito de Macapá, Clécio Luís, resgatou o contexto histórico da formação do Amapá e a forte influência oligarca forjada na exploração de minério da região.
“A maior mina de manganês do mundo, de 1943 a 1990, era do Amapá. A partir daí, formou-se uma sociedade que se domesticou, pois o Estado [detentor dessa riqueza] dava emprego, casa”,
Ele salientou que a comunicação na administração pública deve priorizar a realidade, sem deixar de promover a responsabilização do cidadão para que este sinta-se parte do governo e ajude a definir os rumos da administração.
Edmilson Rodrigues, deputado federal pelo Psol e ex-prefeito de Belém, disse que os meios de comunicação ligados a parte da elite brasileira buscam disseminar o pessimismo.
“Não pensem que não é intencional. Mas não é possível acreditar que Humanidade tenha como futuro a barbárie. A barbárie é hoje. O amanhã é outro”, afirmou.
“Temos que ter um projeto contra-hegemônico. Nós temos muito em comum, mas ainda temos muito a agir em comum”, defendeu. “É importante construir meios alternativos. E as redes sociais são fundamentais. Não podemos ficar fora dela”, completou.
Construir um projeto contra-hegemônico de comunicação. Esse foi um dos pontos apontados nos discursos durante a abertura do seminário “Desafios da comunicação nas administrações públicas”, iniciado nesta sexta-feira (25), em São Luís do Maranhão, com a presença de jornalistas, autoridades, lideranças políticas e sociais.
Por Dayane Santos, enviada especial do Portal Vermelho
Reprodução/ Facebook Renato Rovai
O evento é promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, e continua neste sábado (26), Coordenada pelos jornalistas Renata Mielli (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação) e Paulo Henrique Amorim, a primeira rodada de debates foi de peso: o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB), o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT); o ex-prefeito de Belém e deputado federal Edmilson Rodrigues (Psol) e o atual prefeito de Macapá, Clécio Luís (Rede).Segundo Flávio Dino, a única utilidade que é possível apontar da atual crise política e institucional, e que sempre foi velado em nossa sociedade na narrativa oficial dos meios de comunicação, foi a luta de classes.
“Esta crise serviu para atualizar a compreensão do pensamento progressista e da sociedade, de um modo geral de que, de fato, temos interesses conflitantes, que se organizam, manifestam e lutam de várias formas em várias arenas e por vários instrumentos”, enfatizou o governador.
Ele salientou que os governos progressistas sofrem as consequências práticas e cotidianas da articulação que há dos blocos de interesses.
Manchetômetro
O governador apresentou como exemplo desse embate de interesses um levantamento de mídia, o chamado manchetômetro, com um cálculo que comprova a manipulação midiática usada como um instrumento de oposição ao governo.
De acordo com os dados, o jornal ligado à família Sarney – proprietária dos principais veículos de comunicação no estado -, veiculou em 2014, último ano de governo de Roseane Sarney, 66% de manchetes positivas em referência à gestão; 5% negativa; e 29% neutra.
No ano seguinte, em 2015 - primeiro ano de governo de Flávio -, apenas 8% das manchetes positiva, se contrapondo aos 66% do período anterior. Já as negativas, saltaram de 5% para 53%. As manchetes neutras também subiram: 39%.
Em 2017, ano pré-eleitoral, o número de manchete positiva caiu para 3%. “Estou igual ao Temer”, brincou Flávio Dino, em referência à popularidade do ilegítimo.
“É uma violência simbólica que a gente sofre com esses oligopólios governando frações do estado”, frisou.
Democracia
Para o ex-prefeito Fernando Haddad, o país precisa passar por um verdadeiro processo de redemocratização. “A democracia não é um processo natural é uma conquista civilizatória”, disse ele, destacando que hoje vivemos um processo de desconstituinte e estado de exceção.
“Eles [golpistas] não têm um projeto de país. É o projeto de desfazer. É uma desconstrução que estão fazendo e a cada dia é uma notícia nova e ruim”, afirmou o ex-prefeito, citando o ataque aos direitos trabalhistas.
“Devemos ampliar a diversidade dos meios de comunicação ou corremos o risco de grande retrocesso”, declarou Haddad, que defendeu a urgência da regulação da mídia.
Ele também falou sobre o papel das redes sociais na construção do discurso de ódio e de desconstituição.
“Há forte interferência do dinheiro nas redes sociais. O modelo de negócio é baseado numa publicidade em que promove o encontro entre os seus iguais. O interesse da internet não é de promover a interação humana. Criam bolhas em que os estereótipos e preconceitos são reforçados”, afirma.
O prefeito de Macapá, Clécio Luís, resgatou o contexto histórico da formação do Amapá e a forte influência oligarca forjada na exploração de minério da região.
“A maior mina de manganês do mundo, de 1943 a 1990, era do Amapá. A partir daí, formou-se uma sociedade que se domesticou, pois o Estado [detentor dessa riqueza] dava emprego, casa”,
Ele salientou que a comunicação na administração pública deve priorizar a realidade, sem deixar de promover a responsabilização do cidadão para que este sinta-se parte do governo e ajude a definir os rumos da administração.
Edmilson Rodrigues, deputado federal pelo Psol e ex-prefeito de Belém, disse que os meios de comunicação ligados a parte da elite brasileira buscam disseminar o pessimismo.
“Não pensem que não é intencional. Mas não é possível acreditar que Humanidade tenha como futuro a barbárie. A barbárie é hoje. O amanhã é outro”, afirmou.
“Temos que ter um projeto contra-hegemônico. Nós temos muito em comum, mas ainda temos muito a agir em comum”, defendeu. “É importante construir meios alternativos. E as redes sociais são fundamentais. Não podemos ficar fora dela”, completou.
Comentários