Marta Suplicy perde a linha com ex-colega de partido e leva tratorada de Kátia Abreu; Renan vê quadro “desesperador”
A presidenta da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, Marta Suplicy, enfrentou uma situação constrangedora nesta terça-feira.
Aliada de Michel Temer, cabia a Marta conduzir matéria de grande interesse do governo: a análise pela CAS do relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) sobre a reforma trabalhista.
Marta sempre foi respeitada como grande campeã dos trabalhadores quando integrava o PT. Governou São Paulo de olho na periferia e fez uma administração marcante.
Ao lado de Marina Silva, esteve de olho na benção do ex-presidente Lula para eventualmente se tornar candidata do partido ao Planalto. Perdeu a disputa para Dilma Rousseff.
Antes de deixar o PT, Marta foi porta-voz — nos bastidores — do grupo que pretendia ver Lula candidato em 2014, em substituição a Dilma.
Derrotada de novo, deixou o PT acusando o partido de perder a oportunidade de se afastar da corrupção: “Mesmo após a condenação de altos dirigentes, sobrevieram novos episódios a envolver a sua direção nacional”, afirmou ao se desligar da legenda.
Marta deu um abraço de afogados em Eduardo Cunha e Michel Temer, dois notórios corruptos. Perdeu a eleição à Prefeitura de São Paulo, que disputou pelo PMDB, em 2016, com pouco mais de 10% dos votos.
Agora, tem de se opor publicamente a causas que defendeu ao longo de sua trajetória — nem mesmo a base aliada de Temer tem discursado no Congresso pelas reforma trabalhista e da Previdência.
Na surpreendente derrota de hoje, por 10 a 9, na CAS, Marta enfrentou vários momentos de tensão. Reproduzimos os vídeos nesta página.
Abaixo, Marta barra a entrada de sindicalistas no plenário da Comissão, depois de pedido feito pelo senador petista Paulo Rocha:
Abaixo, o campeão dos trabalhadores no Senado, Paulo Paim, protesta contra a reforma trabalhista em dois pontos que tocam diretamente a vida das mulheres — trabalho de grávidas em lugares insalubres e horários de amamentação. São duas causas da feminista Marta.
Ele estranha que o Senado não queira abrir debate sobre o assunto, simplesmente carimbando a proposta aprovada na Câmara — é uma estratégia da base aliada para permitir que o governo Temer acelere o andamento da matéria.
Quando Paim esgota os 5 minutos, outro bate boca:
A senadora do PT, Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, lembra sua longa militância ao lado de Marta Suplicy, que a inspirou.
Suavemente, deixa Marta numa tremenda saia justa: por que as 11 emendas que a própria Marta apresentou ao projeto não são discutidas? Por que aprovar o relatório como se fosse um pacotaço? Qual é a garantia de que Temer vai vetar pontos do projeto, se ele pode cair antes?
Alegando que está no papel de presidir a comissão, Marta se esquiva do diálogo:
Na sequência, Marta Suplicy alfinetou a colega de partido Kátia Abreu (PMDB-TO).
Kátia queria saber o motivo da obsessão da presidenta da CAS em terminar a sessão às 12h30, motivo pelo qual vinha acelerando os colegas.
Marta devolveu o tijolo dizendo que Kátia, como não integrante da comissão, estava por fora do que fora acordado anteriormente.
Kátia criticou a pretensão do projeto de introduzir no Brasil o chamado “trabalho intermitente”. Na explicação didática do portal Vermelho, funciona assim:
Um empregador, que pode ser do ramo da produção, de bens ou de serviços, contrata um empregado por zero hora, sem valor de hora específica e sem vínculo empregatício. O empregado, por sua vez, na maioria dos casos, fica vinculado àquele contratante, de modo exclusivo. Pois bem, este trabalhador ou trabalhadora é chamado, em geral pelo telefone celular, sempre que o contratante necessita de seus préstimos. Assim, se, por exemplo, sou contratado por uma empresa de enlatados para trabalhar em uma determinada máquina, sou chamada por 4 horas, vou lá, trabalho por 4 horas, recebo minhas horas e aguardo a empresa me chamar novamente. Ela me chama por 8 horas, vou lá, faço às 8 horas, recebo por estas 8 horas e vou embora e aguardo a empresa me chamar e assim por diante. Se a empresa não quiser mais meus serviços simplesmente não me chamará mais, ou melhor, meu telefone celular não tocará. Pronto, termina a relação contratual: sem despedidas, sem indenizações, nem mesmo um obrigado ou um até logo.
Mas antes, as duas senadoras do PMDB trocaram chumbo (amiga vs. inimiga de Dilma):
Finalmente, embora não seja integrante da CAS, Renan Calheiros compareceu e pediu para falar.
Sentou-se ao lado do colega de partido e líder de Temer no Senado, Romero Jucá.
Quais são os argumentos do senador Renan Calheiros para aglutinar um grupo de oposição a Michel Temer no Senado?
Renan argumenta que as medidas econômicas de Temer estão levando o Brasil a um quadro “desesperador”:
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