Dois raios caem, sim, no mesmo lugar: Conselho de Ética arquiva caso de Aécio, que terá inquérito relatado pelo estafeta Gilmar

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Quem disse que um raio não cai duas vezes em um mesmo lugar?
Na mira de nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal, o senador afastado Aécio Neves recebeu a singela notícia de que o presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto (PMDB-PI), decidiu numa simples canetada arquivar o pedido de abertura de inquérito contra o Mineirinho feito pelo senador Randolfe Rodrigues e os deputados Ivan Valente e Alessandro Molon.
Mais que isso, Alberto defendeu Aécio: “O que fizeram com ele foi uma grande injustiça”.

Para recorrer da decisão ao plenário do Conselho, Randolfe busca ao menos cinco assinaturas de integrantes do órgão. Já garantiu as de Lasier Martins (PDS-RS) e José Pimentel (PT-CE).
Tem de conseguir mais três entre estes aqui: Pedro Chaves (PSC-MS), Airton Sandoval (PMDB-SP), David Alcolumbre (DEM-AP), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Eduardo Amorim (PSDB-SE), Gladson Cameli (PP-AC), Acir Gurgacz (PDT-RO), João Capiberibe (PSB-AP), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), Telmário Mota (PTB-RR) e Romero Jucá (PMDB-RR).
Como se sabe, Jucá — ele mesmo alvo de oito inquéritos — entrou para o Conselho de Ética em 30 de maio deste ano. Para estancar a sangria.
Será uma corrida contra Randolfe e o tempo. Partidários de Aécio gostariam de enterrar o caso de vez. Temem que o assunto esteja vivo quando a primeira turma do STF decidir se coloca ou não o tucano em prisão domiciliar.
Com Aécio usando tornozeleira eletrônica, seria muito mais constrangedora qualquer decisão pelo arquivamento tomada pelo plenário, com transmissão ao vivo.
Como se o tucano não tivesse razões para celebrar a surpresa da sexta-feira à tarde, a bolinha do STF — que não é viciada — sorteou Gilmar Mendes para relatar um, talvez dois dos inquéritos abertos no tribunal contra Aécio relacionados à delação da empreiteira Odebrecht.
Em qualquer lugar do mundo, Gilmar se declararia impedido, já que foi flagrado por escuta da Polícia Federal prestando serviços como se fosse um reles estafeta de Aécio.
Na ligação, reproduzida abaixo, Aécio pede a Gilmar que faça sua militância partidária convencendo o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) a votar favoravelmente ao projeto de lei do abuso de autoridade.

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