Temer já tem o seu AI-5, afirma Boulos, que pede saída do presidente

REPRESSÃO
Ativista afirmou que, com decreto chamando Forças Armadas, governo deu "atestado de incapacidade". Para sindicalista, polícia usou pretexto para tentar desmobilizar
por Redação publicado 24/05/2017 
REPRODUÇÃO
Guilherme Boulos
"Temer deve ser retirado do governo imediatamente", disse Boulos, que defendeu a "convocação imediata" de eleições diretas
São Paulo – "Michel Temer já tem seu AI-5 pra chamar de seu", escreveu, em rede social, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos. Segundo ele, a convocação de tropas das Forças Armadas, feita por decreto assinado hoje (24), "é o atestado de incapacidade de continuar governando o país". O Ato Institucional número 5, imposto pela ditadura em 13 de dezembro de 1968, inaugurou o período mais agudo de repressão do regime autoritário.

"Temer deve ser retirado do governo imediatamente", disse Boulos, defendendo a "convocação imediata" de eleições diretas. Durante a tarde, o ativista fez uma transmissão diante do Congresso na qual afirmou: "Faz quase duas horas que a polícia do Distrito Federal está jogando bomba no povo". Boulos falou em "barbárie" e disse que o episódio explicita o "abismo" existente entre o Congresso e a maioria da população, e "ainda quer (o Parlamento) se arvorar ao direito de definir quem é presidente da República". Ele estimou em 150 mil o número de pessoas presentes.
"A marcha foi muito boa, uma das maiores que o movimento sindical já fez", disse o 1º secretário da Força Sindical, Sérgio Luiz Leite, o Serginho, também pedindo a saída de Temer. "Esse governo não tem a menor condição e capacidade moral de propor reformas dessa envergadura. Como é que um presidente da República acusado em rede nacional pode mudar a vida de milhões de brasileiros?"
O sindicalista disse que a polícia do Distrito Federal mostrou-se "totalmente despreparada" para agir. "Dá impressão de que aproveitou isso (atuação de mascarados) para acabar com a manifestação. Usou como estratégia para desmobilizar." Ele também lamentou a convocação de Forças Armadas: "Estamos vivendo tempos antigos". Segundo o sindicalista,  havia preocupação das centrais com a presença de pessoas estranhas ao movimento. "Tomamos os devidos cuidados. A polícia preferiu não fazer a sua parte."
Serginho mostrou apreensão com a tentativa do governo de, mesmo sob pressão, tentar manter a agenda de reformas, como aconteceu ontem no Senado, quando o relatório da "reforma" trabalhista foi considerado como lido, mesmo sem apresentação formal. "Estão ficando especialistas em dar golpe."
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