Paul Craig Roberts: O Colapso da França

29/5/2017, Paul Craig Roberts (Blog)

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O eleitorado francês, leviano e de cabeça muito fraca votou a favor de abolir a nação francesa. Em cinco anos, a França já não passará de região cinzenta no mapa, um ponto geográfico, uma província na "Europa" – e a própria Europa já não passará de província no capitalismo global fracassado.

Os franceses tiveram uma chance derradeira de salvar-se e salvar a nação, mas preferiram não salvar coisa alguma, porque os franceses foram convencidos que ser francês é ser ou fascista ou racista. Por isso, os franceses derrotaram Marine Le Pen, líder do único partido político francês que pensa na França.

Depois de cinco anos de governo de Macron, já nada restará da França. Macron, o escolhido de Washington e dos banqueiros internacionais, representa, em palavras de Diana Johnstone,

“a elite transatlântica totalmente comprometida com a 'globalização', usando o que restar do poder dos governos nacionais para enfraquecê-los ainda mais, entregando o processo de decidir 'aos mercados' – quer dizer, ao capital internacional manobrado pelos maiores bancos e instituições financeiras, especialmente os bancos com sede nos EUA, como Goldman-Sachs.”


Macron se autodefine como um "diversityista" e diz que "não existe essa tal de 'cultura francesa'". A ministra do Exército e da Defesa de Macron diz que não se sente "francesa".

Macron segue a linha russofóbica dos neoconservadores norte-americanos e chegou, para tomar posse, num veículo militar.

Ainda não se sabe claramente por que Putin foi à França encontrar-se [ontem] com Macron, que está totalmente na gaveta de Washington. Talvez o governo russo acredite que há ameaça real de ataques terroristas na França e tenha ainda esperanças de convencer um governo 'ocidental' a unir-se à Rússia na verdadeira e efetiva "guerra ao terror". Ou talvez, Putin deseje descobrir se Macron faz alguma ideia do conflito em direção ao qual Washington está empurrando a Europa.

O convite de Macron a Putin talvez tenha sido sugestão de Washington, na esperança de manter Putin na esperança de alguma cooperação ocidental, enquanto Washington finaliza o plano de ataque.

Só dois países mantêm-se ativos na resistência contra a hegemonia mundial de Washington: Rússia e China. Dos dois, a Rússia é vista como maior obstáculo ao unilateralismo dos EUA. A Europa depende da energia russa, e os sistemas de armas nucleares russas são avançadíssimos.

O fato de que a soberania nacional russa dependa tanto da liderança de Putin faz da Rússia o ponto mais frágil e mais vulnerável à intriga construída e fomentada em Washington. Putin pode ser removido por assassinato. Diferente é o caso da China, cuja liderança é coletiva. Claro que há democracia no partido político que governa a China – e se governo democrático coletivo não servisse para mais nada, já seria valiosíssimo só por isso: os bancos podem derrubar quantos governos queiram, e ainda assim alguma força democrática pode resistir e insistir em governar a favor dos cidadãos. 

Para desqualificar todo o partido governante chinês, Washington conta com o serviço de organizações financiadas pelos EUA, que operam dentro da China para essa específica finalidade.

Washington está arrastando o mundo para um grande conflito. A essa altura os governos russo e chinês já sabem que estão sob mira. E Washington e Europa continuam a rejeitar cada tentativa diplomática de russos e chineses. Não falta muito para que se rendam à conclusão de que não lhes resta outra saída que não seja guerra.*****




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