Ouça íntegra da delação da JBS

Poder360 - 18/05/2017


(no 247)Leia transcrição da conversa entre Temer e Joesley Batista:
Joesley Batista: Queria primeiro dizer: estamos junto aí. O que o senhor precisar de mim, viu, me fala. Queria te ouvir um pouco, presidente. Como tá nessa situação toda, Eduardo, não sei o que, Lava Jato.
Michel Temer: O Eduardo resolveu me fustigar. Você viu que... Eu não tenho nada a ver com a defesa. O Moro indeferiu 21 perguntas dele que não tem nada a ver com a defesa dele. Era pra amedrontar. Eu não fiz nada [inaudível] no Supremo Tribunal Federal. [inaudível] Ele está aí, rapaz... É... [inaudível]
Joesley: Eu queria falar assim. Dentro do possível, eu fiz o máximo que deu ali, zerei tudo, o que tinha de alguma pendência daqui para ali, zerou tudo. E ele foi firme em cima e já estava lá, veio, cobrou, tal, tal, tal. Pronto. Acelerei o passo e tirei da fila. [Inaudível] O outro menino, companheiro dele que tá aqui, né? [Inaudível] O Geddel sempre estava... [barulho] O Geddel é que andava sempre ali, mas o Geddel também, com esse negócio, eu perdi o contato porque ele virou investigado, agora eu não posso, também...eu não posso encontrar ele.
Temer: É, cuidado, vai com cuidado. [inaudível] Não parecer obstrução da Justiça [inaudível].
Joesley: Agora... o negócio dos vazamentos. O telefone lá [inaudível] com o Geddel, volta e meia citava alguma coisa meio tangenciando a nós, e não sei o que. Eu estou lá me defendendo. Como é que eu... o que é que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora. Eu tô de bem com o Eduardo, ok...
Temer: Tem que manter isso, viu... [Inaudível]
Joesley: Todo mês. Também. Eu estou segurando as pontas, estou indo. Esse processo, eu estou meio enrolado aqui no processo, assim [inaudível]...
Joesley: É investigado. Eu não tenho ainda denúncia. Então, aqui eu dei conta de um lado do juiz, então eu dei uma segurada, do outro lado do juiz substituto que é um cara que ficou...
Temer: Está segurando os dois...
Joesley: É, estou segurando os dois. Então eu consegui um delator dentro da força tarefa que também está me dando informação. E lá que eu estou para dar conta de trocar o procurador que está atrás de mim. Se eu der conta tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar e tal, e o lado ruim é que se vem um cara com raiva, com não sei o quê.
Temer: [Inaudível].
Joesley: O que está me ajudando, tá bom, beleza. Agora, o principal... Tem o que está me investigando. Eu consegui colar um no grupo. Agora eu tô tentando trocar...
Leia reportagem da RBA sobre o assunto: 
O Supremo Tribunal Federal enviou na tarde de hoje (18) as gravações que integram as delações premiadas do frigorífico JBS para o Palácio do Planalto. No começo da noite, os áudios, de 39 minutos, foram divulgados para a imprensa.
Na noite de ontem, o jornal O Globo informou que os donos do frigorífico JBS gravaram Temer dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Operação Lava Jato. A informação dos empresários foi dada em delação à Procuradoria-Geral da República.
"Eu estou de bem com o Eduardo", disse um dos donos da JBS, Joesley Batista, ao presidente Michel Temer. "Tem que manter isso, viu...", respondeu Temer. Há também documentos e vídeos feitos pelos delatores e também pela Polícia Federal.
As delações de Joesley e Wesley Batista foram homologadas pelo ministro do STF Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, o que valida as gravações juridicamente e permite novas investigações com base nos áudios. Fachin autorizou a abertura de um inquérito para investigar o presidente.
"Queria te ouvir um pouco, presidente. Como tá nessa situação toda, Eduardo, não sei o que, Lava Jato", disse Wesley. "O Eduardo resolveu me fustigar. Você viu que... Eu não tenho nada a ver com a defesa. O Moro indeferiu 21 perguntas dele, eu não tenho nada a ver com a defesa dele", respondeu Temer.
Diante da repercussão sobre o assunto, Temer fez um pronunciamento por volta das 16h afirmando que não renunciará ao cargo.
O caso
Segundo o jornal O Globo, Joesley Batista entregou uma gravação feita em março deste ano em que diz a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada para que permanecessem calados na prisão.
No depoimento aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, Joesley afirma que não foi Temer quem determinou a mesada a Eduardo Cunha, mas que o presidente "tinha pleno conhecimento" da operação pelo silêncio do ex-deputado.
Em outra gravação, também de março, Temer indica o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para "resolver assuntos" da J&F, holding que controla a JBS. Posteriormente, Rocha foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, enviados por Joesley.
O colunista contou que os irmãos Joesley e Wesley Batista estiveram na quarta-feira passada (10) no Supremo Tribunal Federal (STF) no gabinete do ministro relator da Lava Jato, Edson Fachin – responsável por homologar a delação dos empresários. Diante dele, os empresários teriam confirmado que tudo o que contaram à PGR em abril foi de livre e espontânea vontade.

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