'Ex-presidente está tranquilo e preparado', diz senador

Segundo Humberto Costa, Lula vai "explorar as fragilidades e fraquezas do processo". Enio Verri afirma:“Nosso movimento será pacífico. Se tiver problemas, não serão de nossa parte”. Para Jandira Feghali, "sociedade está mobilizada e nós vamos enfrentar isso"
por Eduardo Maretti, da RBA publicado 09/05/2017 19h54, última modificação 09/05/2017 19h58
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Verri, Feghali, Humberto Costa
Humberto Costa (esq.), Enio Verri e Jandira Feghali destacam que ato e manifestações serão democráticos e pacíficos
São Paulo – Um voo das 6h50 desta quarta-feira (10) para Curitiba terá a presença de mais de 30 deputados e senadores que desembarcarão na capital paranaense para participar das manifestações na data do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal. Estima-se que mais de 50 parlamentares participarão do ato, na praça Santos Andrade, onde fica a Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O ato seria realizado na Boca Maldita, no centro da cidade, mas, após conversas com a prefeitura, chegou-se a um acordo pelo qual foi designada a praça, considerada um ponto “bem localizado” pelo deputado Enio Verri (PT-PR). Segundo o parlamentar, o movimento de ônibus chegando à cidade já é intenso. “O ato será gigantesco. Lula vai sair muito forte desse evento, independentemente do nível do debate com o juiz Moro.” Ele lembra que vai ser a primeira vez que o ex-presidente, como ele mesmo reitera, dirá “o que sabe e pensa, porque ele só fica sabendo pela imprensa”. O evento também fortalece a posição do campo da esquerda num contexto de criminalização da política e perseguição a Lula, acredita.
“Lula está muito tranquilo, ao mesmo tempo muito seguro e preparado para o depoimento”, diz o senador Humberto Costa (PT-PE). “Ele vai com certeza explorar as fragilidades e fraquezas do processo e, portanto, a nossa expectativa é de que ele reafirme a sua inocência. Esperamos que esse depoimento enseje um julgamento efetivamente justo e imparcial.” 

Para a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que também estará em Curitiba, a esperada grande presença popular a favor de Lula e o clima de embate entre ele e Moro foram provocados pela própria perseguição ao petista pela Operação Lava Jato e pelo Judiciário. “Chegou-se a esse ponto pela atitude seletiva do Judiciário e particularmente do juiz Moro contra Lula. Por isso chegamos a esse depoimento com esse grau de radicalização da sociedade. Estabeleceu-se como se fosse um ringue, um confronto, porque a seletividade e a perseguição política contra Lula gerou essa radicalização”, diz Jandira.
Hoje, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou pedido da defesa de Lula para adiar o depoimento desta quarta. O mesmo tribunal negou o pedido dos defensores para que a gravação do depoimento fosse feita pelos advogados. E, no início da noite, foi divulgada uma decisão do juiz substituto da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, Ricardo Augusto Soares Leite, suspendendo as atividades do Instituto Lula.
“A sociedade está mobilizada e nós vamos enfrentar isso. Lula tem direito de ser candidato. Se vai ser eleito ou não, o povo vai decidir. Impedir que ele seja candidato sem nenhuma prova não é aceitável”, diz Jandira Feghali.
Para Humberto Costa, Moro tem vivido dias desgastantes. “As últimas manifestações públicas que ele fez, especialmente pela internet, reforçaram para a população o fato de que ele tem quase que uma posição preconcebida em relação ao processo. Esse processo tem muitas deformações e distorções. Uma delas é que o juiz se comporta como se fosse um promotor”, avalia o senador.
No sábado, Moro divulgou pela internet um vídeo no qual pede aos apoiadores da Lava Jato para não irem a Curitiba para o depoimento. "Eu tenho ouvido que muita gente que apoia a Operação Lava Jato pretende vir a Curitiba manifestar esse apoio, ou pessoas mesmo de Curitiba pretendem vir aqui manifestar esse apoio. Eu diria o seguinte: esse apoio sempre foi importante, mas nessa data ele não é necessário. Tudo que se quer evitar nessa data é alguma espécie de confusão e conflito e, acima de tudo, não quero que ninguém se machuque", declarou o magistrado.
Os parlamentares do campo progressista que vão a Curitiba afirmam que não há possibilidade de violência ou baderna por parte dos apoiadores de Lula, como setores da mídia podem insinuar ou dar a entender. “É uma manifestação democrática, de apoio ao Lula, contra essa perseguição política. Baderna só se for do outro lado. Nosso lado não tem baderna. É uma manifestação pelos direitos democráticos e direito de defesa de Lula”, diz Jandira.
“Nosso movimento será pacífico. Se tiver problemas, não serão de nossa parte”, promete Verri. Segundo ele, existe uma relação cordial com a Polícia Militar do Paraná. “Tivemos grandes manifestações contra o impeachment e a PM sempre nos ajudou a evitar transtornos e nunca houve problema nenhum.  Aposto muito nessa construção e diálogo que temos com a PM, a secretaria de estado de segurança e nossos companheiros.”

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