O fim mais trágico para Temer é também o mais justo. Por Carlos Fernandes

Postado em 03 Mar 2017
Calamidade pública
Calamidade pública
O fim mais trágico para Temer é também o mais justo.
A agonia lancinante do governo Temer cresce com o passar dos dias e se aprofunda na exata medida que se evidencia a sua completa incapacidade para retirar o país da lastimável situação política, econômica e social que a sua irresponsabilidade democrática nos legou.
Circundado por corruptos, cafajestes, chantagistas, demagogos e incompetentes em geral escolhidos a dedo para o cenário de ilegitimidade em que se passa toda essa farsa, a sua base política, de tão mesquinha e imoral, só não é pior do que os próprios interesses que a norteiam.

Sedentos por direitos adquiridos e garantias constitucionais tal como hienas à procura de carniça, a quadrilha que tomou de assalto o projeto de governo aprovado nas urnas vem, nesses dez meses de atentado às instituições brasileiras, subjugando e criminalizando todas as conquistas sociais que, entre inúmeros benefícios, retiraram o Brasil do inominável mapa da fome no mundo.
Não por acaso é nessa toada que, passado o carnaval do “Fora Temer” que prenunciou o que está por vir, chegamos ao mês de março que marca o início da temporada 2017 de manifestações que fará ir às ruas não só aqueles que sempre souberam da tragédia anunciada que seria um governo alheio aos interesses da população, mas também uma boa parcela da massa de manobra que serviu caninamente à plutocracia e agora sente na pele as consequências de sua ignorância política.
Já ficou claro para a imensa maioria do povo brasileiro que defenestrar Temer com sua corja do poder já não é apenas uma vontade popular atestada nos consecutivos recordes de impopularidade atingidos por este senhor, mas sobretudo uma condição imperativa para o retorno da legalidade constitucional e normalidade democrática de uma República que foi reduzida, pelo seu egocentrismo, aos escombros de uma terra arrasada.
No meio político muitos já não questionam mais “se” Temer será afastado, mas sim “quando” e mais do que isso, “como” ele será afastado. Após a delação de Marcelo Odebrecht ao TSE onde se confirmou a cobrança de R$ 10 milhões no Palácio do Jaburu em doações via caixa 2, é praticamente um consenso que o presidente que entrou pela porta dos fundos não sairá pela porta da frente.
Dada a esteira de maldades, entreguismos e retrocessos patrocinados pela sua gangue, sair do poder – que ele roubou de uma forma tão rasteira e traiçoeira – através da cassação da chapa Dilma-Temer, ainda que legal e atingindo os fins necessários, não seria a representação justa e fiel de punição para todos os malfeitos por ele cometidos.
Para muito além dos seus crimes eleitorais, Michel Temer construiu uma ficha corrida que atenta não apenas contra leis constitucionais, mas principalmente contra a honra, a dignidade, a fidelidade, a confiança, o respeito, a hombridade e o dever com o seu povo e com a sua pátria.
Temer não deveria ser cassado pelo TSE. Não que a lei não preveja isso, mas porque sequer deveria ser dado tempo ao seu julgamento. Tampouco Temer deveria ser cassado pelo Congresso Nacional que, demonstrado está, não possui legitimidade nem muito menos idoneidade para por ou tirar quem quer que seja de um cargo público.
Justiça fosse de fato feita, Michel Temer deveria ser arrancado do poder pelo próprio povo brasileiro e jogado nas masmorras da maior tragédia que pode acontecer a um homem que se queira público: o mais frio, incondicional e irreversível esquecimento.
Carlos Fernandes
Sobre o Autor
Economista com MBA na PUC-Rio, Carlos Fernandes trabalha na direção geral de uma das maiores instituições financeiras da América Latina

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