Moro e mídia usam condenação do Cunha para legitimar arbítrio contra Lula. Por Jeferson Miola
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O colunismo oficial do golpe apressa-se em narrar a condenação de Eduardo Cunha como prova de isenção e imparcialidade da Lava Jato [sic].
No Globo desta sexta-feira 31/3, Merval Pereira escreveu que a condenação de 15 anos imposta pelo juiz Sérgio Moro tira “do partido do ex-presidente Lula a desculpa esfarrapada de que há uma perseguição seletiva contra ele e o PT”. Merval mente; o que ele diz é rigorosamente falso. A mídia golpista fabrica “verdades alternativas” – como diria FHC, “acadêmico” da ABL assim como Merval – para distorcer a realidade e ocultar o objetivo político real e camuflar a razão de ser da Lava Jato no plano político, que é a caçada ao Lula e a liquidação do PT.
O objetivo econômico da Operação, como demonstra a recessão econômica, está em estágio avançado de execução: a Petrobrás destroçada, o pré-sal e a cadeia de gás e petróleo entregue ao capital estrangeiro, a tecnologia e a engenharia nacional devastada e milhões de empregos de brasileiros evaporados.
A condenação do Eduardo Cunha, a primeira de vários processos judiciais a que o sócio do Temer responde, na realidade aconteceu tardiamente, porque as sobradas razões para condená-lo foram trazidas a público antes mesmo da eleição dele para a presidência da Câmara, onde foi mantido para orquestrar o golpe através do impeachment fraudulento da Presidente Dilma.
Há, em relação a Eduardo Cunha, montanhas de provas materiais, documentais e testemunhais do seu envolvimento antigo com o mundo do crime e da sua associação criminosa com a cleptocracia que tomou de assalto o poder de Estado.
Conhece-se, por exemplo, as contas milionárias do “caranguejo” [seu codinome nas planilhas de propina da Odebrecht] na Suíça, bem como os acertos pecuniários prévios à votação de matérias de interesse das empreiteiras no Congresso e para a liberação de empréstimos da CEF.
Nas acusações feitas ao sócio Michel Temer na forma das perguntas que foram proibidas pelo juiz Sérgio Moro para proteger o presidente usurpador, Cunha não só se auto-incriminou, como incriminou de maneira induvidosa sua quadrilha. Ele forneceu detalhes pormenorizados sobre a divisão das propinas, os locais de entrega do dinheiro roubado e as funções de cada elemento da quadrilha – um deles desempenhando o papel de “mula” para o transporte do produto do roubo.
São abundantes e robustos, portanto, os fundamentos para a condenação do Cunha, assim como o são os fundamentos para o julgamento e condenação dos seus parceiros de crime, a maioria deles protegidos com o foro privilegiado.
A Lava Jato e a mídia golpista usam a condenação do Cunha, que é uma obviedade jurídica, para sedimentar a falsa ideia de imparcialidade da Lava Jato e, desse modo, legitimar o arbítrio montado pelo Moro para condenar o ex-presidente Lula sem o menor fundamento jurídico, legal e constitucional.
Diferentemente do Eduardo Cunha, contra Lula não existe nenhuma prova documental, material ou testemunhal para sequer acusá-lo; quanto mais para processá-lo, julgá-lo e condená-lo. O que existe, na realidade, são apenas as convicções dos fascistas da força-tarefa da Lava Jato, dominados por uma obsessão patológica de condenar Lula, que afrontam o Estado de Direito e a Constituição para liquidar adversários políticos.
Moro, como sempre programa, escolheu o timing estratégico para a condenação do Cunha. Ele prepara o terreno da manipulação midiática e jurídica a poucas semanas da audiência do Lula em Curitiba, no dia 3 de maio próximo, a qual ele preside num contexto de fracasso das mobilizações da direita no último domingo, de desgaste pessoal com o sequestro arbitrário que promoveu do blogueiro Eduardo Guimarães e, principalmente, do crescente apelo popular pela eleição do Lula para resgatar o Brasil.
O condomínio jurídico-midiático-policial está construindo o discurso dos golpistas fascistas para legitimar a caçada ao Lula.
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