Emir Sader: Moro não é um juiz, é um inimigo político do Lula
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A forma como atua, desde o começo, Moro contra o Lula, é a forma de atuar de um inimigo político. De um tucano, mais especificamente, porque ao mesmo tempo poupa completamente seus correligionários, a ponto que a própria FSP declara que Aécio não pode ser blindado como tem sido até agora. E a blindagem vem, antes de tudo, do Moro, que chegou a afirmar, cinicamente, nos EUA, que não tinha avançado nenhum procedimento contra os tucanos, porque nenhuma denúncia tinha chegado a ele. Porque da mesma forma que trata o Lula e os petistas como inimigos, trata os tucanos como seus correligionários.
Moro é um quadro político da direita, antenado com as linhas de ação dos EUA, como a revelação da reunião revelada pelo Wikileaks confirma com data e declarações explícitas de que se trata de uma guerra do império contra as forças populares da América Latina. Um quadro que se baseia nas teorias do Estado de exceção para, alegando que se vive uma situação excepcional, em que a corrupção permearia toda a história do país e que permitiria, por isso, atuar acima da lei, com formas excepcionais, a ponto de tentar impor aceitação legal formas de interrogatório que incluam até mesmo a tortura, com tal que se busque um objetivo considerado positivo.
As arbitrariedades das formas como acusa o Lula, da forma como atua contra o Lula, da maneira como trata o Lula – "nine", conforme textos escritos por ele para seus comparsas -, as formas autoritárias como encara os processos do Lula, confirmam evidentemente de que não se trata de um juiz, com a imparcialidade que se espera de um juiz, mas de alguém interessado, acima de qualquer coisa, acima de qualquer preceito legal, em destruir politicamente o Lula.
A forma como tentou prender o Lula e levá-lo para seu feudo em Curitiba, há exatamente um ano atrás, sem nenhum fundamento jurídico, já demonstra que sua ação é para tentar desmoralizar publicamente a figura do Lula. As acusações, para as quais não encontra nenhuma testemunha, sobre o tal do tríplex ou o sítio do pedalinho, são ridículas. Considerar o Lula como réu das acusações do power point mais grotesco da história jurídica do pais, revela como Moro está disposto a passar por qualquer situação insustentável, com tanto de tentar condenar o Lula.
Ele se presta ao serviço que o golpe precisa para se consolidar: tirar, pelo tapetão, o Lula da disputa eleitoral. Porque sabem, ele e todos os outros membros da direita golpista brasileira, que o Lula é o presidente mais querido, de longe, pelos brasileiros, que sentem enorme saudade dele, e que ele é favorito para voltar a governar o país, caso o povo recupere o direito democrático de decidir quem deve ser o presidente do Brasil.
A tentativa de prender o Lula de forma arbitrária, a revelação indevidas das conversas do Lula com a Dilma e de conversas familiares da Dona Marisa com seus filhos, a aceitação de denúncias sem nenhum fundamento e com todas as testemunhas – inclusive as arroladas por ele – absolvendo o Lula, a presença em eventos políticos e em festas dos tucanos, com promiscuidade escandalosa – bastam para que Mora seja considerado incompetente para julgar o Lula. No entanto, ele extrai as delações que lhe interessam, monta o processo, acusa, se declara imparcial para tocar o processo, e quer julgar e condenar o Lula, para prestar serviço para seus comparsas tucanos e toda a direita golpista brasileira.
Moro é uma nova versão do Carlos Lacerda. Se vale de denúncias de corrupção, não para acabar com ela. Seus ganhos de marajá, por si só, já o desclassificariam para aparecer como justiceiro da moralidade. Tenta instrumentalizar as denúncias com objetivos políticos claros, de desqualificar o Lula e o PT, para abrir caminho para a consolidação do golpe.
É um personagem desprezível, incompatível com a democracia, preconceituoso contra o maior líder politico da história do Brasil, que quer se promover às custas da própria imagem popular do Lula. Deveria deixar a pantomima de juiz e se lançar diretamente à vida política e partidária. Mas tem pânico disso, porque sabe que em condições de disputa pública em igualdade de condições, Lula o destroçaria, o desmascararia, o colocaria no seu devido lugar. E ele é um covarde, que só pode encarar uma relação em situação de superioridade, valendo-se do arbítrio da sua posição atual. Dia 3 vai ter que baixar os olhos diante da presença e dos argumentos inquestionáveis do Lula e da presença moral do líder que os brasileiros desejam que volte a presidir o país. Quando da morte da Dona Marisa, Lula classificou, a ele e a seus comparsas, de facínoras. Sabe portanto o que Lula pensa dele, não terá condições de olhar nos olhos ao Lula.
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