Camponesa denuncia: “Ficamos presas no ônibus por 3 horas; nem água para as crianças a PM deixou entrar”
.As mulheres encarceradas moram em assentamento do MST. Elas levaram aproximadamente dez quilos de quiabo e jiló para distribuir na cidade. As crianças acabaram comendo um pouco, pois a PM não deixou entrar nem água |
Neste 8 de março de 2017, Dia Internacional da Mulher, cerca de 80 camponesas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) receberam de “presente” da Polícia Militar de Goiás o encarceramento dentro de um ônibus.
Foi no município de Formosa.
ÀS 8h desta quarta-feira, 8 de março de 2017, elas ocuparam o prédio do INSS no local.
Objetivo, segundo a nota da direção estadual do MST: “Denunciar o projeto de reforma da Previdência , que ataca principalmente o campesinato e as mulheres”.
Às 8h30, a Polícia Militar (PM) chegou e, na base da truculência, desocupou o prédio.
“Eles [os policiais] colocaram a gente dentro do ônibus e nos levaram para a delegacia”, conta ao Viomundo uma delas, que pediu para não ser identificada devido à contínua perseguição dos movimentos populares pela PM no Estado. Tem 35 anos, dois filhos; na hora, eles estavam na escola.
“Ficamos presas dentro de um ônibus por três horas”, prossegue. “Nem água a polícia deixou entrar para as crianças.”
“Ainda há dois companheiros presos”, lamenta. “Vamos ficar aqui até serem soltos.”
“Como a PM costuma ser violenta nas ocupações, eles foram juntos para nos ajudar”, explica.
“Agora, a polícia quer enquadrá-los por depredação do patrimônio”,
“Só que quem destruiu coisas foram os próprios policiais”, denuncia. “Inclusive derrubaram uma porta em cima de senhora, que está hospitalizada.”
“Foi o presente que ganhamos no Dia da Mulher”, afirma.
Abaixo a nota da direção estadual do MST antes de as mulheres serem libertadas.
NOTA
Na manhã deste dia 08 de março, Dia Internacional da Luta das Mulheres, cerca de 200 camponesas assentadas ocuparam o prédio do INSS, no município de Formosa, Goiás. A mobilização denuncia o projeto de reforma da previdência, que ataca principalmente o campesinato e as mulheres.
Apesar de ser uma luta pacífica e integrante de um calendário nacional de mobilizações, a polícia do estado de Goiás, seguindo a linha de truculência e repressão com que tem agido contra os movimentos populares no último ano, mantém 80 companheiras presas dentro de um ônibus, exigindo que entreguem 02 pessoas para serem presas por conta da ocupação.
Exigimos o respeito à liberdade de organização e a liberação das companheiras que estão reivindicando seus direitos!
Nenhum direito a menos! Viva a luta das mulheres camponesas!
Direção Estadual do MST – Goiás
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