André Araújo: A retomada fantasma da economia

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por André Araujo - no GGN - 08/03/2017

A RETOMADA FANTASMA - Os ciclos recessivos não se resolvem apertando um botão, o processo é lento e passa pelo aumento da renda na ponta da demanda. O Brasil não está apenas em recessão, trata-se de uma DEPRESSÃO, fase mais profunda pela decorrência do tempo da recessão e de sua perspectiva de permanência.
 
A declaração do Ministro da Fazenda de que "a recessão acabou" indica não só leviandade incompatível com o cargo, pressupõe também um completo desconhecimento de economia, de história da economia e de história do pensamento econômico, o ciclo da recessão tem uma duração de ida e volta que se contam por anos e não por semanas.
 
Como é possivel estar em recessão no último trimestre de 2016, e os números do IBGE divulgados na segunda feira mostram isso, e no trimestre seguinte, como por milagre, dizer que a recessão acabou?
 
A recessão, como o câncer, não acaba de um dia para o outro e depende de condições objetivas que não se apresentam.
 
Um dos clássicos sinais do reaquecimento da atividade econômica é a alta da inflação e não seu oposto, a BAIXA DA INFLAÇÃO no caso brasileiro indica perda do poder de compra, os produtos e serviços não tem compradores e com isso o mercado esfria, empregos são cortados e a recessão se transforma em depressão.
 
Na crise de 1929, o fim da recessão se deu exclusivamente pelo aumento do poder de compra pela criação de empregos por políticas públicas, os CIVILIAN CONSERVATION CORPS, que criou seis milhões de empregos e a RECONSTRUCTION FINANCE CORP., que salvou 120.000 empresas injetando dinheiro na economia. A saída da crise levou 8 anos e só terminou com a Segunda Guerra e suas imensas encomendas de material bélico, todo processo que determinou o fim da Grande Depressão se deu por expansão monetária em grande escala para gerar poder de compra.
 
A impressão que se tem hoje no Brasil, tanto na equipe econômica como na midia econômica, é de um absoluto desconhecimento de princípios elementares de economia, em achar que se sai da recessão com pequenos gestos e micro iniciativas, como R$ 17 bilhões em concessões que se pretende lançar. As concessões mudam a gestão de ativos públicos para administração privada, NÃO CRIAM EMPREGOS e não tem como sequer fazer coceira na recessão.
 
A recessão-depressão brasileira necessita de DOIS TRILHÕES DE REAIS de expansão monetária para criar demanda, será preciso correr o risco de inflação que pode ocorrer em pequena escala, não existe outro meio de sair da recessão em prazo razoável. Na atual política econômica, NÃO HÁ NENHUM ELEMENTO para sair da recessão.
 

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