TEMER CONDUZ O BRASIL A MAIS UM CICLO DE DITADURA

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por José Carlos de Assis - 13/02/2017

A democracia é um sistema altamente vulnerável a demagogos. Sabemos disso desde Platão. Independentemente disso, adoramos a democracia e apresentamos múltiplas razões para repelir a ditadura. Quando olhamos para a história, contudo, vemos assustados que foi durante dois períodos de ditadura que o país lançou as bases de sua infraestrutura econômica. E foi, ou está sendo nos períodos de democracia que entregamos de forma sórdida, a grupos estrangeiros, grande parte da infraestrutura econômica que as ditaduras construíram.

A Vale do Rio Doce, que ao longo do tempo se tornaria a maior mineradora do mundo, construída por Getúlio Vargas, está sendo entregue totalmente à Mitsui e ao Bradesco, um braço brasileiro do sistema bancário mundial. A Petrobrás, também criada por Getúlio, caiu em mãos de um tecnocrata falacioso que tem por missão retalhar a empresa para privatizá-la aos pedaços. A siderurgia criada por Getúlio e ampliada pelo governo militar de 64 foi dilapidada e entregue a grupos privados oportunistas no Governo Collor.

As telecomunicações implantadas pelo regime militar foram entregues a grupos privados internos e externos pelo Governo Fernando Henrique. Também foi desnacionalizada parte da produção de energia elétrica, só não tendo sido entregue toda ela porque foi salva pelo apagão de Fernando Henrique, que deixou todos assustados. A produção de fertilizantes do II PND também foi vendida, assim como a petroquímica. O modelo tripartite tornou-se unipartite, isto é, sob o domínio quase único do capital estrangeiro. Tudo a preço vil.

Se considerarmos a rede de relações empresariais e sociais estabelecida por esses setores criados por regimes ditatoriais, temos que concluir que, sem eles, nossa vida material teria sido e continuaria sendo extremamente precária. Dos objetos de aço à energia elétrica, do fertilizante à gasolina, das telecomunicações à petroquímica, nada disso surgiria espontaneamente via capital privado, que nos trataria como uma dessas republiquetas latino-americanas condenadas a vender matérias-primas para comprar manufaturados.

Acaso estou sugerindo que ditadura é melhor que democracia? Claro que não. O que essas referências indicam é que precisamos de cuidar muito bem da democracia pois do contrário ela se torna presa de uma canalha que vende a própria alma ao capital estrangeiro. O que a cúpula do Governo Temer, com figuras como Moreira Franco e Padilha, está fazendo com o Brasil é inacreditável. Querem vender às pressas todo o patrimônio público. A própria pressa é suspeita. É política de terra arrasada e do fato consumado.

Se não confrontarmos os vampiros que aproveitam a democracia para tirar o sangue da Nação cairemos numa ditadura por exaustão das condições sociais que não podem se sustentar sem uma base econômica sólida. A infraestrutura econômica feita pelas ditaduras possibilitou condições favoráveis para a democracia. A destruição econômica do país que está sendo promovida pelo Governo Temer, que sequer precisa de usar recursos demagógicos pois comprou a base de apoio, está abrindo espaço para uma nova ditadura no Brasil.

É claro que, na hipótese de uma ditadura, seremos milhões de brasileiros que certamente lutarão contra ela. Entretanto, como a última durou 20 anos, é um tanto desanimador para gente da minha idade sequer considerar essa hipótese. Diante disso, só me resta, e acredito que também a muitos outros, uma alternativa: lutar decididamente contra o Governo Temer para impedir que, entregando o Brasil ao capital financeiro vadio e ao capital estrangeiro, ele acabe conduzindo o país a mais uma ditadura, que será muito difícil combater.

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