Emir Sader: Um governo que odeia o Brasil
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O complexo de vira-lata é pouco para definir o que faz com o Brasil o governo surgido do golpe. A foto de FHC com a linguinha de fora e o rabinho abanando para Bill Clinton e seu ministro de Relações Exteriores tirando o sapato no aeroporto de Nova York espelhavam o complexo de vira-lata que o governo tucano tinha.
Era o sentimento de que o Brasil não dá certo, que é preciso desmontar o Estado brasileiro, entregar tudo pro mercado e pro capital estrangeiro. Ter inveja de tudo que é norte-americano e europeu, desejar viver lá, de costas para o Brasil.
Mas o governo golpista de Michel Temer é ainda mais do que isso. É um governo que odeia o Brasil. Seu programa original, feito por Moreira Franco, já reunia as piores iniciativas disponíveis, tendo como carro chefe: Privatização, que não significa apenas tirar empresas do patrimônio público, mas ao mesmo tempo significa entregá-las na mão de empresas estrangeiras, como tudo o que criminosamente Pedro Parente está fazendo na Petrobras. Liquidar patrimônio do país em troca de dinheiro que ninguém nunca sabe onde vai parar – até hoje os tucanos não explicaram o que fizeram com a dinheirama que faturaram com a privatização, até porque entregaram o governo com 11 vezes mais dívida pública do que tinham recebido.
É uma sanha de destruir tudo o que é brasileiro, entregá-la nas mãos de empresas estrangeiras, enfraquecer não apenas o Estado brasileiro, mas o próprio Brasil. Quem pode ter gana disso senão quem odeia o país, quer ver o Brasil enfraquecido, empobrecido, sem patrimônio, pedindo emprestado lá fora?
Promovem uma imagem pequena, vergonhosa do Brasil lá fora. Agem diariamente contra a auto estima dos brasileiros. Usam o aumento do desemprego como "variável contra a inflação", de maneira desumana, e nem controlar a inflação, com profunda depressão econômica, conseguem.
Atacam os direitos dos trabalhadores com mentalidade tacanha de grande empresário que só pensa em maximizar seus lucros à custa da miséria dos salários que paga. Corta recursos das políticas sociais, alegando que se gastava demais em educação e em saúde (apud Meirelles), com crueldade de punir os mais frágeis por serem pobres. Insistem em diminuir a idade da imputabilidade penal como se os jovens pobres e negros já não fossem vítimas diárias do genocídio praticado pelas policiais. Querem cortar ainda mais os direitos das mulheres, dos LGBT, dos povos indígenas, de todos os que já sofrem a discriminação cotidiana.
Odeiam o Brasil, o seu povo, o ser brasileiro, odeiam a democracia, odeiam Lula como o maior líder popular do país, odeiam a mídia independente, odeiam o Estado brasileiro, a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, tudo o que tem cheiro de Brasil e de povo.
Merecem o ódio de todos os brasileiros, de todos os que defendem o Brasil, de todos os que trabalham diariamente para produzir as riquezas do país, de todos os que lutam por uma mídia pluralista, de todas e todos os brasileiros, que saberão derrotar os que odeiam o Brasil e julgá-los e condená-los, democraticamente, num país justo e democrático, dos que amam o Brasil.
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