A DURA CONVIVÊNCIA DOS BRASILEIROS COM O GOLPE

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EMANUEL CANCELLA - 04/02/2017

A mídia, principalmente a Globo, o STF, o MPF e o Congresso Nacional são os guardiões do golpe no Brasil. Cantado em prosas e versos, pelo mundo, e negado no Brasil.

E a ministra Rosa Weber chegou ao cúmulo do absurdo de interpelar a ex- presidenta Dilma para explicar a palavra “golpe” (1).

A mídia tenta o tempo todo legitimar o presidente golpista Michel Shell Temer. Isso em todos os dias do golpe, que começou no dia 13/05/16. Por coincidência, treze de maio foi o dia da libertação dos escravos no Brasil e o golpe, caso deixemos, fará com que, não só negros mas brancos, retomemos à escravidão,  pois a aposentadoria já está pior do que a lei dos sexagenários (Lei n.º 3.270 de 1885).

Na Venezuela, o golpe em 2002 durou apenas 47 horas (2). No Brasil já são mais de seis meses. Na Venezuela, os golpistas fugiram para Miami, onde mora a ampla maioria dos golpistas fugitivos de nações, principalmente os da América Latina, quando agem a serviço do tio Sam.

Assim como na Venezuela, no Brasil, o pano de fundo do golpe são os ianques querendo se apossar de nosso petróleo. Temos que gravar o nome e a imagem de cada um dos golpistas, pois vamos cobrar de todos eles.

Pelo retrospecto, a Globo será a primeira a abandonar o barco, já que fez isso na ditadura militar, com Fernando Collor de Mello e com Eduardo Cunha. Agora não será diferente!

Não estou propondo nenhum tribunal popular, mas essa gente tem que pagar pelo golpe na nossa democracia, pelos 12 milhões de desempregados, pelos sem aposentadoria, pela deposição sem crime da presidenta Dilma, por dona Marisa Letícia e por toda sua família e por todos os prejuízos a esta nação.

Como também pela morte suspeitíssima do ministro Teori Zavaski, na véspera de homologar as delações da Odebrecht.

Quem matou Teori não sei! Mas com certeza que o motivo foi no sentido de controlar as delações, principalmente se seletivas ou sob segredo de justiça. Ao que parece Teori não aceitava ser monitorado.

Vou contar, para reflexão dos golpistas, um fato vivido por mim, que mostra um pouco da recente história politica no Brasil. Aconteceu na Petrobrás, no governo Sarney, maio/1988. Eu mais sete companheiros fomos demitidos no Rio na sede da Petrobrás, por organizar e participar de uma greve nacional. Um dos demitidos foi Gil Marinho, que trabalhava na área de materias (Sermat) e tinha ido para o sindicato a meu convite. Na época, seu chefe, que não vou citar o nome, em respeito a seus familiares, disse vangloriando-se, que ele pessoalmente tinha demitido o companheiro Gil. Meses depois Gil foi reintegrado pela Petrobrás assim como todos os demitidos inclusive, eu. Gil Marinho hoje, aposentado, mora na Ilha de Paquetá, no Rio.

O chefe e carrasco de Gil Marinho, no governo de FHC foi promovido a diretor da Petrobrás, na área de petroquímica.

Na Privataria Tucana, uma das áreas afetadas foi a de petroquímica. A Aepet, representante dos engenheiros e profissionais da Petrobrás, pediu na época, como lhe faculta a lei, informações técnicas sobre a área cogitada de privatização, ao então diretor que no passado, tinha demitido o sindicalista.

O diretor, do alto da sua arrogância, disse que não daria informação. A Aepet entrou na justiça e não me lembro de ter conseguido as informações, mas conseguiu embargar os bens do diretor autoritário. Esse diretor, nesse período, de forma fulminante, foi acometido de um câncer terminal e veio a falecer. A família do diretor morto teve que pedir a Aepet para liberar seus bens, pois estava enfrentando dificuldades.

Não tenho provas mas plena convicção de que os golpistas vão pagar! Com juros e com correção monetária. Apesar de acompanhar o pensamento do papa Francisco que diz que: “Quando você comemora a morte de alguém, o primeiro que morreu foi você mesmo.”

Encerro com trecho da música de Beth Carvalho que se encaixa como uma luva ao golpista Michel Shell Temer: “Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão! Chora (...)”.

Fonte:

*Emanuel Cancella que é da coordenação do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e autor do livro “A outra face de Sérgio Moro”

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