Resposta ao projeto do “covil de ladrões” é uma revolução brasileira que cobre imposto dos ricos e reveja dívida

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por Luiz Carlos Azenha - no VIOMUNDO - 14 de janeiro de 2017 às 20h29

Temer declarou guerra. A conciliação de classes se esgotou. As opiniões são do professor Nildo Ouriques, da Universidade Federal de Santa Catarina.
“O governo Temer decretou guerra contra todos nós e pretende devolver o Brasil ao período pré-30. Não se trata de reforma da Previdência, na verdade é a supressão do estatuto previdenciário. É a supressão da CLT nos termos de Temer, proposta que já circulava nos tempos do governo Dilma”, afirma.
“O negociado sobre o legislado num contexto em que a taxa de desemprego é de dois dígitos e vai crescer ainda mais, 14 ou 15 milhões de desempregados este ano”, lembra.

Trocando em miúdos: o resultado de negociações salariais entre patrões e empregados, nas quais os trabalhadores estão enfraquecidos, vai valer mais que leis aprovadas anteriormente pelo Congresso, em conjuntura diversa.
Resultado: arrocho de fazer inveja ao aplicado pela ditadura militar.
As propostas de Temer,  que retiram direitos sociais e trabalhistas, remetendo ao período pré Getúlio Vargas, segundo o professor Ouriques serão agravadas pela perenização de um quadro de austeridade de longo prazo. Os cortes vão cair — já estão caindo — nas costas dos mais pobres.
“Essa guerra de classes foi declarada por um governo corrupto, cujas principais decisões saem de um covil de ladrões, num Congresso Nacional com mais de 280 deputados e senadores delatados, denunciados e com processos de toda ordem tomando decisões que só poderiam ser tomadas por plebiscito”, acrescenta.
Na opinião de Ouriques, mesmo que Lula seja reeleito em 2018 não dará conta de promover as reformas das quais o Brasil precisa.
“A ideia do Lulinha paz é amor é a ideia de um pacto de classes num momento em que a burguesia declara guerra aos trabalhadores”, diz. Para o professor da UFSC, as medidas tomadas por Lula em seus dois governos e pela presidente Dilma em seu período no Planalto só foram possíveis numa conjuntura econômica internacional que desapareceu.
“Não há governo que possa tirar o Brasil da crise sem romper o pacto de classes e responder à guerra que Temer está colocando para todos nós”, afirma. Quem pensa diferente “não entende a natureza financeira da crise do Estado brasileiro”.
Superar esta crise implica, por exemplo, numa reforma tributária “em que banqueiro pague imposto, latifundiário pague imposto e executivo de multinacional pague imposto”, além de uma auditoria da dívida interna que cancelaria boa parte dela.
Assim, é preciso pensar numa “revolução brasileira”, que “faça o que a proclamação da República não fez, que é instalar uma República de iguais”. Para Ouriques, “não se trata mais de promover políticas públicas caritativas, fazer a digestão moral da pobreza que Lula produziu no Brasil, mas fazer as grandes reformas, como a agrária” — sem a qual, na opinião dele, é impossível o controle inflacionário.
Para o professor da UFSC, a revolução brasileira passa pelo resgate de autores que foram “banidos” pelas universidades — para Ouriques, hoje elas só reproduzem o pensamento que vem de fora.
Dentre os autores “malditos”,  Manoel Bonfim, Ruy Mauro Marini, Alberto Guerreiro Ramos, Darcy Ribeiro, Franklin de Oliveira, Gondin da Fonseca e Álvaro Vieira Pinto.
Também seria condição para essa mudança — que na opinião de Ouriques pode resultar de uma combinação de pressão nas ruas e jogo eleitoral — que haja conciliação “entre marxistas que sempre foram anti-nacionalistas e nacionalistas que sempre foram anti-marxistas”.
Vale a pena ouvir a íntegra da entrevista (clicando abaixo), que inclui uma avaliação do estado da universidade brasileira hoje.

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