Na prefeitura de SP, manifestantes queimam 'catracas' contra aumento nas tarifas

TRANSPORTE PÚBLICO
Participantes do Movimento Passe Livre entregaram simbolicamente a Doria o prêmio 'Aumento Inovador', caracterizado por uma catraca dourada
por Sarah Fernandes, da RBA publicado 19/01/2017 21h28, última modificação 20/01/2017 00h24
TERREMOTO ARY/ JORNALISTAS LIVRES
Passe livre
Apesar de grande efetivo policial que acompanhou manifestantes durante trajeto, ato seguiu tranquilo
São Paulo – Pelo menos 200 manifestantes marcharam na tarde de hoje (19), sob chuva, da estação da Luz até a prefeitura de São Paulo, ambas na região central da cidade. O Movimento Passe Livre (MPL) exige que a Justiça mantenha a decisão de não aumentar a tarifa de integração dos ônibus com trens e Metrô, proposta pelo governador Geraldo Alckmin e pelo prefeito João Doria – e suspensa pela Justiça no último dia 10. 

Na prefeitura, os participantes do protesto entregaram simbolicamente para Doria o prêmio Aumento Inovador, caracterizado por uma catraca dourada, em uma sátira por ele ter inovado na forma de aumentar a tarifa, depois de prometer em campanha eleitoral mantê-la congelada, o que foi feito somente para a passagem unitária. Na frente do prédio, um grupo queimou catracas de papelão, uma ação tradicional do movimento, contra as tarifas do transporte público.
“Nesse ato vamos denunciar o acordo entre João Doria e Alckmin, que permitiu o aumento da integração entre ônibus e Metrô”, disse um dos organizadores, em um vídeo postado na página do movimento no Facebook. “É a segunda tentativa de entregar troféu catraca de ouro para Doria. Agora vamos entregar uma catraca ainda maior, do tamanho do aumento que quer entregar contra o povo."
A concentração começou às 17h em frente ao prédio da Pinacoteca do Estado. Por volta das 18h30, os manifestantes saíram em marcha pelas ruas do centro, segurando cartazes e entoando palavras de ordem contra o aumento. Durante o trajeto, eles foram acompanhados por grande efetivo policial, mas o ato seguiu pacífico do princípio ao fim.
Diferentemente do primeiro ato, realizado no dia 12, os manifestantes não foram impedidos pela polícia de chegar ao destino. Na quinta-feira passada, os participantes do protesto saíram da Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, rumo à casa do prefeito João Doria, no Jardim Europa, na zona oeste, onde entregariam para ele o prêmio Aumento Inovador, porém, a Tropa de Choque os impediu de prosseguir "por motivo de segurança", segundo entrevista de um oficial ao coletivo Jornalistas Livres. Os participantes entregaram o prêmio para o comandante da operação.

Nova derrota para Alckmin e Doria

Na noite de ontem (18), o desembargador Spoladore Dominguez, da 13ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), negou novo pedido de Alckmin para suspender a liminar que impede o reajuste das tarifas de integração e das linhas intermunicipais da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), além da taxa que seria cobrada para acessar plataformas de terminais. O mérito do agravo de instrumento ainda será julgado.
Na decisão, o desembargador argumenta que não há risco irreparável ou prejuízo que justifique a elevação das tarifas e considerou que a medida traria impacto negativo para o usuário. (“...) o alegado prejuízo ao estado (R$ 404 milhões, apenas no exercício de 2017) não se consolidará, de forma imediata, a curto prazo”, afirmou em despacho. No Metrô, o aumento afetaria 23,86% dos usuários e na CPTM, 19,68%.

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