Lava Jato semeia escândalo sobre cargo no governo Dilma, sem mostrar provas

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por Cíntia Alves - no GGN - 09/01/2017

 Ao Estadão, a Lava Jato vazou uma nova mensagem eletrônica assinada por Marcelo Odebrecht, agora na tentativa de produzir um escândalo no sentido de que o empreiteiro tinha poder de influência junto ao ex-ministro Antonio Palocci a ponto de "pedir cargo" no governo Dilma Rousseff. A operação, porém, não mostrou provas de que o cargo realmente foi solicitado a Palocci.
Na reportagem "Odebrecht pediu cargo na gestão Dilma a Palocci", publicada nesta segunda (9), o Estadão mostra trechos do e-mail que Odebrecht enviou apenas a diretores da empresa que virou alvo preferencial da Lava Jato nos últimos meses, e acabou ofertando 77 acordos de delação premiada que já estão em análise no Supremo Tribunal Federal.

O único trecho do e-mail divulgado pelo Estadão fala sobre a possibilidade de alojar dentro da máquina pública, durante o primeiro mandato de Dilma, o então secretário executivo da Controladoria Geral da União, Luiz Navarro. Odebrecht não cita um destino específico para Navarro, apenas faz referência ao trabalho dele, "reconhecido" dentro e fora da CGU. O jornal também não diz, mas Navarro era funcionário de carreira da CGU.
“Chefe, (...) não sei se você conhece Luiz Navarro, secretário executivo da Controladoria-Geral da União. A pessoa dele comandou de forma efetiva a CGU, e penso que isso é reconhecido dentro e fora do órgão. Acho que vale a pena você recebê-lo para avaliar como ele poderia se ajustar em espaços do novo governo”, diz a mensagem.
O Estadão só informa nos últimos parágrafos que Navarro não ascendeu a pedido de Odebrecht. Ele foi mantido no mesmo posto que ocupava desde 2006, durante todo o primeiro mandato de Dilma. Em 2015, passou a integrar o Conselho Administrativo da Petrobras, mas licenciou-se em 2016, para ser ministro-chefe da CGU por menos de três meses, até a queda de Dilma.
Hoje, Navarro é conselheiro da Comissão de Ética da Presidência da República, posto em que ele ficará até 2019, sem remuneração.
O ELO COM PALOCCI
O e-mail entregue ao Estadão foi usado para pedir a prisão preventiva de Palocci na Lava Jato. Porém, não há evidências publicadas pelo jornal de que a Odebrecht, de fato, entrou em contato com o ex-ministro sobre o assunto.
Segundo o Estadão, o "e-mail foi encaminhado por Odebrecht a diretores da empresa no dia 20 de dezembro de 2010", e "dentre os destinatários do e-mail está o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, um dos ex-executivos da empresa que fizeram delação premiada na Lava Jato. Em depoimentos, Melo Filho citou repasses para diversos políticos de vários partidos."
Palocci está preso desde julho passado.

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