Globo usa série sobre idosos para fazer propaganda da reforma que tira direitos dos idosos

VIOMUNDO - 10 de janeiro de 2017

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Globo utiliza série sobre idosos para fazer propaganda pela reforma da previdência
O monopólio Globo tem um histórico invejável de ataques aos direitos dos trabalhadores, desde as capas de jornais contra o 13º salário até as campanhas atuais pela PEC 55, reforma trabalhista e da previdência, passando pela propaganda de golpes de estado e perseguição a políticos de esquerda.
Essa manipulação e distorção dos fatos para enganar a população muitas vezes é feita de forma escancarada, e em outras é encoberta.

Esse é o caso da propaganda a favor da reforma da previdência, que o governo golpista busca implementar para fazer com que os trabalhadores só se aposentem até pouco antes de morrer.
Jornal Nacional desta semana está com uma série de reportagens especiais sobre os idosos, como podem cuidar da saúde na velhice e viver melhor.
Curiosamente, segundo a reportagem desta quarta-feira (4), uma das maneiras de viver melhor para os idosos é trabalhando para um patrão até o fim da vida, e não utilizando seus últimos anos de vida para o lazer.
Os entrevistados da reportagem são idosos que gostam de trabalhar.
Um especialista afirma que um dos motivos de pessoas com idade para se aposentar continuarem trabalhando é a baixa renda dos trabalhadores.
O dinheiro da aposentadoria também é muito pouco.
A solução, para a Globo, é muito simples: que continuem a trabalhar, ora!
Aumentar o salário e a aposentadoria, isso nem passa pela cabeça dos patrões, obviamente.
Mas o pior vem a seguir: “É pouco dinheiro para quem recebe, mas é muito para quem paga”, diz o repórter, com ênfase no muito.
Exatamente a mesma lábia dos patrões, não?
E o argumento é aquele mesmo do governo golpista: a expectativa de vida está aumentando, a cada ano mais gente recebe aposentadoria mas menos gente contribui etc, etc, etc.
Aí vem um economista burguês dizer que a reforma da previdência é urgente!
Hélio Zylberstajn, professor da USP, é o entrevistado. Ele já deu declarações em outras reportagens da Globo a favor da reforma previdenciária, é aquele típico entrevistado de fachada que serve só para os jornais dizerem que são imparciais e estão apenas consultando a opinião de um especialista.
Tem mais. Outro “especialista” vem com um discurso ridículo, pra avacalhar de vez: desesperados para manipular a opinião da audiência, o argumento é o de que os idosos têm que trabalhar mais tempo porque sua simples presença deixa mais agradável o ambiente de trabalho e assim ele funciona melhor!
O trabalhador idoso, segundo a esdrúxula explanação do “especialista”, tem mais jogo de cintura pra conversar com seus colegas e com o chefe.
Ainda segundo a reportagem/propaganda, uma aposentadoria “precoce” (que foi um direito conquistado por anos de luta dos trabalhadores) acaba desperdiçando a experiência que o aposentado adquiriu ao longo da vida.
Então se for assim, para que a experiência do trabalhador não seja desperdiçada, ele deveria trabalhar até o último suspiro, porque quanto mais velho maior sua experiência.
O ato final da comédia midiática do Jornal Nacional é citar o exemplo do Japão: idosos com mais de 70 anos se “divertem” trabalhando.
O governo incentiva os idosos a trabalharem (ou obriga, como os golpistas daqui querem fazer?).
O Japão, que tem um dos sistemas de trabalho mais brutais e exploratórios do mundo, onde o trabalho é tão opressor que as pessoas enloquecem ou se suicidam para se livrar do excesso de exploração.
Segundo o governo japonês, mais de 2 mil trabalhadores se suicidam todos os anos por estresse relacionado ao excesso de trabalho (BBC, 29/12/16).
Isso sem contar as mortes por problemas de saúde resultantes do trabalho excessivo. “Karoshi” é o termo utilizado para designar esse tipo de suicídio, de tão comum que se tornou a prática.
A Globo, comandada pela família mais rica da história recente do Brasil, sonegadora de impostos e benefeciária de grande fatia de dinheiro público por investimento do governo, utiliza mais uma vez seu monopólio para fazer campanha de ataques aos direitos da classe operária, como é o direito à aposentadoria.
Seguindo os interesses da sua própria classe burguesa, ela quer que o trabalhador produza a riqueza para encher os bolsos do patrão até que morra por morte natural aos 80 anos, ou então até que morra enquanto trabalha em condições miseráveis aos 75, sendo superexplorado e dando lucros para o patrão e sem receber qualquer migalha de aposentadoria.

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