Em última conversa, Fachin e Teori discutiram ‘afazeres de alta voltagem’

STF
No velório de Teori Zavascki em Porto Alegre, ministros do Supremo evitam falar de nomes para sua substituição ou sobre os trâmites para a escolha do relator para a operação Lava Jato
por Fernanda Canofre, para o Sul 21 publicado 21/01/2017 
FERNANDA CANOFRE/SUL21
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Ministro Edson Fachin após passar pelo velório do colega Teori, morto na quinta-feira (19)
Sul 21 – Vários colegas de Supremo Tribunal Federal (STF) do ministro Teori Zavascki passaram pelo velório, realizado neste sábado (21) no Tribunal Regional Federal da 4ª região, em Porto Alegre, para uma última homenagem ao colega. A presidente da corte, Cármen Lúcia, e ministros como Gilmar Mendes e José Antonio Dias Toffoli, foram ao local dar um abraço na família de Teori. Outros dois colegas, Ricardo Lewandowski e Edson Fachin falaram rapidamente com a imprensa.
Os dois ministros evitaram falar sobre nomeações para preencher a vaga deixada por Teori ou sobre os trâmites para escolha do novo relator que ficará responsável pelos processos ligados à Operação Lava Jato. Fachin disse que o momento é de “olhar e coração voltados ao presente” e que o Tribunal se ocupará das circunstâncias da vacância o “mais breve possível". Lewandowski se limitou a dizer que a decisão ficará a cargo do colegiado.
O ministro Fachin, último a chegar, disse que estava em uma jornada de estudos em Frankfurt, na Alemanha, quando recebeu a notícia da morte de Teori. Ele pegou avião ontem à noite (20) e seguiu direto para Porto Alegre. Fachin disse que ele e Teori sempre tiveram um “relacionamento estreito” e que considerava Teori seu “irmão de bancada”. Emocionado, Fachin contou que as cadeiras dos dois sempre estiveram lado a lado no STF.
O ministro também lembrou da última conversa que os dois tiveram, no último dia de trabalho antes do recesso no STF. “Quando nos despedimos no Tribunal e falamos um pouco sobre o sentido da nossa vida, dos afazeres que como todos os senhores têm acompanhado, como grande parte da população brasileira tem acompanhado, tem sido afazeres de uma ‘alta voltagem’, para usar uma expressão que já foi cunhada. Então nós dizíamos a importância de manter a serenidade e eu fiz uma brincadeira com Teori dizendo: no seu caso, é um pleonasmo, serenidade combina com seu nome”, contou Fachin.
Fachin não quis comentar se Teori já havia relatado aos colegas se estava sofrendo ameaças pela Lava Jato. “Nos despedimos, desejamos um ao outro um bom ano de 2017 e infelizmente este ano não contará com a presença física dele”, se limitou a dizer.
Ricardo Lewandowski também evitou responder as perguntas da imprensa, declarando apenas que a perda de Teori era “perda de um dos maiores quadros da magistratura e de um colega leal”: “Será muito difícil repor essa perda, mas tenho certeza que de onde estiver, o nosso ministro Teori Zavascki, com seu espírito generoso, irá de alguma forma orientar a sua substituição”.

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