PML: Quem é contra eleição é trouxa ou canalha
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O derretimento de Michel Temer em praça pública, em função das delações da Odebrecht, tem dois efeitos cruciais para a conjuntura política e o futuro dos brasileiros.
O primeiro é acelerar de forma dramática o debate sobre a substituição de Temer. O segundo é atualizar o debate sobre a realização de eleições diretas para presidente. Com o governo Temer cada vez mais perto do fim, tudo fica claro. Quem ainda é contra diretas é trouxa ou é canalha.
Os grandes fatos do momento devem ser lidos, explicados e reinterpretados a partir do desmoronamento de Temer. Falando claramente: o funeral de Temer obriga a debater as condições para a realização de novas eleições ou apoiar um golpe dentro do golpe.
Este é o jogo real a partir das afirmações de Claudio Melo Filho, o prato de resistência das denuncias deste fim de semana. Enquanto a maioria da população procura entender as migalhas de informação que caem das páginas que a mídia grande apresenta, sem oferecer uma pálida ideia do que se passa na vida real, os donos do poder e do dinheiro estão em outro nível discussão. Querem resolver num jantar de família quem vai para o lugar de Temer e assegurar a continuidade do projeto de devolver o Brasil e o mercado brasileiro ao circuito da globalização acelerada do capitalismo, sem resistências de nenhum tipo, ora reais, ora simbólicas, como em ocorreu no período Lula-Dilma.
É assim que, por trás das cortinas, desfilam candidaturas, são feitas especulações, testes e conchavos. O motivo está claro. Na nave de náufragos das delações, a fila dos que serão conduzidos ao pontilhão de mãos amarradas para serem jogados ao mar não para de crescer.
Da mesma forma que ocorrem movimentos subterrâneos para lançar candidaturas convenientes -- até Carmen Lucia já foi mencionada, para se ter uma ideia da falta de limites e pudores -- no mesmo ambiente se realizam operações para alvejar aquelas que não são desejados.
Isso explica a pressa sem limites de velocidade para encontrar um pretexto para incriminar Lula e impedir que possa manter uma possível candidatura presidencial.
Mais do que nunca, este é o grande pesadelo daqueles senhores da política que construíram parlamentar que afastou Dilma. Tanto barulho por nada?
Mas é estratégico. Na medida em que Temer se aproxima do pontilhão dos náufragos, é preciso impedir -- de qualquer maneira que Lula possa permanecer no jogo. E atenção.
A insistência de envolver Lula em denúncias que não se comprovam, mas são reproduzidas e multiplicadas à exaustão, não passa de um exercício conhecido, de uma mentira reproduzida 1 000 vezes para que se transforme em verdade. A tentativa de massacre moral de Lula é uma forma de golpe preventivo, um cálculo maligno. Não se trata de jogo midiático, apenas. É muito mais grave e sério.
Caso seja necessário retirá-lo à força da cena política, até um gesto arbitrário -- uma condenação sem provas -- pode ser ensaiado, sob a condição de que não haja resistência popular. O plano não é apresentar provas, que permanecem invisíveis após uma devassa que já dura anos, mas formar convicções na população. É assim que se quer minar a confiança que tantos brasileiros depositam em Lula, apesar de um massacre de mais de uma década. Para isso, é indispensável a cobertura e apoio da mídia amiga, em particular comentaristas de sorriso malicioso ("para entendidos") que enfrentam os tele jornais noturnos.
Exatamente porque se trata de uma operação sórdida, o ambiente é de grande segredo. É preciso não chamar a atenção e evitar a entrada em cena de 100 milhões de eleitores, considerados indesejáveis, expressão daquilo que artigo 1 da Constituição define como soberania popular, fundamento de nossa República.
Pois é. Numa conjuntura como esta, mais do que nunca se confirma a constatação essencial de que não há salvação fora da democracia. Eleição é o caminho a ser perseguido, por todos os meios, pela capacidade de cada um. As outras possibilidades são: ou trouxa, ou canalha. Chegou a hora de cada um escolher seu papel.
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