Kiko Nogueira: Na bíblia fascista de Malafaia e seus sócios, condução coercitiva só vale para “esquerdopatas”.
Postado em 16 Dec 2016
O lúcido Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça, condenou a condução coercitiva de Malafaia.
Para quem defende o estado democrático de direito, diz Aragão, “não pode haver dois pesos e duas medidas: um abuso contra Silas Malafaia vale tanto quanto um abuso contra Lula”.
“Ambos, independentemente de suas orientações políticas, têm o mesmo direito à dignidade, de não serem expostos como troféus pela meganhagem persecutória e de expressarem com veemência seu protesto”.
O pastor é um dos alvos da Operação Timóteo da PF, que investiga um esquema de cobranças irregulares de royalties da exploração mineral.
Teria usado contas correntes para lavar dinheiro. Um cheque de 100 mil reais foi depositado por um colega de profissão chamado Michael Abud.
Malafaia tentou se explicar. Tratar-se-ia de uma oferta por ter orado por um empresário em 2013.
Na saída da delegacia, se vitimizou. “Sabe o porquê disso? Porque, há dez dias atrás, eu falei que sou a favor de uma justiça independente, forte, mas não absoluta. Retaliação, é isso? Querem aparecer em cima de mim?”, gritou.
E então Malafaia foi mais Malafaia do que nunca.
“Acho engraçado os esquerdopatas. Quando o Lula foi levado coercitivamente, eu botei no Twitter. Tem que levar. Agora, são quantas denúncias contra o Lula? Essa cambada de corrupto e de PT quer me comparar com isso? É uma afronta. Quem está me denunciando? Quem é que foi preso e disse que eu recebia dinheiro? Querem comparar?”, indignou-se, sempre apoplético.
Malafaia poderia sair do episódio com uma reflexão como a de Aragão sobre os excessos policialescos do Brasil. Prefere, no entanto, a ignorância e, como de hábito, a insuflação do ódio.
Aragão não está sozinho. Outros juristas progressistas estão quase se desculpando pelo que ocorreu ao empresário dono da igreja Vitória em Cristo.
E aí se incorre num equívoco que lembra o republicanismo torto do PT, que esconde uma espécie de superioridade inconsequente, esperando uma reciprocidade que nunca aparece.
Para além da explicação rocambólica que deu, absolutamente difícil de engolir, Malafaia é um monstro normal. Isso jamais deve ser perdido de vista.
É um dos responsáveis pelo ambiente fascista que tomou conta das redes e da vida nacional. Ataca sistematicamente gays, LGBTs, feministas, “abortistas”, comunistas e outros espantalhos.
Prega na televisão há mais de 30 anos. Segundo o colunista Ricardo Feltrin, recentemente admitiu que, por causa da crise, estava faltando dinheiro para pagar aluguéis, “fornecedores” (de quê?) e o horário de seu programa na RedeTV.
Anda implorando por doações para manter sua “obra”, que se baseia, na superfície, na exploração da fé dos humildes.
Berrando contra a corrupção, casou com a escória que tomou o poder. “Estivemos na posse do novo presidente e fizemos uma oração para Deus abençoar o Brasil e seu governo”, tuitou ele. Ninguém se alia a essa escumalha de graça. São feitos do mesmo material.
Que se avie com a Receita e com a Justiça porque Deus já o abandonou faz muito tempo.
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