O vídeo de Garotinho na ambulância e a vingança da Globo. Por Kiko Nogueira

Postado em 18 Nov 2016
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Nada explica a insistência e a frequência com que a Globo tem divulgado o vídeo em que Garotinho aparece numa ambulância, se recusando a deixar um quarto no hospital Souza Aguiar, no Rio.
A não ser a vingança mais sórdida e a pura e simples falta de humanidade.
As imagens são tristes e você precisa ser um demente para se comprazer com elas. Ele pede para os agentes da Polícia Federal o largarem. A filha grita, chorando, implora para os agentes não levarem o pai.
Qual é a possível relevância jornalística disso para que se dê tamanho destaque? Como é que jornalistas podem achar que estão prestando algum serviço?
A GloboNews transmite esse show de horror a cada 15 minutos. Num programa, chamaram o ex-governador de “mitômano”, “desonesto” e “chiliquento”.

Escreva “Garotinho” no Google e todos os primeiros resultados da busca dão na Globo e no vídeo.
E se fossem, digamos, parentes dos donos da emissora? E se fosse um dos irmãos Marinho?
Não estou, obviamente, defendendo os malfeitos de Garotinho. Se cometeu crimes, que pague.
Joaquim de Carvalho já falou, aqui no DCM, sobre a acusação de crime eleitoral ser suspeita.
João Doria, lembra Joaquim, foi acusado por correligionários de comprar voto para garantir sua indicação para ser candidato e nada aconteceu. Nem julgamento houve.
Garotinho não está condenado juridicamente a nada. Ainda que estivesse — vale o linchamento virtual? Ele merece? Para que serve o Estado de Direito?
É vendetta por que Garotinho falou do caso de sonegação ao vivo no RJ TV?
Se a maior televisão brasileira faz isso, como se surpreender quando mentecaptos invadem a Câmara pedido intervenção militar?
Em sua coluna na CBN, Miriam Leitão, indignada, protestava contra os “intervencionistas”. Conseguiu não mencionar, em nenhum momento de sua diatribe, que eles gritavam o nome de Moro.
Eis um dado, este sim fundamental, devidamente sonegado.
Eles são todos da mesma turma e as cenas que vemos é resultado de um país golpeado e profundamente doente e em estado de histeria coletiva.
O Brasil, como me disse um amigo, é uma concessão da Globo.

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Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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