O discurso de Carmen Lucia e a privatização dos presídios



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(Foto:Cármen Lucia discursa no 4º Encontro do Pacto Integrador de Segurança Pública Interestadual)
O blog do Josias publicou hoje trecho de fala de Carmen Lucia em encontro sobre segurança pública. A metralhadora de clichês de Carmen é um perigo!
A presidenta do STF está sempre repetindo lugares comuns vazios. Ou seja, ao invés de ajudar a combater os preconceitos do que Hannah Arendt chamava de "mob", a saber, dos setores incultos da população (e nestes setores, inclua-se sobretudo a classe média brasileira, que é assustadoramente ignorante), Lucia os reforça, apenas para aparecer bem juntos aos holofotes da pior mídia do planeta.
Um amigo, um dos maiores especialistas em direito penal no Brasil, e que estudou a fundo o que aconteceu nos Estados Unidos, onde se determinou o "encarceramento" em massa da pobreza, mandou-me um recado sobre ele:

Esse discurso da Cármen Lúcia sobre custo dos presos que saiu no Josias de Souza prepara terreno para privatização dos presídios e encarceramento em massa. Se tiver tempo, baixa aí o livro punir os pobres, do Loic Wacquant, e lê o primeiro capítulo. A PEC 241 dos EUA veio em 1996 com Clinton. Destruição da previdência, da saúde e da educação aumentou a miséria e deu desculpa para Estado Penal.
Eu acrescentaria que golpes de Estado, extermínio de jovens por parte da polícia, encarceramento sem sentença, arbítrio judicial, mídia fascista, suspensão de políticas sociais, ausência de políticas para fomento do emprego, castas jurídicas que desprezam a economia real e fecham empresas, provocando desemprego, tudo isso ajuda a elevar os índices de violência, em qualquer país!
Seria tão bom se Carmen Lúcia entendesse questões de segurança pública pela ótica de uma representante do judiciário, e não através das lentes sujas de sangue do aparelho repressor!
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Preso custa mais que estudante, lamenta Cármen Lúcia, presidente do Supremo9
Josias de Souza 10/11/2016 19:32
A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, participou nesta quinta-feita de um encontro sobre segurança pública, em Goiânia. Ao discursar, lamentou que o Estado no Brasil gaste 13 vezes mais com os presos do que com os estudantes. Evocando o antropólogo Darcy Ribero, ela declarou que falta dinheiro para construir presídios hoje porque, no passado, negligenciou-se o investimento em educação.
“Um preso no Brasil custa R$ 2,4 mil por mês e um estudante do ensino médio custa R$ 2,2 mil por ano. Alguma coisa está errada na nossa pátria amada”, disse Cármen Lúcia. “Darcy Ribeiro fez, em 1982, uma conferência dizendo que, se os governadores não construíssem escolas, em 20 anos faltaria dinheiro para construir presídios. O fato se cumpriu. Estamos aqui reunidos diante de uma situação urgente, de um descaso feito lá atrás.”
Entre as pessoas que ouviram a presidente do Supremo estava o ministro Alexandre Moraes (Justiça). Ele apresentou no encontro um Plano Nacional de Segurança Pública. Para Cármen Lúcia, as mudanças devem ser estruturais e o esforço precisa envolver Estados, municípios e União.
“São necessárias mudanças estruturais. É necessária a união dos poderes executivos nacionais, dos poderes dos estados, e até mesmo dos municípios, para que possamos dar corpo a uma das maiores necessidades do cidadão, que é ter o direito de viver sem medo. Sem medo do outro, sem medo de andar na rua, sem medo de saber o que vai acontecer com seu filho.''
Na opinião da ministra, o país se encontra em estado de guerra. “A cada nove minutos, uma pessoa é morta violentamente no Brasil. Nosso país registrou mais mortes em cinco anos do que a guerra da Síria. Estamos, conforme já disse o Supremo Tribunal Federal, em estado de coisas inconstitucionais. Eu falo que estamos em estado de guerra. Temos uma Constituição em vigor, instituição em funcionamento e cidadão reivindicando direitos. Precisamos superar vaidades de detentores de competências e, juntos, fazer alguma coisa.”

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