Francisco Luís: O tsunami Odebrecht conseguirá deter o pacote de barbáries da aliança Temer-PMDB-PSDB contra os brasileiros?

Tsunami odebrech
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por Francisco Luís, especial para o Viomundo
Em 25 de março — três dias após a Odebrecht divulgar que estava tratando de um acordo de leniência com a Controladoria Geral da União (CGU) –, nós dissemos em artigo aqui no Viomundo:
“A ação da Odebrecht matou os discursos de ética da direita e denunciou a sua hipocrisia, promovendo o verdadeiro abraço dos enlameados.
Também aloprou os golpistas, que querem acelerar o impeachment para que nada seja apurado”.
Em 5 de junho, voltamos ao tema, dizendo que a máscara do PMDB e PSDB iria cair e o sistema político ruir:

O Brasil vive uma crise das instituições, que vai se aprofundar com o acordo de leniência da Odebrecht.
Brasília está em polvorosa. Há indicações de que um número surpreendente de deputados, senadores e governadores será citado.
A hipocrisia está com os dias contados .Vamos assistir o circo pegar fogo.
Eis que, na sexta-feira (28/10), a Folha de S. Paulo trouxe na capa o repasse da Odebrecht ao tucano José Serra na campanha presidencial de 2010.
Em delação, a Odebrecht disse que pagou a Serra, atualmente ministro das Relações Exteriores do governo Temer, R$ 23 milhões por meio de seu caixa 2 e em conta na Suíça; em valores atualizados, R$ 34,8 milhões.
Ironicamente, o mesmo PSDB, que queria cassar o registro do PT por usar recursos de conta no exterior (caixa 2) em campanha eleitoral, pode ser vítima de suas palavras.
Há um bom tempo já sabemos que os golpistas que assaltaram o poder desejavam paralisar a Lava Jato, especialmente inviabilizar os acordos de leniência da Odebrecht e OAS.
Mas como o “diabo já saiu da garrafa”, não dá mais para interromper as suas diabruras.
Assistiremos em breve a um tsunami contra os golpistas do PMDB e do PSDB e a morte do sistema político atual.
O governo Temer agiu em várias frentes para enfraquecer o PT, ao máximo.
Por exemplo, para diminuir os efeitos negativos dos seus ataques aos direitos dos brasileiros e não prejudicar eleitoralmente PMDB e PSDB, o governo deixou para enviar só agora ao Congresso Nacional da reforma da previdência, que é a mãe de todas as maldades.
Ao mesmo tempo, reforçou a campanha contra o Partido dos Trabalhadores.
Assistimos à intensificação dos ataques a Lula e aos militantes petistas na mídia.
Nisso, de forma sincronizada, a Lava Jato deu a sua contribuição.
Há poucos dias do primeiro turno da eleição municipal prendeu de forma espetaculosa os ex-ministros Guido Mantega (este, enquanto aguardava no centro cirúrgico a esposa com câncer ser operada) e Antônio Paolocci.
Foi a operação boca de urna, que teve grande efeito. Afinal, é sabido que mais de um terço do eleitorado decide o seu voto na véspera ou no dia da eleição, mesmo.
Resultado: conseguiram enfraquecer o PT para 2018.
Só que, agora, tucanos e peemedebistas poderão assistir ao tsunami contra eles.
Se a Lava Jato investigá-los como se deve, as ondas serão gigantescas, especialmente para o PSDB paulista.
A menos que vingue a manobra a galope para anistiar o caixa 2, como revelou o jornalista Bernardo Mello Franco, no domingo (30/10), na Folha de São Paulo (na íntegra, ao final).
Enquanto a torcida se distrai com as eleições municipais, os deputados articulam uma nova jogada na Câmara. O plano é driblar o Ministério Público e aprovar uma anistia geral ao caixa dois. Se der certo, será um gol de placa do sistema político ameaçado pela Lava Jato.
Ainda devemos considerar que ninguém tem dimensão dos efeitos políticos das revelações da Odebrecht nas votações da PEC 241 e da reforma da previdência, além de outras maldades. O governo e os banqueiros temem que tais efeitos paralisem o Congresso Nacional.
Em tempo. Nestes tempos difíceis, o que me tem dado alento e esperança é a luta dos estudantes secundaristas contra a PEC 241 (agora no Senado recebeu o número 55),a reforma do ensino médio e projeto da Escola Sem Partido.
Particularmente, me sinto gratificado por ter contribuído para demonstrar que a PEC 241 é o paraíso dos rentistas e o inferno dos brasileiros na Terra ().
Aliás, um dos primeiros textos contra essa monstruosidade foi publicado aqui mesmo no Viomundo.
Claro que não se luta sozinho.
Por isso, meus parabéns aos estudantes, professores, médicos (sim, há muitos que não pensam como as entidades médicas), economistas, entre tantos trabalhadores, que não aceitam a barbárie social que os golpistas liderados pela aliança PMDB-PSDB querem implantar no Brasil.
Aos que lutam contra os ataques do governo Temer aos direitos sociais e trabalhistas do povo brasileiro, devemos acreditar sempre que tudo pode ocorrer.
A direita está cavando a sua própria cova e preparando uma geração muito mais radical que, no futuro, estará no poder.
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Anistia vem a galope
BRASÍLIA – Enquanto a torcida se distrai com as eleições municipais, os deputados articulam uma nova jogada na Câmara. O plano é driblar o Ministério Público e aprovar uma anistia geral ao caixa dois. Se der certo, será um gol de placa do sistema político ameaçado pela Lava Jato.
A ideia é ousada: usar um pacote moralizador para legalizar o financiamento ilegal de campanhas. Os parlamentares prometem aprovar a criminalização do caixa dois, uma das chamadas dez medidas contra a corrupção. Parece boa notícia, mas há um detalhe. Ao proibir o trambique no futuro, a Câmara quer perdoar quem o praticou no passado.
O lance já foi ensaiado em setembro. A bola não entrou graças a deputados da Rede e do PSOL, que se insurgiram contra o acordo fechado pelos grandes partidos.
Agora a anistia ameaça voltar a galope. O motivo da pressa é a delação da Odebrecht, que deve entregar mais de 200 políticos de todas as siglas.
O novo acordão para “estancar a sangria” tem o aval do governo Temer e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Na quarta (26), ele repetiu uma tese dos réus do mensalão: caixa dois e corrupção seriam “coisas distintas”, sem ligação entre si.
Em entrevista a Mario Sergio Conti, na Globo News, o deputado indicou que apoia o perdão ao financiamento irregular das eleições passadas. “Nós temos que dar um corte e dizer que daqui para a frente está criminalizado”, disse, apesar de a lei já prever punições ao caixa dois.
Questionado se estava defendendo uma anistia a criminosos, Maia abriu o jogo: “Alguma solução vai ter que ser dada. Eu acho que anistia é uma palavra forte”. De falta de transparência, não poderemos acusá-lo.

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