Em desabafo apaixonado, geólogo que ajudou a descobrir o pré-sal diz que país está sendo transformado ‘num puteiro’, como a China do século 19: “Estamos perdendo o Brasil”

VIOMUNDO - 24/11/2014
O Sinaval anunciou nesta quarta-feira (23/11) que irá ingressar com uma ação judicial contra a ANP (Agência Nacional do Petroleo) para impedir que a agência conceda waiver de conteúdo local para os FPSOs [Unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência] de Libra e Sépia, da Petrobras. O sindicato alega que não foi feita uma consulta ao mercado brasileiro que pudesse justificar o pedido de isenção. “A ANP não pode conceder a dispensa de conteúdo local sem que as etapas previstas sejam cumpridas. Falta uma consulta real aos fornecedores locais.
A Petrobras argumenta que as plataformas de produção ficam 40% mais caras com conteúdo local, mas não apresentam as informações que comprovem esse argumento”, declarou o presidente do sindicato, Ariovaldo Rocha. […] A maior diferença estaria no casco do FPSO: enquanto no contrato original exigem-se índices [de conteúdo local] entre 75% e 90% para sua construção, no contrato da nova licitação a exigência teria caído para 0%. […] Outros subitens que apresentam grande variação são os de engenharia de instalação e de planta, que teriam passado de 90% para 26,4% e de 90% para 27,2%, respectivamente; e de comissionamento de planta, caindo de 90% para 0%. Já para ancoragem o percentual mínimo é o mesmo: 85%. […] O sindicato considera falsa a premissa de que o próximo leilão só terá sucesso com a flexibilização das regras de conteúdo local. “O sucesso depende muito mais do cenário internacional e das áreas ofertadas”, argumenta a entidade. “Ele (Pedro Parente, presidente da Petrobras) está convidado a conhecer os estaleiros brasileiros”, disse Rocha a jornalistas. Do site do Sindicato da Indústria Naval
Da Redação
O geólogo Guilherme Estrella, ex-diretor da Petrobras, fez um desabafo apaixonado durante o seminário sobre o petróleo e o pré-sal promovido pelo Clube de Engenharia, no Rio.
Inicialmente, ele lembrou que o Brasil tem as duas maiores províncias minerais do mundo, em Carajás e Minas Gerais. Produz na Amazônia 20% do oxigênio do planeta. Tem o maior aquífero do mundo. Tem o equivalente a 50% do seu território submerso na Amazônia Azul. Para completar, descobriu o pré-sal com a inteligência brasileira — uma reserva repleta de gás, que permite a produção de fertilizantes.
Isso contrasta com o fato de que o brasileiro ainda consome menos energia per capita que o português. Reflexo de uma profunda desigualdade social.
Para Estrella, o Brasil agora é vítima do “grande poder internacional”. Ele localiza o início do mergulho na escolha de Joaquim Levy para ser ministro da Fazenda, pela presidenta Dilma Rousseff.
O golpe foi o “mergulho no poço”.
O ex-diretor da Petrobras acredita que o Brasil está sendo transformado num “puteiro” do capitalismo financeiro internacional, perdendo a soberania da mesma forma que a China perdeu no século 19 — ah, mas então foi por conta das guerras do ópio.
E no caso do Brasil? É entreguismo puro ou combinado com ação externa?
Estrella vê uma “guerra autofágica” entre forças políticas que agora deveriam se unir.
“Estamos perdendo o Brasil!”, ele denuncia, de maneira enfática, apaixonada e emocionada.
Estrella propõe uma grande frente que divida as forças políticas entre defensores da dependência ou da soberania nacional.
Vale a pena ver a íntegra.
Leia também:

Comentários